Jornal Cultura

Meu amor da rádio 11

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Desde que iquei kunanga, passei a gastar boa parte do meu tempo a ouvir rádio. E a que mais oiço é a Rádio Luanda. Tenho até na marquise uma aparelhage­m sintonizad­a permanente­mente nos 99.9, embora eu me passeie pelas mais variadas estações ao telefone, especialme­nte de manhã. Entre os jornalista­s ou apresentad­ores de todas elas, a Ana Moçambique é a que mais me buca: a voz dela e aquele seu jeito bonacheirã­o de estar me escangalha­m completame­nte.

No entanto, gosto mais dela a apresentar programas ou espaços soltos, como o "Conversas de Salão" e o "Compasso Luandense", do que a ler noticiário­s, ainda que ela queira apostar todas as ichas neste "número", como iquei a saber mais tarde dela própria. Aliás, acho mesmo que ela devia optar por uma das especialid­ades, para não ser acusada de "aparecedor­a", tal e qual se dizia do meu amigo António de Sousa, que gostava bué de se enfeitar a invadir a Rádio 5, quando o seu posto era no canal A.

Falando em desporto, aproveitei para felicitar o meu vizinho Shéu Cahalo, pela sua retumbante Vitória Presidenci­al nas eleições para a che ia do grupo desportivo da RNA, que tinham acabado de ser disputadas quando esgalhava esta crónica. No entanto, houve aí uma injustiça. Quem leva uma sova tão brutal, como a que o meu amigo Estanislau Garcia apanhara, merecia um bom castigo pela sua teimosia e não uma promoção. Como aconteceu, ao elevarem-no ao posto de vice-presidente, "que na qual" tivesse que ser acomodado politicame­nte, no quadro de um governo de unidade e reconcilia­ção nacional. Ou seja, nem para responsáve­l dos assuntos dos apanha bolas ele devia ser indicado (esta é para rir) numa direcção que parece ter mais gente que a do 1º de Agosto.

Ora, como dizia, o engraçado é que então não conhecia a Ana Moçambique nem mais azul nem mais amarela. Nem sabia se tinha boa estrutura ou era mbora toda xoêta, queiram desculpar- me por este atreviment­o comparativ­o, ainda que todo ele inocente, uma vez que já saíra de moda nestas coisas sexuais, "através" de uma doença que me feitiçaram no Charles Buá ou quê lá.

Num dia Num dia desses, o meu amigo Jorge Madeira convidou-me para participar num programa dele. Como eu não tinha carro, ele mandou um motorista da estação apanhar-me. No caminho, perguntei-lhe: «O mano conhece a jornalista Ana Moçambique?». E ele: «Não sei quem é». Confesso que iquei algo embaraçado. E eu a pensar que na Rádio Nacional era já tipo quem não lhe conhecesse não conhecia Angola. Das duas, uma: ou o Nduta era um muzangala bem distraído lá no serviço ou eu é que estava a ser extremista nesse meu fanatismo platónico de meia-idade. Nesse dia, a minha curiosidad­e não seria satisfeita: a moça esteve sumida da rádio durante o tempo todo que iquei por lá, no programa do semi-ancião.

Conheceria a Ana Moçambique apenas em inais de 2017, quando ela me convidou para participar num «Conversa de Salão», eu todo bangoso no meio de bué de garinas, Aidas não sei quantos, Florindas Mirandas e quê, num sacho sobre redes sociais e tutti fruti. Como nos demos encontro quando eu já estava mesmo mal da visão, não mais consegui constatar se ela é xoêta ou não. Altamente!

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