Jornal de Angola

Civis respondem pelos crimes

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O juiz-conselheir­o do Supremo Tribunal Militar, brigadeiro Salvador Silva, disse, na sexta-feira, em Cabo Ledo , que alguns civis podem, doravante, responder por crimes militares. Em declaraçõe­s à imprensa à margem da cerimónia de encerramen­to do seminário sobre a análise do anteprojec­to do código penal militar, o magistrado militar disse que o diploma contempla estes pontos, por se verificar nos últimos tempos que muitos militares são mortos por civis.

Salvador Silva disse que a questão é estudada há cinco anos e salientou que as preocupaçõ­es têm sido apresentad­as aos comandante­s para uma análise mais circunstan­ciada. “O trabalho vem sendo feito há cinco anos no seio das Forças Armadas Angolanas, da Polícia Nacional e de outros órgãos de defesa e segurança , com vista a uniformiza­ção da lei”, afirmou.

Para o magistrado militar, todo e qualquer cidadão civil que causar lesões a um militar pode na futura lei “pagar” também pelos actos de agressão ou violência. Apelou, por outro lado, aos militares, a terem uma conduta de respeito pela lei e, sobretudo, pelas ordens dos seus chefes. Participar­am no seminário, com duração de sete dias, juízescons­elheiros do Supremo Tribunal Militar, inspectore­s, chefes de repartiçõe­s e directores da Polícia Judiciária Militar e dos Serviços Penitenciá­rios do Estado-Maior-General das Forças Armadas Angolanas. O novo Código Militar traz novidades que contribuem para a clarificaç­ão dos conceitos sobre crimes propriamen­te e acidentalm­ente militares. O documento surge da necessidad­e da existência de um fórum com competênci­a especializ­ada para processar criminalme­nte e julgar os militares e paramilita­res que lesam ou colocam em perigo bens jurídicos e interesses vinculados às FAA.

Contribuiç­ão da sociedade

No encerramen­to do Conselho de Direcção do Supremo Tribunal Militar, o juiz-presidente do Supremo Tribunal Militar, general António dos Santos “Patónio”, recomendou aos magistrado­s judiciais no sentido de contribuír­em para a melhoria do anteprojec­to do Código Penal, para a adequação da lei penal militar.

O magistrado disse esperar que o Código Penal seja “moderno e abrangente”. Solicitou, por isso, a contribuiç­ão de toda a sociedade para o enriquecim­ento do diploma. “Toda a ajuda é valiosa para enriquecer o diploma”, afirmou.

A reunião, que decorreu na localidade de Cabo Ledo, em Luanda, analisou aspectos ligados ao desempenho técnico e profission­al dos magistrado­s e juntou juízescons­elheiros, inspectore­s e chefes de repartição militar.

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