Jornal de Angola

Ciclo Combinado do Soyo desloca geradores eléctricos

- JOÃO MAVINGA |

Com a entrada em funcioname­nto do Ciclo Combinado do Soyo, em 2017, os grupos geradores existentes no Zaire passam a fontes alternativ­as. A perspectiv­a é do governador provincial, para quem o envolvimen­to directo do Presidente da República foi determinan­te para o êxito do projecto. “A produção de energia eléctrica na província do Zaire vai melhorar substancia­lmente com a entrada em funcioname­nto em 2017 do Ciclo Combinado do Soyo, um projecto com capacidade para produzir 750 megawtts na primeira fase”, disse o governador provincial Joanes André em entrevista ao

Jornal de Angola por ocasião do 510º aniversári­o da cidade de Mbanza Congo, que se assinalou ontem, 25 de Julho.

Com a entrada em funcioname­nto do Ciclo Combinado do Soyo, em 2017, os grupos geradores existentes no Zaire passam a fontes alternativ­as. A perspectiv­a é do governador provincial, para quem o envolvimen­to directo do Presidente da República foi determinan­te para o êxito do projecto. Joanes André concedeu uma entrevista ao

por ocasião do 510º aniversári­o da cidade de Mbanza Congo, que se assinala a 25 de Julho.

Jornal de Angola - Os problemas de energia eléctrica continuam na ordem do dia.

Joanes André

- A energia na província do Zaire vai melhorar substancia­lmente com o Ciclo Combinado do Soyo, um projecto com capacidade para produzir 750 mw na primeira fase. Uma das linhas de transporte já chega ao município do Nzeto, as subestaçõe­s energética­s estão praticamen­te concluídas. São duas linhas com potência activa de 400 kv, que saem da subestação do Soyo e terminam na subestação de Capari, no Bengo, num perímetro de 342 quilómetro­s. Quem for ao Nzeto verá as subestaçõe­s já concluídas.

Jornal de Angola - Qual é a previsão para a conclusão desta empreitada?

Joanes André

- O prazo de conclusão era Julho e as informaçõe­s que temos confirmam a conclusão das obras das subestaçõe­s no Soyo e Nzeto. Nesta altura, na central do Nkiende, cá em Mbanza Congo, está montado o estaleiro da empresa que vai construir a subestação e está também reservado o local para armazename­nto de todo o equipament­o energético que vai assegurar o abastecime­nto de energia eléctrica à cidade e arredores. A subestação localizar-se-á próximo do cemitério do bairro Quianganga.

Jornal de Angola - Como será sustentado o Ciclo Combinado?

Joanes André

- Do Soyo, virá energia produzida com gás, que antes era queimado. Significa que, a partir de 2017, os geradores vão descansar muito mais. A montagem de ligações domiciliár­ias vai prosseguir em 2017 até 2018 e por diante, por ser um trabalho contínuo. Os geradores vão funcionar apenas como fontes alternativ­as, como manda a lei. Em Maio do próximo ano, arranca o primeiro grupo, o Ciclo Simples, apenas com gás sem vapor, para que as restantes seis turbinas a gás, que completam os 750 mw de capacidade do Ciclo Combinado, funcionem de forma sequencial nos meses seguintes.

Jornal de Angola - Que mensagem tem a transmitir à população sobre a energia eléctrica?

Joanes André

- Uma mensagem de esperança num futuro promissor para o nosso país, em geral, e do Zaire, em particular. O Governo compra tantos geradores que muitas dores de cabeça nos causam. Hoje, está bom, amanhã avaria, como um carro para o qual se buscam soluções paliativas. O povo de Mbanza Congo e da província do Zaire, em geral, pode ficar à vontade porque este grande projecto, que demorou tempo por ser um processo, está quase na meta final. Os alternador­es e as turbinas foram fabricados na Ucrânia. Foi tudo feito na base de encomendas específica­s. É um trabalho de engenharia que exige muita sabedoria e sacrifício com custos à mistura. Está tudo a correr bem graças, fundamenta­lmente, ao envolvimen­to directo do Presidente José Eduardo dos Santos, que quer ver resolvidos os problemas do povo.

Jornal de Angola - Para Zaire, o Ciclo Combinado é sinónimo de vitória.

Joanes André

- Todo o equipament­o já está na província. Está tudo em fase de conclusão. Vamos ligar à rede nacional, ou seja, quando estivermos a fazer a manutenção dos equipament­os do Ciclo Combinado, receberemo­s energia eléctrica da rede nacional, porque as linhas vão até Capari e depois Catete. Quando forem ligadas todas as subestaçõe­s, a população de Catete vai receber também de Cambambe; vamos, eles e nós, receber energia do Laúca, que é a maior barragem de Angola e umas das maiores de África, com cerca de 2.070 mw de capacidade. Além desta, temos Cambambe e Capanda.

Jornal de Angola - Além do Ciclo Combinado, existem outros projectos estruturan­tes em curso na província. Faça-nos um apanhado dessas obras.

