Os conflitos africanos
O continente africano vive ainda situações de crise, causadas por conflitos armados que resultam em problemas humanitários, que afectam muitos milhares de pessoas. Os conflitos armados em África provocam um elevado número de refugiados e deslocados, com inúmeras famílias a serem obrigadas a abandonar os seus lares, indo em muitos casos procurar refúgio a outros países do continente e não só.
A União Africana está permanentemente empenhada em encontrar soluções para os conflitos em África, com missões de paz, que possam garantir a estabilidade nas regiões do continente em que se verificam problemas que têm posto em perigo inúmeras vidas humanas.
A paz é essencial para o desenvolvimento de África e é compreensível que a União Africana, uma organização que está igualmente centrada na promoção do progresso do continente africano, esteja preocupada com os conflitos que ocorrem em várias regiões de África.
O facto de a União Africana ter criado mecanismos de gestão e resolução de conflitos em África é prova de que a organização continental está decidida a contribuir para dar solução a problemas em África num quadro em que são os próprios africanos a encontrar as saídas para as crises.
A União Africana, ao criar aquele mecanismo, está consciente de que devem ser os próprios africanos a resolver os seus problemas, até porque os conhecem bem. É preciso que haja vontade política dos dirigentes africanos para levar a cabo processos que conduzam realmente à estabilidade do continente. Todos os africanos devem trabalhar no sentido de a paz e a segurança estarem garantidas em todo o continente.
Há milhares de africanos a sofrer em vários países do continente, devido a guerras. Perante a situação crítica que o continente ainda atravessa, com regiões de África afectadas por conflitos armados, é dever dos políticos africanos protagonizarem actos que façam com que os conflitos terminem.
Os políticos em África, em particular os que estão no poder, têm grandes responsabilidades na procura de soluções para os problemas do continente. Enquanto houver problemas em África, sobretudo os que têm a ver com a segurança das pessoas, os políticos e governantes africanos não devem descansar. Nenhum político ou governante africano se deve sentir bem enquanto houver um homem, uma mulher ou uma criança a sofrer em qualquer região do continente, em consequência de conflitos armados. Os políticos e governantes africanos devem tudo fazer para que haja esforços concertados que vão no sentido de se evitarem crises neste ou naquele país, mas que acabam por afectar muitos outros Estados no continente. Na verdade, um conflito armado num país africano pode afectar outros Estados vizinhos com problemas como o acolhimento de milhares de refugiados, e muitas vezes não há condições para atender a um número elevado de pessoas que precisam de assistência de vária natureza.
É pois de enaltecer o facto de se ter criado no quadro da União Africana um mecanismo de promoção da paz no continente, designado Capacidade Africana de Reacção Imediata a Crises (CARIC), que pode vir a contribuir grandemente para que o continente africano esteja livre de conflitos.
Espera-se que a CARIC venha, com os exercícios militares que tem realizado, ganhar a operacionalidade necessária para intervir em países do continente em risco de conflito ou em caso de um Estado soberano solicitar a sua intervenção, nos termos do acto constitutivo do mecanismo.
Angola está a desempenhar um papel activo no quadro da CARIC, e é bom que assim seja, até porque o nosso país tem muita experiência ao nível da gestão e resolução de conflitos. Muitos Estados do mundo solicitam a Angola contribuições para resolver conflitos em África. O nosso país, que muito tem feito no sentido da estabilidade de África, não podia deixar de ajudar o continente a superar as suas crises, participando activamente na busca de soluções para os problemas.
África não deve viver permanentemente em situações de conflitos armados. É imperioso que se resolvam os problemas da guerra. As guerras já causaram muito sofrimento a milhões de africanos. É hora de os políticos e governantes do continente darem provas de grande sabedoria, pondo os interesses dos povos acima de interesses deste ou daquele grupo. Não se pode aceitar que um punhado de políticos ponha em causa a estabilidade de milhões de pessoas que querem trabalhar em prol do desenvolvimento e do seu bem-estar.
Os povos africanos têm o direito de viver bem. Os políticos devem perceber que devem trabalhar para o bem comum. Não se pode aceitar que haja políticos que, por via da violência, como acontece em várias partes do continente, destruam os seus próprios países. Faz algum sentido usar armas para destruir infra-estruturas que fazem falta aos povos africanos? Quem quiser chegar ao poder, deve fazê-lo por via democrática. Deve ser o povo a escolher livremente nas urnas os seus representantes. Que todos os políticos respeitem a vontade dos povos expressa em eleições democráticas periódicas.