Eixo franco-alemão quer plano sem o Reino Unido
O eixo franco-alemão na União Europeia (UE), conduzido pelo Presidente François Hollande e pela chanceler Angela Merkel, está a tentar consolidar uma estratégia para funcionar sem a contribuição do Reino Unido em áreas sensíveis como segurança, economia e finanças.
François Hollande e Angela Merkel manifestaram o desejo de sair rapidamente do vazio que provocou várias incertezas na UE com a saída do Reino Unido. Os dois líderes são de opinião de que os governos que ficam devem promover um ambiente político favorável a uma Europa estável e dinâmica.
A chanceler da Alemanha e o Presidente da França concertaram ideias nesse sentido com o primeiro-ministro da Itália, Mateo Renzi, durante o encontro na segunda-feira no porta-aviões Garibaldi da Marinha italiana, em frente à costa da ilha de Ventotene, no sul do país.
Outro tema introduzido na agenda é a situação dos refugiados, que conta com uma aposta sem paralelo na UE de Angela Merkel. A chanceler voltou a afirmar que é preciso uma maior cooperação europeia na crise de refugiados e reconheceu que o acordo com a Turquia é essencial. A chanceler alemã admitiu claramente que a União Europeia não pode vencer a luta contra os traficantes de pessoas sem a ajuda do Estado turco. “É preciso uma maior cooperação europeia. A Guarda Costeira da Itália, por si só, não pode controlar os confins marítimos. A cooperação com a Turquia é essencial. De outra forma, não podemos vencer a luta contra os traficantes de seres humanos”, disse Angela Merkel.
Os líderes europeus reforçaram a ideia de que só com uma parceria forte com a Turquia no controlo das fronteiras é que a crise migratória que afecta a Europa pode ser resolvida. No plano interno, temas como a segurança, economia e finanças, foram alvo de uma apreciação mais criteriosa dos três líderes, tendo em atenção as incertezas que chegam dos Estados Unidos com uma eventual vitória do candidato republicano, Donald Trump.
O multimilionário, em várias ocasiões manifestou o desejo de um distanciamento em relação à União Europeia e prometeu rever os compromissos no âmbito da OTAN. Esta posição abriu um clima de suspeição e tensão em temas bastante sensíveis, que obrigou os governos a exigirem explicações dos Estados Unidos acerca da defesa dos países da Europa do Leste, que abriram uma frente diplomática contra a Rússia.
Angela Merkel, François Hollande e Mateo Renzi admitiram que tais assuntos são ainda uma grande preocupação, mas salientaram que os governos da UE têm que procurar uma solução rápida, funcional e que engaje todos os Estados-membros. Quanto à cooperação com a Turquia, a situação não se afigura fácil, devido aos últimos acontecimentos neste país que endureceram, da parte do Governo de Ancara, a relação com a UE.
A decisão do Reino Unido de sair da UE, o designado “Brexit”, e as suas consequências para o futuro da Europa, motivaram os líderes da Alemanha, França e Itália. Aliás, numa reunião de 27 de Junho em Berlim, pediram aos governos da UE que tomassem medidas para um novo impulso à comunidade dos 27 Estados-membros.
O encontro de Itália antecede a reunião extraordinária da União Europeia prevista para 16 de Setembro na Eslováquia, convocada depois da saída do Reino Unido.
Garantia de segurança
O vice-presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, reiterou ontem aos líderes da UE e, em especial, de países como a Estónia, Letónia e Lituânia, o compromisso do seu país com a defesa dos aliados da OTAN.
Joe Biden reforçou o apoio dos Estados Unidos aos países bálticos em Riga, a capital da Letónia, após reunião com o Presidente desse país, Raimonds Vejonis, além dos líderes da Estónia, Toomas Hendrik Ilves, e Lituânia, Dalia Grybauskaité. Estamos comprometidos com as nossas obrigações na OTAN, inclusive e especialmente, o artigo 5”, disse Joe Biden em referência ao ponto do tratado da aliança militar que estabelece que todos os aliados respondem conjuntamente em caso de agressão a um deles.
O vice-presidente dos Estados Unidos atendia assim à reivindicação essencial da Estónia, Letónia e Lituânia, que queriam que Joe Biden explicitasse o compromisso de Washington com a segurança dos seus aliados da OTAN na fronteira com a Rússia.
Em declarações a uma rádio lituana antes do encontro com Joe Biden, Dalia Grybauskaité garantiu que, após as decisões da OTAN na reunião de Julho em Varsóvia, o Governo do seu país confiava no investimento dos Estados Unidos na segurança regional dos países bálticos.
O primeiro-ministro letão, Maris Kucinskis, disse que esperava uma reafirmação do apoio norte-americano à região. “Espero uma confirmação de que a nossa defesa está garantida e de que nós e os Estados Unidos somos parceiros”, afirmou Maris Kucinskis.
Depois da visita a Riga, o vicepresidente dos Estados Unidos desloca-se à Suécia e à Turquia. Em Ancara, Joe Biden vai tentar reverter os danos sofridos nas relações bilaterais entre os dois países após a tentativa de golpe de Estado de Julho. Na reunião da OTAN, em Varsóvia, foi aprovada a formação de quatro batalhões multinacionais que permanecem na Estónia, Letónia, Lituânia e na Polónia para aumentar a segurança da fronteira oriental da aliança militar.