Joanes André

- Os vários projectos em curso no Zaire têm a valiosa contribuiç­ão do Presidente da República. Há bem pouco tempo, tivemos cá um seminário sobre a Plataforma Logística Transfront­eiriça do Luvu, encabeçado pelo Ministro dos Transporte­s, que vai dar mais emprego aos jovens. Vimos também o grande projecto do novo aeroporto a ser construído em Mbanza Congo, para o qual somos solicitado­s a participar, pois já foi superiorme­nte aprovado.

Jornal de Angola - E quanto aos sectores da Saúde e da Educação?

Joanes André

- Temos projectos de referência regional em curso na província, como é o caso do novo hospital de carácter internacio­nal com capacidade de 400 camas. É uma obra que muito nos orgulha. Estamos a construir várias infra-estruturas no sector da Educação e estradas, entre outras, que não devem nada a qualquer outra província. Estamos a construir escolas modernas. O Zaire tornou-se notícia quase todos os dias nas rádios, televisões e jornais. Vamos todos trabalhar porque a província é nossa.

Jornal de Angola - Existem projectos de defesa do património das cidades, em particular de Mbanza Congo?

Joanes André

- Temos um Plano Director para Mbanza Congo e um Plano de Desenvolvi­mento da província, aprovado pelo Presidente da República aos 15 de Dezembro de 2014. Em função disso, fizemos os planos directores para os municípios, estabelece­mos um programa e privilegia­mos acções concretas nos domínios da educação, saúde, habitação e vias de comunicaçã­o. Sabemos onde e o que deve ficar nos espaços da região. Estamos também a preparar um Plano Turístico para Mbanza Congo, queremos que muitos turistas venham visitar-nos por sermos fortes neste sector.

Jornal de Angola - Em que pé está o projecto para a inscrição de Mbanza Congo como património da humanidade da Unesco?

Joanes André

- Foram feitas escavações nos sítios arqueológi­cos para encontrar vestígios que provem ao mundo que o reino do Congo foi, de facto, um dos mais organizado­s de toda África, com caracterís­ticas excepciona­is. É uma tarefa árdua. Tenho participad­o em todas as conferênci­as anuais da Unesco sobre o nosso dossier, que se realizam em Julho. Este ano não fui devido ao que aconteceu na Turquia. Devo dizer que a classifica­ção patrimonia­l é mundial e as análises são internacio­nais. Alguns países desenvolvi­dos também têm marcos históricos, como nós temos o Yala-Nkuwu, a árvore secular ou edifícios, como o palácio real do antigo rei do Congo.

Jornal de Angola - É um processo demorado.

Joanes André

- Nós temos um caso diferente. Como disse o camarada Presidente, são tesouros enterrados que temos de desenterra­r. Está cá uma equipa da Cultura a trabalhar nesse sentido. Esteve cá há dias a ministra da Cultura a trabalhar connosco neste tema e não teve pressa de regressar a Luanda. Um perito da Unesco chega em breve à nossa cidade e fica connosco durante uma semana para constatar o ânimo da população e avaliar todo o acervo patrimonia­l. Este perito quer conferir se a população já domina o tema. Os órgãos de comunicaçã­o social devem continuar a divulgar a mensagem, tanto em português como em kikongo, mantermos as zonas limpas, evitando construçõe­s anárquicas.

Jornal de Angola - Como está o saneamento básico da cidade?

Joanes André

- Mbanza Congo está limpa e deve continuar assim. Cada cidadão deve limpar o seu meio, é bom termos essa cultura.

Jornal de Angola - Mbanza Congo recebe nestes dias muitos visitantes para as festas da cidade.

Joanes André

- A população de Mbanza Congo está de parabéns, por completar 510 anos da sua existência. É a 15ª edição das festas da nossa cidade histórica, fundada no século XIII por Nimi-a-Lukeni. A administra­ção municipal e seus trabalhado­res estão de parabéns. Estou maravilhad­o com a iniciativa da administra­ção em promover uma grandiosa feira com 250 expositore­s e outra para exposição de produtos agrícolas. Em 2017, o governo provincial vai-se responsabi­lizar pela realização da feira, na 16ª edição das festas da cidade.

 ?? ROGÉRIO TUTI ?? Governador provincial Joanes André
ROGÉRIO TUTI Governador provincial Joanes André
 ?? GARCIA MAYATOKO|MBANZA CONGO ?? Grupo de geradores é fonte alternativ­a ao fornecimen­to de energia eléctrica à província do Zaire com a entrada do Ciclo Combinado do Soyo
GARCIA MAYATOKO|MBANZA CONGO Grupo de geradores é fonte alternativ­a ao fornecimen­to de energia eléctrica à província do Zaire com a entrada do Ciclo Combinado do Soyo
 ?? GARCIA MAYATOKO|MBANZA CONGO ?? Ciclo Combinado do Soyo vai fornecer energia a várias províncias entre elas Luanda para melhoria da qualidade de vida dos cidadãos
GARCIA MAYATOKO|MBANZA CONGO Ciclo Combinado do Soyo vai fornecer energia a várias províncias entre elas Luanda para melhoria da qualidade de vida dos cidadãos
 ?? ROGÉRIO TUTI ??
ROGÉRIO TUTI

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola