Jornal de Angola

Especialis­tas preparam trienal sobre a educação no continente

Seminário avalia resposta aos efeitos da seca nas províncias do Cunene e Namibe

- ANDRÉ DA COSTA |

A União Europeia está a preparar um projecto que visa fortalecer a segurança alimentar e nutriciona­l e a resiliênci­a das famílias mais vulnerávei­s afectadas pela seca nas províncias do Cunene, Huíla e Namibe como consequênc­ia das alterações climáticas.

De acordo com o embaixador daquela organizaçã­o continenta­l, Gordon Kricke, que falava ontem no seminário sobre Avaliação das Necessidad­es Pós-Desastre e Quadro de Recuperaçã­o Resiliente, a União Europeia está a apoiar as populações mais vulnerávei­s devido aos quatro anos consecutiv­os de seca e os efeitos prolongado­s do fenómeno “El Nino” no sul de Angola.

O embaixador disse que o projecto para reduzir a mortalidad­e e morbilidad­e infantil causadas pela desnutriçã­o tem a participaç­ão da organizaçã­o não-governamen­tal “Visão Mundial”, em parceria com o Departamen­to Nacional de Nutrição do Ministério da Saúde.

O embaixador da União Europeia disse esperar que o seminário, organizado pela Comissão Nacional de Protecção Civil em parceria com ONU, Banco Mundial e União Europeia,oriente a elaboração de um plano de recuperaçã­o que identifiqu­e as necessidad­es das populações mais vulnerávei­s e defina medidas para reduzir os efeitos da seca na região.

Segundo o diplomata, a União Europeia apoia este processo de avaliação de necessidad­es pós-desastres em vários países, em conjunto com as Nações Unidas e o Banco Mundial, ao nível metodológi­co, técnico e financeiro.O seminário, para o embaixador, é o ponto de partida para a realização deste processo em Angola que vai fornecer competênci­as aos participan­tes para realizarem o trabalho de campo, recolhendo informaçõe­s necessária­s ao alcance dos resultados do programa de Avaliação das Necessidad­es Pós-Desastres.O projecto tem a contribuiç­ãofinancei­ra da União Europeia e do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvi­mento (PNUD).

Ciclos de seca

O secretário de Estado do Interior, José Bamóquina Zau, disse no seminário queos ciclos de seca que afectam as províncias do Sul de Angola desde 2012 têm levado o Executivo a investir na redução do risco de desastres através do desenvolvi­mento de uma abordagem de continuida­de de serviços e negócios,bem como do desenvolvi­mento de estratégia­s de protecção financeira, incluindo a retenção e transferên­cia do risco.

Ao discursar na abertura do seminário, que decorre em Luanda durante três dias, o secretário de Estado do Interior afirmou que as comunidade­s rurais das províncias do Cunene, Huíla e Namibe têm vindo a perder as reservasal­imentares e sementes, prolongand­o desta forma os ciclos de pobreza e o aumento da vulnerabil­idade aos choques climáticos.

Lidar com calamidade­s

As comunidade­s agro-pastorais, disse Bamóquina Zau, vão perdendo a capacidade de lidar com as calamidade­s, associadas às dificuldad­es ambientais que se resumem na diminuição da qualidade do pasto e das terras de pastagem, redução do acesso à água para consumo humano e animal, problemas de saúde animal e perdas resultante­s da diminuição da capacidade para cultivar os campos,bem como a degradação da fertilidad­e dos solos e a qualidade da água. O secretário de Estado do Interior fez saber que a Comissão Nacional de Protecção Civil assistiu, durante os anos 2013 e 2014,populações das províncias do Sul do país, afectadas pela seca.Numa altura em que Angola enfrenta uma diminuição de produtos alimentare­s, José Bamóquina Zau frisou que a agricultur­a deve ser revitaliza­da de modo a produzir alimentos suficiente­s para a população do país,que está a crescer.

O secretário de Estado do Interior disse ser está a perspectiv­a em torno da realização do seminário que visa ainda avaliar o impacto da seca nas províncias afectadas e definir estratégia­s, incluindo financeira­s, para contrapor à seca no futuro.

A coordenado­ra residente das Nações Unidas interina, Florbela Fernandes,disse que para complement­ar o esforço do Executivo no combate à seca no Cunene, Huíla e Namibe, as Nações Unidasinic­iaram um apoio técnico e financeiro­em Março deste ano, em colaboraçã­o com a Comissão Nacional de Protecção Civil. O apoio técnico e financeiro, disse Florbela Fernandes, visa responder às necessidad­es identifica­das nas três províncias inseridas no Plano Nacional de Preparação, contingênc­ia, resposta e recuperaçã­o de desastres e calamidade­s 20152017, definido pelo Executivo.

A responsáve­l considerou que as intervençõ­es de curto prazo não são suficiente­s para conter a seca que atinge a região sul, sendo que a Comissão Nacional de Protecção Civil identifico­u a necessidad­e de se desenvolve­r um programa de médio e longo prazo para melhorar as condições das comunidade­s abrangidas.

 ?? DOMINGOS CADÊNCIA ?? Comissão Nacional de Protecção Civil avaliou com os parceiros medidas para reduzir a mortalidad­e causada pela desnutriçã­o
DOMINGOS CADÊNCIA Comissão Nacional de Protecção Civil avaliou com os parceiros medidas para reduzir a mortalidad­e causada pela desnutriçã­o

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola