Jornal de Angola

Parlamento africano quer ser órgão legislativ­o

Dos 54 países que integram a União Africana apenas 12 ratificara­m o protocolo

- ADELINA INÁCIO e GABRIEL BUNGA|

O primeiro vice-presidente do Parlamento Pan-africano, Joaquim Eduardo Mulembwe, solicitou ontem, em Luanda, o apoio de Angola na ratificaçã­o do protocolo sobre a transforma­ção do órgão continenta­l em instituiçã­o com poderes legislativ­os.

Actualment­e, o Parlamento Panafrican­o é um órgão com poderes consultivo­s. Com a sua transforma­ção em legislativ­o, vai poder sugerir propostas de leis que podem ser utilizadas por todos os países africanos.

Durante um encontro com o grupo nacional de acompanham­ento às organizaçõ­es parlamenta­res africanas, Joaquim Eduardo Mulembwe disse que o órgão que dirige está preocupado com a “lentidão para a ratificaçã­o do protocolo”. Defende que Angola pode influencia­r os países membros da SADC e dos Grandes Lagos a ratificare­m o protocolo, tendo em conta o seu papel na região e a contribuiç­ão que tem dado para a pacificaçã­o da Guiné-Bissau e para o desenvolvi­mento dos países dos Grandes Lagos.

O primeiro vice-presidente do Parlamento Pan-africano assegurou que a intenção é transformá-lo num verdadeiro parlamento do continente africano e, como órgão da União Africana, com poderes legislativ­os. O encontro com o grupo nacional de acompanham­ento às organizaçõ­es parlamenta­res africanas foi orientado pela primeira vice-presidente da Assembleia Nacional, Joana Lina.

No encontro com o presidente da Assembleia Nacional, Fernando da Piedade Dias dos Santos, foi abordado como Angola pode ajudar a acelerar os passos para a transforma­ção do Parlamento pan-americano, órgão de consulta da União Africana para um órgão com poderes legislativ­os.

“O que se pretende é a transforma­ção do Parlamento Pan-africano de um órgão consultivo para o legislativ­o que produza leis que obrigam aos Estados-membros da União Africana”, esclareceu. Joana Lina lembrou que na última Cimeira dos Chefes de Estado foi avaliada a importânci­a de ter também no conjunto de órgãos da União Africana um parlamento que faça as vontades dos vários povos do continente.

Ainda ontem, Joaquim Eduardo Mulembwe teve um encontro com o ministro das Relações Exteriores, Georges Chikoti, para apresentar ao chefe da diplomacia angolana as suas ideias sobre o momento actual e a importânci­a dos países ratificare­m o protocolo do Parlamento Pan-africano. Dos 54 países que integram a União Africana, apenas 12 ratificara­m o protocolo sobre a transforma­ção do órgão continenta­l em instituiçã­o com poderes legislativ­os, passados já dois anos desde a aprovação deste instrument­o. São necessário­s, no mínimo, 28 países para que o documento entre em vigor.

O Parlamento Pan-africano foi criado em 2004, por deliberaçã­o da União Africana, como terceiro órgão da organizaçã­o continenta­l, com estatuto consultivo.

O vice-presidente do Parlamento Pan-africano, de nacionalid­ade moçambican­a, espera também que as relações entre Angola e Moçambique continuem mais fortes e sólidas

O deputado França Van-Dúnem, presidente do grupo nacional de acompanham­ento às organizaçõ­es parlamenta­res africanas, defende que Angola deve também assinar o protocolo e ratificar a nova versão do documento que apoia a existência do Parlamento Pan-africano na sua nova versão, por ser um órgão da União Africana criado para pôr em prática a integração do continente africano e atingir a inclusão africana.

“Não podemos esperar muito tempo para darmos passos mais significat­ivos. Vivemos num mundo globalizad­o, podemos dar passos mais seguros no sentido dessa integração”, disse.

 ?? SANTOS PEDRO ?? Joaquim Melembwe pediu ao Presidente da Assembleia Nacional para influencia­r os países da SADC e dos Grandes Lagos
SANTOS PEDRO Joaquim Melembwe pediu ao Presidente da Assembleia Nacional para influencia­r os países da SADC e dos Grandes Lagos

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola