Fazenda Santo António criou emprego directo para mais de 150 pessoas
pecuária que estão em efectivo funcionamento, ao que juntam as crescentes solicitações para a concessão de terras para a implantação de explorações agro-pecuárias dão, na verdade, do Cuanza Sul a imagem de uma província com óptimas perspectivas. A passagem definitiva, com parcerias sólidas, para a fase da agro-indústria para trazer valor acrescentado aos produtos é o passo seguinte.
Empresas como a SEDIAC, Mato Grosso, DIASOP, Agrolíder, Valoeste, Carlos Vinho, Boa Aventurança, Fazenda Gravidade, AgroUaco, Terras do Futuro, Santo António, Rosa Bela e as fazendas médias na Cela, para citar alguns dos mais emblemáticos projectos do Cuanza Sul, são a garantia de que o apelo do Executivo para aumento da produção de bens tem resposta efectiva na província.
As autoridades do Cuanza Sul têm cadastradas 3.868 empresas agrícolas que ocupam 1.346 hectares, numa altura em que no quadro do programa do Executivo, expresso no Plano Nacional de Desenvolvimento 2013/2017, está a ser desenvolvido um conjunto de programas, acções e projectos alinhados com as orientações estratégicas de nível nacional.
Acções que, no plano económico, têm reflexo directo na população, sobretudo com a criação de milhares de empregos, a redução dos níveis de pobreza e a criação de riqueza.
O governador refere que no Cuanza Sul existem oportunidades de investimentos nos sectores da agricultura, pescas e outros, definindo ser uma “porta acolhedora e um espaço de partilha para os mais variados projectos privados e estatais para a diversificação da economia”.
Qualidade das sementes
Se a produção de cereais em grande escala no Cuanza Sul é já um sucesso inquestionável, quem apostou no sector, como o bancário Fernando Teles, dono da Fazenda Santo António, que com 5.500 hectares, no bairro Tari, próximo da vila da Quibala, coloca anualmente no mercado 36 mil toneladas de milho tem preocupações com a qualidade das sementes.
Fernando Teles diz ser necessária a introdução de sementes geneticamente melhoradas para combater a lagarta e tudo aquilo que são deficiências dos terrenos que provocam doenças às plantações. Acrescenta que o recurso a esse tipo de sementes evita a utilização de agro tóxicos que, disse, estragam, a terra.
Exemplifica a importação de milho e soja do Brasil e EUA produzidos a partir de sementes geneticamente modificadas. “Não temos que ter medo de sementes geneticamente modificadas e que são utilizadas, pois grande parte do que importamos desses países são produtos feitos a partir de sementes geneticamente modificados”, sublinha o empresário, defendendo a intervenção das entidades de direito, no caso o Ministério da Agricultura e talvez mesmo do Executivo.
“Tenhamos a coragem de o fazer, porque vai permitir mais produção e alimentar o povo e as nossas famílias”, sublinha, reafirmando a contínua “aposta séria” do seu banco, BIC, na agricultura através do programa “Angola Investe” e de outras linhas de crédito.
Anfitrião de delegação governamental que esteve na Quibala, o empresário revela, pelo meio, que essa instituição bancária possui 3.2 mil milhões de dólares de crédito às empresas e a particulares.
Defende a chegada, em tempo útil ao país das sementes, adubos e fertilizantes como garantia de óptimas colheitas e aumento da produção na esteira da segurança alimentar da população e da diversificação da economia face às sérias restrições cambiais do país devido à queda do preço do petróleo no mercado internacional.
Fernando Teles, que por via do programa “Angola Investe” aplicou na Fazenda Santo António 30 milhões de dólares para a aquisição de equipamentos agrícolas, montagem de infra-estruturas fabris para a criação de bovinos e suínos, moa- gens e outros meios ressalta, no entanto, o empenho quer dos empresários e do Banco Nacional de Angola, na venda de divisas, bem como do Ministério da Economia nesse desafio de trazer as sementes antes do início da campanha agrícola.
