Jornal Cultura

Canção de Sabalu

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Nosso ilho caçula/ Mandaram-no p'ra S.Tomé/ Não tinha documentos/ Aiué!// Nosso ilho chorou/ Mamã enlouquece­u/ Aiué!/ Mandaram-no p'ra S.Tomé// Nosso ilho já partiu/ Partiu no porão deles/ Aiué!/ Mandaram-no p'ra S.Tomé// Cortaram-lhe os cabelos// Não puderam amarrá-lo/ Aiué!/ Mandaram-no p'ra S.Tomé.// Nosso ilho está a pensar/ Na sua terra, na sua casa/ Mandam-no trabalhar/ Estão a mirá-lo, a mirá-lo/ - Mamã, ele há-de voltar/ Ah! A nossa sorte há-de virar/ Aiué!/ Mandaram-no p'ra S.Tomé// Nosso ilho não voltou/ A morte levou-o/ Aiué!/ Mandaram-no p'ra S.Tomé

MARIO PINTO DE ANDRADE nasceu no Golungo Alto a 21 de Agosto de 1928, e faleceu a 26 de Agosto de 1990, em Londres. Estudou Filologia Clássica na Faculdade de Letras de Lisboa. Foi um incansável lutador pela independên­cia de Angola, o que o levou a primeiro presidente do MPLA. Publicou Antologia da Poesia Negra de Expressão Portuguesa(1958), Amilcar Cabral: Essai de Biographie Politique (1980), As origens do Nacionalis­mo Africano (1997), entre outros. Foi ainda Ministro da Cultura na Guiné-Bissau.

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