Jornal Cultura

Editora Alende publica livros entre Angola e Portugal

- GASPAR MICOLO

Depois de fundar a editora Perfil Criativo, onde desde 2015 publica autores angolanos, Ricardo Rodrigues, que nasceu no Lobito, junta- se agora ao jurista, político e escritor Marcolino Moco para lançar um novo projecto em Angola, aAlende Edições. Com o seu trabalho de promoção e divulgação da literatura angolana em Portugal, o editor revelou ter notado que está quase tudo por fazer, pelo que vê a nova aposta como a oportunida­de única para avançar.

Para a concretiza­ção do projecto, estão em sintonia aMarmoco Criações, de Angola, e a Per il Criativo, de Portugal. Ricardo Rodrigues revela que Marcolino Moco teve que criar a Marmoco porque nenhuma editora, em Angola e em Portugal, estava disponível para publicar os seus livros, enquanto isso, Ricardo estava a publicar muitos autores de Angola pela Per il Criativo e queria dar continuida­de a este trabalho de uma forma mais e icaz. Com isto, pretende- se que as edições sejam duplas, ou seja, o livro é publicado em Angola pela Alende - Edições e em Portugal pela Per il Criativo, para que desta forma se chegue aos leitores dos dois países.

Depois do lançamento da editora na Liga Africana, no dia 13 de Maio, os últimos dias foram marcados por lançamento­s das obras já editadas, em poesia, romance, crónica, memória, história, livros técnicos e científico­s, para já exclusivam­ente de autores de Angola, dando um foco especial aos novos autores e escritores.

É assim que o antigo primeiro- ministro, Marcolino Moco apresentou a sua obra “Angola - Estado- nação ou estado- etnia política”, nas versões em português e inglês. O livro, com 232 páginas, é descrito pelo autor como uma “teoria para explicar a razão dos conflitos nos países africanos, com o exemplo de Angola”. Publicado em 2015, o livro só no ano passado teve sessão de apresentaç­ão em Portugal, circunstân­cia que o autor considera indissociá­vel da mudança de liderança política que se vive em Angola.

No dia 17,foi apresentad­o o livro ‘O Papel do Escritor na Sociedade Colonial Angolana’, de João Ngola Trindade, na Biblioteca Nacional de Angola, ocasião aproveitad­a pela editora Alende para oferecer a colecção à instituiçã­o que acolheu o lançamento. A apresentaç­ão coube aos escritores AKiz Neto e Jonuel Gonçalves.“Es

te livro dá- nos aqui uma abordagem de alguém que não viveu a situação colonial, mas que olha para ela com muito interesse, que aprofundou o olhar sobre ela”, disse Jonuel Gonçalves,que assina o prefácio da obra.

Entre os vários temas abordados, João Ngola Trindade problemati­za o engajament­o do escritor na luta de libertação nacional, que teve início na clandestin­idade. De igual modo, traz uma re lexão sobre a questão da identidade no período colonial, no qual o slogan "Vamos Descobrir Angola" trazia consigo o objectivo de resgatar a identidade cultural angolana.

Presente no lançamento, o poeta Lopito Feijóo lembrou à nova editora que "é preciso criar mecanismos permanente­s de criação e avaliação literária, antes da publicação". Ricardo Rodrigues reconhece a necessidad­e e deixa um conselhos aos que pretendem ver publicada uma obra."Antes de entrarem em contacto com a nossa editora, aconselhem- se junto dos maisvelhos, mais experiente­s na arte da língua e no domínio dos temas abordados, porque vamos ser cada vez mais exigentes nos textos que vamos aceitar publicar".

No âmbito da apresentaç­ão das obras da nova editora, o poeta Kalunga lançou a sua primeira obra literária intitulada "Evangelho Bantu", apresentad­a pelo escritor LopitoFeij­óo. Para Kalunga, o poemário agora publicado procura levar o leitor a reflectir sobre o amor, a política, as guerras e a vida em África e no mundo. “Evangelho Bantu é uma simbiose entre o filosófico, o telúrico, o engagé e o doutrinári­o. Junta a estética

à ideologia”, afirma. O historiado­r Bernardino Luacutelan­çou igualmente a sua obra editada pela Alende. Trata- se de “O lado Ovimbundu de Agostinho Neto”, apresentad­o na Casa de Cultura Ubuntu, que contou com a presença e contributo­s de Maria Eugénia Neto, João Ricardo, o editor da obra, Raimundo Salvador, um dos principais impulsiona­dores da pesquisa, Agnela Barros, responsáve­l do centro, amigos, familiares.

Com prefácio do historiado­r Patrício Batsikama, o trabalho serviu para mostrar que Maria da Silva Neto nasceu numa Ombala do Balombo, na povoação de Kambanjo. O autor justifica esta proposta com uma série de entrevista­s a familiares maternos de Agostinho Neto na cidade de Benguela e na localidade de Kambanjo, município do Balombo, onde teve contacto com as autoridade­s tradiciona­is e outras fontes. Maria Eugenia Neto ouviu atentament­e a proposta apresentad­a e mostrou- se surpreendi­da com esta revelação, o que não a impediu de incentivar o autor.

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Entrega de livros a Biblioteca nacional
 ??  ?? Lançamento do livro sobre Neto na Casa Ubuntu
Lançamento do livro sobre Neto na Casa Ubuntu
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Biblioteca
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 ??  ?? Jonuel Gonçalves apresenta os livros da Alende na Biblioteca Nacional
Jonuel Gonçalves apresenta os livros da Alende na Biblioteca Nacional
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