Vírus Zika e doping ensombram o evento
PROVAS COMEÇAM QUARTA-FEIRA
Os Jogos Olímpicos Rio'2016 começam na quarta-feira com a expectativa de mais feitos desportivos de Michael Phelps ou Usain Bolt, mas já marcados pelo zika, o doping, muitas ausências e mais mil e um problemas.
A maior prova do desporto mundial, que se realiza de 5 a 21 de Agosto, mas com os primeiros eventos a começarem já na quarta-feira, está ensombrada, por muitos casos extra desportivos que se sobrepõe à competição.
Quando tudo começar, quando os cerca de 10.000 atletas, de mais de 200 países, iniciarem o assalto às 306 medalhas de ouro em disputa, o foco deve centrar-se na parte desportiva, mas, para já, é quase tudo menos isso.
O vírus zika, transmitido por uma picada de mosquito, foi, durante muito tempo, o grande protagonista dos Jogos Olímpicos, pela forma como se espalhou em 2015 pelo Brasil e assustou muitos atletas. Alguns ameaçaram não vir, mas acabaram por comparecer. Muitos outros, nomeadamente golfistas e tenistas, optaram por ficar em casa, por abdicar do sonho olímpico, com medo de uma doença que, aparentemente, perdeu força.
Se uns não quiseram vir ao Rio2016, outros não puderam, nomeadamente muitos russos, vítimas do gigantesco caso de doping que assolou o país, alegadamente com o patrocínio das suas mais altas instâncias. A Rússia chegou a estar mesmo na iminência de ser excluída da competição, o que não aconteceu, na globalidade, mas atingiu toda a equipa de atletismo, mais uma série de atletas, de levantamento do peso, de natação ou canoagem, que foram proibidos de competir.
Para os que, entretanto, vão chegando, o panorama também está longe de ser o mais animador, com o Rio a não se assemelhar nada à proclamada “Cidade Maravilhosa”, tantos são os problemas a tão pouco tempo do início da competição.
Da poluição em lugares de provas, sobretudo nas águas que acolherão a vela, aos problemas com as infra-estruturas, nomeadamente na Aldeia Olímpica, passando pelos transportes, têm sido aos montes as reclamações das delegações que vão chegando ao Brasil.
A ameaça do terrorismo, que tem feito vítimas um pouco por todo o lado, quase todos os dias, também não deixa ninguém descansado, apesar de as autoridades brasileiras garantirem que tudo está preparado, com muitos agentes nas ruas.
Perante tudo isto, a parte desportiva tem sido relegada para segundo plano, mas a expectativa é grande, com muitos atletas ávidos de fazer história e outros de a continuar a pautar. O nadador norteamericano Michael Phelps, o mais galardoado da história olímpica, com 22 medalhas, 18 das quais de ouro, e o velocista jamaicano Usain Bolt, em busca de terceira tripla nos 100, 200 e 4x100 metros, concentram as atenções.
A edição 2016 da maior prova do desporto mundial, apesar das baixas, conta com uma infinidade de estrelas, de Novak Djokovic a Kevin Durant, passando por Chris Froome, Katie Ledecky ou Serena Williams. Colectivamente, os Estados Unidos não deverão dar hipóteses à concorrência, com uma delegação de 555 atletas, a maioria mulheres: são 292, um novo recorde da história dos Jogos Olímpicos, contra 263 homens.
Os Jogos Olímpicos Rio'2016 realizam-se de 5 a 21 de Agosto, mas algumas provas começam dia 3, com mais de 10.000 atletas, provenientes de mais de 200 países.
Entretanto Ban Ki-Moon, secretário-geral das Nações Unidas, apelou a uma trégua olímpica em todo o mundo, durante a celebração dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio'2016. “Apesar desta visão parecer impossível, de tão ambiciosa, o espírito desportivo interpela-nos para estarmos à altura do desafio”, disse, em comunicado, recordando que o ideal dos Jogos Olímpicos é transcender os limites do possível.
Neste sentido, Ban Ki-Moon apela “às partes beligerantes a empenharem-se para silenciar as armas nos campos de batalha, da mesma forma que os desportistas o fazem para conquistar medalhas”.