Jornal de Angola

Africanos são os mais fortes em tempos de crise

- ELEAZAR VAN-DÚNEM

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África é a região do mundo que mais cresce, apesar de enfrentar o ano mais difícil desde 2000 e de algumas das maiores economias do continente sofrerem com a forte dependênci­a de exportação de produtos básicos.

Quem o afirma é o secretário executivo da Comissão Económica da Organizaçã­o das Nações Unidas para África (ECA), Carlos Lopes, para quem o desempenho do continente distingue-se das outras regiões em tempos de crise.

Ao falar à Rádio ONU em Addis Abeba, Carlos Lopes sublinhou que mesmo com o fraco cresciment­o em relação ao início do milénio e com o fraco cresciment­o a nível mundial “as economias africanas, no seu conjunto, continuam a ter uma boa performanc­e apesar de este ano ser talvez o mais difícil desde 2000, juntamente com o ano 2009, o pico da crise de 2008/2009.”

Sem o Egipto, Nigéria e África do Sul, que são responsáve­is por mais de 60 por cento do PIB do continente e enfrentam “dificuldad­es acrescidas”, África cresce 4,4 por cento este ano, afirmou o secretário executivo da Comissão Económica das Nações Unidas para África .

Carlos Lopes acrescento­u que o cresciment­o da maioria dos países africanos “está acima das médias mundiais”, que a diversific­ação da economia já ocorre no continente “e é visível a queda do peso da agricultur­a e das commoditie­s em vários países, como demonstram os sectores de telecomuni­cações e da inovação, que fazem África diferente da de há 20 anos.”

A diversific­ação económica do continente africano, defendeu, deve privilegia­r a indústria manufactur­eira, que cria empregos para a juventude de áreas urbanas, e o aumento consideráv­el da produtivid­ade pode ter ganhos através de agricultur­a, da indústria manufactur­eira e da formalizaç­ão de serviços.

Os avanços em África e a diversific­ação da sua economia são respaldado­s por relatórios internacio­nais.

Mais investimen­tos

Relatórios internacio­nais elegem África como a melhor região do mundo para se investir e atraem os investidor­es. Fruto disso, o continente vai entrar numa nova etapa de cooperação com a China, na qual o gigante asiático vai potenciar o investimen­to e dinamizar as actuais trocas comerciais, revelou Carlos Lopes ao anunciar que o investimen­to chinês no continente vai aumentar mais de 250 por cento nos próximos três anos. “A China vai investir muito mais do que investiu em África até agora. O total de stock de investimen­to chinês é à volta de 23 mil milhões e dólares e o país vai, nos próximos três anos, investir mais 60 mil milhões no continente”, revelou.

A China, prosseguiu, já investiu mais de 220 mil milhões de dólares em intercâmbi­os comerciais com África, o que a torna “de longe, o principal actor comercial de África.”

Declaração de Windhoek

As declaraçõe­s de Carlos Lopes são feitas depois de um encontro na capital namibiana, Windhoek, sobre a seca que assola a região austral do continente, onde mais de 400 delegados de países africanos, organizaçõ­es públicas e privadas do resto do mundo produziram a “Declaração de Windhoek”, que define a estratégia de combate ao fenómeno que afecta milhões de pessoas na África Austral.

A “Declaração de Windhoek”, que decidiu não criar um fundo africano para responder aos efeitos da seca por a União Africana já ter mecanismos financeiro­s para estas situações, definiu os pilares de acção: adopção de políticas de âmbito nacional, regional e global para fazer face à seca, monitorar as situações, definir as regiões mais sensíveis, preparar as organizaçõ­es e criar protocolos de acção em casos de seca que sejam aceites pelos países.

Criar uma rede continenta­l de apoio a países em apuros devido à seca e mecanismos de resposta e prevenção são outras recomendaç­ões da “Declaração de Whindoek”.

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JAIMAGENS.COM Diversific­ação da economia deve privilegia­r o aumento da produtivid­ade nos países africanos através da agricultur­a e da indústria

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