Programa leva água potável às populações rurais
O ministro da Energia e Águas, João Baptista Borges, afirmou ontem em Luanda que 65 por cento da população das zonas rurais já possuem água potável, através do programa “Água para todos”
João Baptista Borges disse que o Executivo tem desenvolvido acções e iniciativas para a curto, médio e longo prazos oferecer mais e melhor qualidade de água e contribuir para uma eficiente gestão no abastecimento. O ministro, que discursava no 74º encontro do Conselho Técnico e Científico da Associação Africana de Águas (AFWA), avançou que está em curso o programa de reabilitação dos sistemas de abastecimento das 18 capitais de províncias, havendo já 12 concluídos. Projectos idênticos estão a ser implementados em 132 sedes municipais. Em Luanda, a Empresa Pública de Águas (EPAL) projecta um aumento de 700 mil clientes a médio prazo, com a execução de projectos que vão culminar com a duplicação da capacidade actual de distribuição de água.
Os projectos são financiados pelo Governo angolano e por outras instituições, como os Bancos Mundial e Africano de Investimentos. O encontro encerra sexta-feira e realiza-se sob o lema “As alteração climáticas e o acesso sustentável à água potável e serviços de saneamento em África”. Entre outros temas, os participantes, vindos de vários países do continente, vão debater as mudanças climáticas e o acesso sustentável à água potável, a política da água em Angola, investimento para apoiar a indústria da água. Ainda ontem, foi inaugurada uma feira da água em que participam as empresas de tratamento e abastecimento de água. O ministro acrescentou que não existe equidade na distribuição de água no mundo, estimando que apenas 0, 08 por cento do total da água do planeta é acessível ao consumo humano.
No seu entender, África e o mundo, em geral, estão confrontados com enormes desafios inerentes à água, sobretudo no que diz respeito à sua disponibilidade. “O abastecimento de água em África, apesar de algumas diferenças regionais, não tem ainda a capacidade de atender às reais necessidades das populações, sendo bastante inferior em relação aos padrões internacionais”, disse.
Em função do aumento da população urbana, que atinge 646 milhões em 2020, João Baptista Borges considera que as questões relacionadas com o aumento dos níveis de consumo e de abastecimento de água devem ser um grande desafio para o continente, por existirem grandes problemas de pobreza.
Custo da água
João Baptista Borges afirmou ainda que na maior parte dos países da África subsariana os habitantes não têm capacidade de pagar o consumo de água e prevê-se que no futuro continuem a não ter capacidade para assumir os reais custos de abastecimento.
O ministro considera que o Estado, isoladamente, é incapaz de satisfazer as necessidades básicas da totalidade da população, daí existir discrepâncias no acesso à água entre as zonas rurais e urbanas. Apontou a privatização da distribuição da água como uma alternativa que pode garantir uma gestão mais eficiente dos recursos, apesar de reconhecer que a mesma pode implicar um aumento da desigualdade no acesso à água potável e ao saneamento básico.
De acordo com o Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas (PNUD), 314 milhões de africanos, cerca de 45 por cento da população da África subsariana, não tem acesso a fontes de água potável. O problema não está ligado à escassez de água, mas, sim, da sua gestão, refere as Nações Unidas.
Problemas em relação à água
O presidente da Associação Africana da Água, Oliver Gosso, disse que o continente precisa de trabalhar para melhorar cada vez mais os sistemas de captação, tratamento e distribuição de água. Oliver Gosso acrescentou que a população africana ainda vive problemas ligados à distribuição da água, o que obriga os Estados e as organizações nacionais e internacionais a trabalharem juntos para o aumento do consumo de água potável. A Associação Africana de Água, fundada em 1980, tem fomentado discussões entre especialistas no sentido de proporcionar a troca de experiências entre os países.
director-geral da Empresa Pública de Águas de Luanda (EPAL-EP), Lionídio Ceita, disse que a sua empresa vai continuar a participar de forma activa nas acções da Associação Africana da Água e na recente criação da Associação das Empresas de Água e Saneamento do país (IRSEA), com o objectivo de reforçar as competências empresariais e trabalhar na melhoria da gestão e abastecimento de água e saneamento.
O vice-governador de Luanda para a Área Económica, José Cerqueira, manifestou a sua preocupação em relação às alterações climáticas, e cujos efeitos são visíveis em todos os continentes.