Ausência de atletas criticada por Putin
Presidente russo alerta para a perda de qualidade nos Jogos Olímpicos
O Presidente da Rússia, Vladimir Putin, considerou ontem que a ausência de algumas das principais “estrelas” do desporto russo nos Jogos Olímpicos Rio’2016 irá abalar a qualidade da competição.
“É óbvio que a ausência de competidores russos – líderes em muitas disciplinas – baixa a fasquia e reduz a intensidade da competição e isso em relação aos eventos que se aproximam”, referiu o estadista à equipa olímpica russa.
Putin, que falou numa recepção no Kremlin a atletas, entre os quais os suspensos Yelena Isinbayeva e Sergey Shubenkov, salientou que as outras pessoas do desporto têm a noção de que “a qualidade das suas medalhas será diferente”.
O presidente russo lamentou a exclusão de alguns atletas russos do Rio’2016, na sequência do escândalo de doping que afectou o desporto do país, e após um relatório ter denunciado a conivência estatal na manipulação de resultados de doping. “A situação actual não só vai para lá da esfera legal, ultrapassa o senso comum”, disse Putin.
Mais de 100 atletas russos – incluindo toda a equipa de atletismo, com excepção de Darya Klishina – falharão os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, que se disputam de 5 a 21 de Agosto.
O Comité Olímpico Internacional (COI) deixou domingo “nas mãos” de cada federação a decisão em relação à possibilidade dos atletas competirem, com a IAAF a excluir todos menos Klishina, radicada nos EUA, enquanto outras têm indicado nomes. Aos 67 da equipa de atletismo juntaram-se mais 41 excluídos por outras federações.
E o Tribunal Arbitral do Desporto (TAS), com sede em Lausana, na Suíça, vai deslocalizar-se temporariamente para o Rio de Janeiro, onde estará e analisará casos de doping durante os Jogos.
Desde terça-feira que o TAS abriu dois gabinetes provisórios, uma medida inédita, e os mesmos estarão em funcionamento até 21 de Agosto, dia de encerramento da competição.
O TAS, instância suprema em matéria desportiva, deverá ocuparse de eventuais casos de dopagem, mas também dos recursos de atletas russos excluídos, por decisão de diversas federações.
Entre os casos encontra-se o da nadadora russa Yulia Efimova, que já revelou a intenção de recorrer para o TAS, depois da decisão da Federação Internacional de Natação (FINA) de a excluir.
Além da questão dos recursos, pela primeira vez na história olímpica o TAS dispõe numa cidade, no Rio de Janeiro, de uma câmara encarregue de analisar em primeira instância os casos de doping que surjam.
Nos Jogos anteriores, os casos de dopagem eram tratados por uma comissão de disciplina do Comité Olímpico Internacional (COI), que decidia quais as sanções, desde a desqualificação à retirada de medalhas. Em Março, o COI decidiu confiar esta missão ao TAS, com o objectivo de dar aos casos um tratamento ainda mais independente.
Os atletas sancionados poderão ainda assim recorrer para uma segunda instância do tribunal.
Será um comissão “ad hoc”, criada para essa finalidade, e que existiu também nos Jogos Olímpicos de Atlanta, em 1996, com o objectivo de resolver litígios nas questões de qualificação, disciplinares e de doping. As decisões serão tomadas em 24 horas, “um prazo compatível com o programa das competições”, precisou o TAS.