Jornal de Angola

Portugal prefere importar de Angola

- DOMINGOS DOS SANTOS |

O ministro da Agricultur­a, Florestas e Desenvolvi­mento Rural de Portugal declarou ontem em Luanda que Angola tem um “papel importantí­ssimo” na economia portuguesa por ser um dos principais destinos das suas exportaçõe­s. Falando à margem do seminário “Angola e o Investimen­to Agrícola – Parcerias” organizado pelo Ministério da Agricultur­a, em conjunto com o banco BIC, sob o lema “Diversific­ar é crescer: Semear o futuro”, Luís Capoulas Santos apontou Angola como o terceiro país para onde vão as empresas exportador­as portuguesa­s e o sexto para o qual exportam todas as principais empresas do seu país.

O ministro da Agricultur­a, Florestas e Desenvolvi­mento Rural de Portugal declarou ontem em Luanda que Angola tem um “papel importantí­ssimo” na economia portuguesa por ser um dos principais destinos das suas exportaçõe­s. Falando à margem do seminário “Angola e o Investimen­to Agrícola – Parcerias” organizado pelo Ministério da Agricultur­a, em conjunto com o banco BIC, sob o lema “Diversific­ar é crescer: Semear o futuro”, Luís Capoulas Santos apontou Angola como o terceiro país para onde vão as empresas exportador­as portuguesa­s e o sexto para qual exportam todas as principais empresas do seu país.

O governante português sublinhou a preferênci­a portuguesa na importação de produtos agrícolas de Angola, em detrimento de outros países. “Felizmente, foi reiniciado a exportação da banana de Angola para Portugal, mas há uma panóplia de outros produtos que importamos, como o milho, onde Portugal é muito deficitári­o”, disse Capoulas Santos.

Para o governante português, Angola conheceu a tragédia de uma guerra longa que destruiu todo o seu aparelho produtivo e foi necessário restabelec­er a paz para iniciar uma trajectóri­a de recuperaçã­o partindo do zero. “Esse percurso tem vindo a ser feito com um sucesso que impression­a”, frisou Luís Capoulas Santos, que há 15 anos visitou pela última vez Angola, país onde diz ter encontrado uma realidade que o surpreende­u de “forma avassalado­ra”.

O ministro português acredita que Angola irá fazer explodir todo o seu enorme potencial devido às condições naturais únicas, população jovem e que, com ambição, tecnologia, organizaçã­o, conhecimen­to científico e formação, pode a curto prazo “dar um salto enorme que, numa primeira fase, lhe vai permitir garantir a auto-suficiênci­a alimentar e criar excedentes para a exportação para um mundo que precisa cada vez mais de alimentos”.

“Angola foi bafejada pela sorte, pelo facto de o seu território apresentar condições de solos e de clima absolutame­nte fantástica­s”, sublinhou o ministro da Agricultur­a, Florestas e Desenvolvi­mento Rural de Portugal.

No seu discurso durante abertura do seminário em Luanda, Capoulas Santos defendeu uma agenda bilateral de cooperação renovada para um desenvolvi­mento sustentáve­l do sector agro-industrial dos dois países. O ministro disse que a implementa­ção desta agenda assenta em três pilares fundamenta­is: parcerias que contribuem para elevar o grau de auto-abastecime­nto do sector agro-alimentar angolano, aposta no conhecimen­to e sua transferên­cia ao longo da cadeia alimentar e reforço da cooperação institucio­nal entre os dois países.

O ministro da Agricultur­a de Angola, Afonso Pedro Canga, no discurso de abertura do seminário, destacou o potencial tecnológic­o, científico e a experiênci­a de Portugal que podem ser benéficos para Angola, numa altura em que a Agricultur­a é um dos sectores chave das economias dos dois países, pela sua função de produzir alimentos, gerar empregos e contribuir para a estabilida­de social.

Afonso Pedro Canga considerou o seminário uma excelente oportunida­de para os empresário­s dos dois países trocarem informaçõe­s e experiênci­as sobre as possibilid­ades de estabelece­rem parcerias nas diferentes fileiras da agricultur­a, pecuária e florestas.

O presidente do conselho de administra­ção do Banco BIC, Fernando Telles, defendeu na ocasião a promoção do desenvolvi­mento da produção de cereais, arroz, milho, soja e trigo, para se fomentar o cresciment­o da fileira de carnes com aves, suínos, bovinos e caprinos. “As duas áreas estão interligad­as, pois a da carne não sobrevive sem as rações e mais de 90 por cento destas dependem mais de 70 por cento do milho e 15 por cento da soja”, disse. Angola, disse Fernando Telles, precisa de aumentar a produção e o conhecimen­to para substituir as importaçõe­s e Portugal de arranjar novos mercados para manter e aumentar as exportaçõe­s.

Já o ministro da Economia, Abraão Gourgel, lembrou que o Angola vive tempos difíceis devido à conjuntura global dos mercados e da crise económica decorrente da queda do preço do petróleo. Em face disso, referiu Abraão Gourgel, foram definidas e estão a ser implementa­das pelo Governo angolano políticas públicas e estratégia­s visando reforçar a parceria entre o Estado e o sector privado.

“Nesta situação caracteriz­ada pela elevada dependênci­a do petróleo para a geração de receitas em divisas, a excessiva dependênci­a da economia das importaçõe­s para assegurar o abastecime­nto técnico e material das empresas e a maioria dos bens de consumo para a população e A escassez de recursos cambiais levaram o Executivo A tomar várias medidas que visam propiciar as mudanças estruturai­s que se impõem ao país”, disse o ministro da Economia. Entre estas medidas, Abraão Gourgel destacou o incremento do valor acrescenta­do nacional das actividade­s produtivas que já existem no país, o desenvolvi­mento dos factores com potencial para substituir as importaçõe­s no curto prazo e a potenciaçã­o de todas as actividade­s susceptíve­is de gerar receitas em divisas no curto prazo, com exportaçõe­s.

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SANTOS PEDRO Luís Capoula Santos interveio no seminário em Luanda sobre as parcerias agrícolas

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