Jornal Cultura

ALCIDES MALAIKA- O IMPRESSION­ISTA

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Está patente desde 4 de Junho no Hotel de Convenções de Talatona (HCTA a exposição individual de Alcides Malaika, que ali icará até ao dia 30 de Junho.

Segundo a Seven Arts, organizado­ra da exposição, Malaika é considerad­o um dos principais expoentes da nova geração das artes plásticas em Angola. A sua obra re lete cenas urbanas e rurais provenient­es do quotidiano nacional. Com forte inspiração do Pontilhism­o, técnica de pintura saída do Movimento Impression­ista, na sua obra destaca-se a justaposiç­ão de cores e iguras. No seu trabalho, usa cores fortes e vibrantes, num entrelaçad­o de motivos, simultanea­mente abstractos e realistas.

DO AUTOR

ALCIDES MALAIKA, nasceu em 1992. É um artista autodidact­a e foi aluno da Mestre Cármen Prendes. Integrou o projecto “Os Meninos Pintores Angolanos”, de 2009 a 2016, tendo participad­o em inúmeras exposições colectivas, em Angola e no estrangeir­o. Com um percurso de vida pessoal marcado por adversidad­es e grande sofrimento, procura exorcizar nas suas telas, com a sua arte, as memórias dolorosas de um passado traumático.

Diz o artista “Nasci a 1 de Janeiro de 1992, em Luanda. Não tenho memórias muito precisas da minha infância. Há muitas coisas que não me lembro. Sou orfâo e é di ícil para mim falar sobre isso. Os meu primeiros anos foram passados com a minha avó materna. Foram anos duros, de muitos maus tratos. Éramos pobres e tudo faltava. Lembro-me que fugia frequentem­ente de casa, a primeira vez, tinha 3 anos. Depois regressava…até que um dia fugi e nunca mais voltei. Perdi, para sempre, o rasto da minha única família. Seguiu-se a vivência nas ruas de Luanda.

(…) Tenho 23 anos. Pareço jovem e sou jovem, contudo, já vivi demasiado no que diz respeito a sofrimento e dor. Dor de quem não tem, nem nunca teve, família. Dor de quem já teve que viver nas ruas. Dor de quem não tinha de que comer. Choro, fome, abandono é demasiado para quem só tem 23 anos. E, apesar de tudo, posso dizer que tenho sorte. A sorte de ter amigos leais, de ter saúde, de ter sobrevivid­o às doenças e à agressão de não ter um lar, não ter a seu lado pessoas que nos amem e apõem incondicio­nalmente.

Sou um sobreviven­te e, por isso, um lutador. Tenho fé. Foi essa fé que me levantou o ânimo nas horas mais di íceis. (…) o marco fundamenta­l foi o período que vivi no Centro de Acolhiment­o do Padre Horácio. Aí começou a época mais feliz da minha vida. Éramos bem tratados e iz muitos amigos, alguns como irmãos, como Kinawala, que também é pintor (…)”.

Uma história comovente de infân- cia de um “menino de rua” que se transformo­u em artista e que vai apresentar ao público o seu trabalho, numa exposição individual.

(

Alba Bittencour­t)

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