Congolês estreia filme sobre Kimpa Vita
MBANZA CONGO
O cineasta congolês-democrático Ne Kunda Nlaba prepara a estreia do filme “Kimpa Vita: a mãe da revolução africana” a ser exibido esta semana na cidade de Mbanza Congo, inserido nas festas dos 510 anos de existência da capital da província do Zaire.
Desde o fim-de-semana em Luanda, o cineasta teve contacto com a Associação Angolana dos Profissionais de Cinema e Audiovisual (Aprocima) para estabelecer uma parceria de trabalho.
Ne Kunda Nlaba viaja hoje para Mbanza Congo para definir com a direcção provincial da Cultura a data da exibição do documentário. Antes, reuniu com o director do Instituto Angolano de Cinema e Audiovisual (IACA), Afonso António, tendo o realizador manifestado o desejo de colaborar com a instituição pública e com a Aprocima para projectos de formação, co-produção e distribuição de filmes angolanos para o mercado europeu.
Segundo o realizador, a exibição do filme “Kimpa Vita: a mãe da revolução africana” visa, também, assinalar os 310 anos da morte desta profetisa. Ne Kunda Nlaba vive em Londres, na Inglaterra, e disse, ontem, ao Jornal de Angola, que em Luanda vão ser feitas duas exibições, uma reservada para convidados e outra aberta ao público.
O documentário também vai ser exibido em outras cidades africanas e europeias, nomeadamente Kinshasa, no Congo Democrático, Londres, no Reino Unido, Paris, em França, e Bruxelas, na Bélgica, assim como em festivais de cinema em todo o mundo, no final deste ano.
Produzido pela “Labson BiziziCine Kongo, Ltd” e pela “Afrika Bizizi Distribuição, Ltd”, o documentário “Kimpa Vita: a mãe da revolução africana” foi escrito, produzido e dirigido por Ne Kunda Nlaba.
Segundo a sinopse do longa-metragem de 70 minutos, a narrativa ocorre no século XV, uma época em que o legado de poderosos reinos africanos foi invadido pelas potências ocidentais.
“A rica e abundante história dos povos africanos foi interrompida pela escravidão, genocídio e deportação de africanos para novas terras em outros continentes. O Reino do Congo não foi excepção. Um século mais tarde, em 1704, uma jovem destemida decide lutar a favor do seu país e é queimada viva a 2 de Julho de 1706. Ela é sempre lembrada em toda a África, em particular no seu reino, como 'Kimpa Vita: a mãe da revolução africana”.
Actor, realizador e produtor residente há 8 anos em Londres, Ne Kunda Nlaba foi convidado pela Aprocima para proferir uma palestra no dia 16 de Agosto, sobre “Alternativas de mercado para os filmes angolanos”, no âmbito do segundo aniversário da Associação Angolana dos Profissionais de Cinema e Audiovisual.
Um maior investimento na formação dos jovens, em todas as áreas, “é o que mais pretendo contribuir para o cinema angolano", disse Ne Kunda Nlaba que se mostrou aberto a trabalhar com profissionais angolanos.
Apelo do governador
O governador do Zaire, Joanes André, defendeu, em Mbanza Congo, o reforço das acções de sensibilização da população para a preservação do património histórico-cultural da antiga capital do Reino do Congo.
Em entrevista ao programa radiofónico “Café da Manhã”, da Rádio Zaire, Joanes André disse que o apelo vai continuar a ser direccionado no sentido de impedir a construção na área histórica da cidade, também conhecida por “zona tampão”.
O Governo vai apresentar em breve, em acto público, o roteiro turístico para Mbanza Congo, que disse ter sido entregue já ao perito da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco) que está a trabalhar na cidade, no âmbito do projecto da sua inscrição na lista do património mundial deste organismo.
Joanes André lembrou que a protecção e manutenção do sítio histórico classificado de Mbanza Congo passa a ser da responsabilidade de toda a população do município e da província e que a mesma deve colaborar permanentemente para a conservação e preservação do acervo cultural material e imaterial.
“É bom virem aqui turistas e encontrar a cidade toda limpa e organizada”, defendeu o governador.
Joanes André anunciou, por outro lado, que está a ser projectado um plano específico para a conservação e valorização das 12 fontes naturais de água que circundam a cidade e que estiveram na base da sua fundação na época do Reino do Congo.