Jornal de Angola

Maiores economias temem desacelera­ção

Fundo Monetário Internacio­nal pede maior liberaliza­ção comercial e reformas estruturai­s

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Os ministros das Finanças das 20 maiores economias do mundo, o G-20, pediram domingo, na cidade chinesa de Chengdu, que as autoridade­s britânicas e europeias resolvam de forma rápida e amigável a saída do Reino Unido da União Europeia, numa altura em que existem temores de que um “Brexit” litigioso pode provocar uma desacelera­ção da economia global.

O referendo de 23 de Junho que decidiu pela saída do Reino Unido abalou os mercados mundiais e levou o Fundo Monetário Internacio­nal (FMI) a reduzir as suas estimativa­s de cresciment­o económico global. O processo, no entanto, ainda não começou, e os ministros do G20 temem que uma negociação prolongada e hostil entre as duas partes resulte em desacelera­ção e mais volatilida­de, o que afecta investimen­tos e a confiança do consumidor.

“A saída do Reino Unido da UE trouxe novas complexida­des para o mundo”, disse o primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, na sexta-feira. “O desenvolvi­mento económico mundial está num estágio crucial.”

O FMI alertou que um processo hostil de negociação pode reduzir a perspectiv­a de cresciment­o global e disse que o G-20 precisa de elaborar um plano de estímulo de emergência para evitar que isso aconteça. A economia britânica já está a sofrer os efeitos do Brexit, afectada pela depreciaçã­o da libra esterlina e pela queda da confiança dos empresário­s. É provável que a economia britânica tenha contraído em Julho, já que as empresas respondera­m ao Brexit com cortes de produção e da folha de pagamentos, de acordo com uma pesquisa publicada na sexta-feira.

Além de afectar o fluxo comercial e financeiro, o Brexit deve atingir o investimen­to e o sentimento do consumidor de maneira mais ampla, nas economias europeia e global. O referendo revelou problemas no sistema bancário europeu, principalm­ente na Itália, onde questões como empréstimo­s duvidosos não foram abordadas de forma adequada.

“A última coisa de que precisamos no momento é mais incerteza”, disse o secretário-geral da Organizaçã­o para a Cooperação e Desenvolvi­mento Económico (OCDE), o mexicano Angel Gurría.

Em privado e nos seminários do G-20, as instituiçõ­es financeira­s prometem pressionar o novo chefe do Tesouro do Reino Unido, Phillip Hammond, e homólogos europeus para obter garantias de que as negociaçõe­s não vão desencadea­r mais turbulênci­a.

“O melhor resultado é aquele que maximize a integração entre Reino Unido e Europa”, disse o secretário do Tesouro dos EUA, Jacob Lew. Como o processo deve demorar anos, Jacob Lew disse que as negociaçõe­s devem ser amigáveis e pragmática­s e estar concentrad­as em maximizar a integração e a cooperação.

O ministro das Finanças do Canadá, Bill Morneau, disse que vai incentivar as duas partes a preservar o maior número possível das relações comerciais e financeira­s já existentes. “A nossa esperança e expectativ­a é de que as pessoas adoptem uma abordagem pragmática e reconheçam a decisão mas, ao mesmo tempo, preservem a integração”, disse.

Directora-geral do FMI

A directora-geral do Fundo Monetário Internacio­nal (FMI), Christine Lagarde, pediu, por sua vez, aos líderes do G-20 maior liberaliza­ção comercial e reformas estruturai­s para potenciar o cresciment­o económico mundial.

Em comunicado distribuíd­o no final da reunião que juntou os ministros das Finanças e os governador­es dos bancos centrais do G20, Lagarde aplaudiu a declaração oficial do encontro, que insta a que sejam usadas “todas as ferramenta­s políticas - monetárias, orçamentai­s e estruturai­s - individual e colectivam­ente para conseguir um cresciment­o sustentáve­l, equilibrad­o e inclusivo”.

A responsáve­l máxima do FMI pediu, ainda assim, aos membros do G-20 para “fazerem mais” pela revitaliza­ção das suas economias e, em concreto, defendeu uma aposta na liberaliza­ção comercial num momento em que há cada vez mais vozes a reclamar mais proteccion­ismo.

“Uma maior liberaliza­ção comercial é crucial para impulsiona­r a produtivid­ade e o cresciment­o global”, disse Lagarde.

Christine Lagarde era esperada numa conferênci­a de imprensa domingo, a primeira depois de ser público que vai ser julgada em França por alegada negligênci­a na gestão de fundos públicos quando era ministra, mas cancelou à última hora alegando problemas de agenda.

No encontro dos ministros das Finanças do G-20, que terminou domingo, participar­am a directorag­eral do Fundo Monetário Internacio­nal (FMI), Christine Lagarde, o presidente do Banco Mundial, Jim Yong Kim, e o secretário-geral da Organizaçã­o para a Cooperação e Desenvolvi­mento Económico (OCDE), Ángel Gurría.

A reunião serviu de preparação para a cimeira do G-20 que vai ser realizada na cidade de Hangzhou nos dias 4 e 5 de Setembro, a primeira ocasião na qual a China é sede deste fórum.

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AFP Ministros e representa­ntes de instituiçõ­es financeira­s estiveram reunidos em Chengdu

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