PAIGC elogia líder do MPLA
Embaixadora da Suécia cessa funções e é enviada especial para os Grandes Lagos
O líder do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), Domingos Simões Pereira, considerou ontem o presidente do MPLA, José Eduardo dos Santos, uma referência na promoção da unidade e coesão, o que, certamente, pode ser um factor positivo junto das entidades políticas da Guiné-Bissau, que vive momentos políticos conturbados. Simões Pereira, que foi convidado ao VII Congresso do MPLA, falava à imprensa, após ter sido recebido ontem por José Eduardo dos Santos, em Luanda.
Dois encontros de cortesia, no Palácio da Cidade Alta, marcaram ontem a agenda do Presidente da República, José Eduardo dos Santos. O Chefe de Estado recebeu primeiro Lena Sundh, a embaixadora cessante da Suécia em Angola, e a seguir Domingos Simões Pereira, presidente do PAIGC, com quem conversou durante cerca de trinta minutos, enquanto líder do MPLA.
Com a diplomata sueca José Eduardo dos Santos conversou sobre o estado das relações políticas, consideradas “muito boas e estáveis”, e sobre plano económico e empresarial, afectado pela actual conjuntura económica mundial. “As relações são muito boas e a cooperação tem aumentado, mas é preciso reconhecer que existem aqui dificuldades, tal como a nível mundial”, disse Lena Sundh.
A audiência serviu para Lena Sundh transmitir ao Chefe do Estado angolano algumas ideias, tendo em conta as funções que vai desempenhar. Lena Sundh viaja para Estocolmo, mas deve regressar em breve como enviada especial da Suécia para a Região dos Grandes Lagos, pelo que o encontro de ontem, como a própria admitiu, foi uma oportunidade para trocar impressões e “preparar terreno” para a sua próxima missão.
Quadro do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Suécia, Lena Sundh trabalhou nas representações diplomáticas suecas em Bangkok e Rabat, nas delegações em Genebra e Pretória, e em Nova Iorque, na Representação junto das Nações Unidas. Depois da diplomata sueca o Presidente José Eduardo dos Santos teve outro encontro de cortesia com o líder do PAIGC, Domingos Simões Pereira, com quem conversou sobre os laços entre os dois partidos e povos, as relações históricas e a actual situação política na Guiné Bissau.
“Partido irmão”
Domingos Simões Pereira partilhou com jornalistas, à saída do Palácio Presidencial, o que conversou com o Presidente José Eduardo dos Santos. “Nós olhamos para o MPLA não só como um partido irmão, mas para o seu líder, que é também Presidente da República, como uma referência naquilo que tem conseguido na promoção da unidade e da coesão”, disse. O líder do PAIGC considerou confortantes as palavras do Presidente José Eduardo dos Santos que recomendou o “diálogo, o respeito pelas instituições e pelos órgãos de soberania, como o único caminho para se ultrapassarem as divergências e sanar a crise política”.
Ao analisar a crise política no seu país, onde prevalece o “braço de ferro” entre a direcção do PAICV e o Presidente da República, José Mário Vaz, Domingos Simões Pereira falou em “várias vicissitudes” que estão na base do actual cenário político, mas que acredita na “boa vontade e no comprometimento de todas as forças políticas na busca de uma solução negociada, da qual participem todos os actores políticos activos na Guiné Bissau”. Domingos Simões Pereira revelou que está em curso, em Bissau, um processo de diálogo político, em que acredita num desfecho positivo para a estabilidade do país e para a prosperidade do povo guineense. O líder do PAIGC disse ser da responsabilidade sobretudo dos guineenses entenderem-se e solucionarem os seus problemas, mas que é “perfeitamente normal” qualquer ajuda ou gesto de boa vontade de entidades que possa ajudar a ultrapassar esse mau período da sua história.
Recuperar a confiança
“Há que reconhecer que o período de instabilidade que vivemos no país já vai longo demais, e é perfeitamente normal que em algumas situações seja necessário a facilitação de entidades irmãs, amigas que queiram partilhar a sua experiência, dar os seus conselhos, ajudar a recuperar a confiança que está de alguma forma perdida entre os actores políticos guineenses”, assinalou Domingos Simões Pereira.
O líder do PAIGC veio a Angola como convidado ao VII Congresso Ordinário do MPLA, que elegeu José Eduardo dos Santos para presidente do partido, e um novo Comité Central, que é o órgão deliberativo máximo no intervalo entre os Congressos.
Na sequência do Congresso, o partido no poder elegeu João Manuel Lourenço para vice-presidente, Paulo Kassoma, para secretáriogeral, e uma nova Comissão de Auditoria e Disciplina.