As taxas de juro para o “Angola Investe” variam entre 3 a 5 por cento e são bonificadas pelo Governo através do Ministério da Economia, o que as torna bastante atractivas para que qualquer entidade possa investir.
Fernando Teles defende, no entanto, a necessidade da fiscalização de forma a evitar a falta de divisas aos projectos. “Há preocupação do Governo neste sentido. As taxas de juro para a agricultura e pecuária são boas para o mercado, pois grande parte dos financiamentos são aprovados pelo Ministério da Economia com a ajuda do Estado que dá garantias aos bancos de que, até 70 por cento do valor do investimento, em caso de situação de crédito mal parado, será reposto”, explica o empresário com mais de 50 anos ao serviço da banca.
Na Fazenda Santo António, que com capacidade de secagem de 100 mil toneladas de milho por ano garante emprego directo a cerca de 150 pessoas, já existe uma sólida parceria com uma empresa portuguesa. Porém, a ida à Quibala de uma delegação ministerial deste país serviu de mote para sondar novas parcerias que possam ajudar a aumentar e rentabilizar as explorações agrícolas.
Disso está certo Fernando Teles quando afirma que Portugal e a Europa estão muito desenvolvidos em termos agrícolas e que “nós temos que beneficiar disto “aproveitando o que de melhor por lá se faz”.
Nesta fazenda foram experimentadas 17 variáveis do milho para se apurar aquelas que melhor se adaptam às condições climáticas e solos da região da Quibala. “O centro de experimentação do Estado está a ser feito pelos privados, no caso a Fazenda Santo António”, gaba-se o proprietário que remata: “Já sabemos quais as variedades mais rentáveis”.
Produção da batata rena
Quando se fala da produção de hortícolas, batata rena, carne e fruta a Novagrolíder, do Grupolíder, torna-se incontornável. Situada próximo da vila da Quibala, essa empresa é responsável pela colocação diária no mercado nacional e, sobretudo nas principais superfícies comerciais de Luanda, de entre 100 a 200 toneladas de produtos dependendo da época.
José Macedo, administrador da Novagrolíder explica que nesta altura do ano todos os dias saem da fazenda cinco a seis traileres de mercadoria, entre tomate, alface, pepino e batata. “Toda a gama de produtos da cadeia de hortofrutícola saem daqui”, adianta, considerando “excelentes” os níveis de produção quando comparados com outros projectos na Europa, América e Ásia. “Não ficamos muito atrás, e isso é confirmado por pessoas que nos visitam”.
Implantada numa região onde os níveis de desemprego, sobretudo entre os jovens, ainda são assustadores, a Novagrolíder destaca-se pelo seu nível de empregabilidade. Mais de 600 pessoas encontraram trabalho nesta empresa, encontrando-se directamente ligadas à agricultura, pecuária e às áreas de montagem de infra-estruturas, construção, metalo-mecânica e outras actividades que dão corpo a este projecto. O administrador destaca os projectos para a produção de leite e derivados de café e diz que “há que ter empenho e “know how” para se conseguirem grandes resultados como aqui em Angola”.
Nos mais de 5.500 hectares, dos quais 3.000 já desmatados, foram investidos até agora na Novagrolíder 70 milhões de dólares, segundo José Macedo que releva a existência de um projecto para a produção de leite no valor de 5 milhões de dólares participado com o programa “Angola Investe” e do qual até agora só foram utilizados 20 por cento, devido à dificuldades cambiais.
Explica que, além dos investimentos da Nova Agrolíder, outras empresas do Grupolíder canalizam valores muito significativos para o desenvolvimento da agricultura e destaca “algumas ajudas” do BIC, a maior unidade bancária com quem a Novagrolíder trabalha no país e o BNA que, explica, “já nos fez algumas importações directas”, pois um projecto desta dimensão e com a responsabilidade social que tem não pode parar.