Forte terramoto mata em Itália
A Protecção Civil italiana confirmou, às 15h00 em Angola, que há pelo menos 120 vítimas mortais na sequência do sismo de magnitude 6,2 na escala de Richter que sacudiu o centro de Itália na madrugada de quarta-feira. Trata-se, no entanto, de um balanço provisório: o número de vítimas sobe de hora a hora, lamentou o ministro italiano das Infra-estruturas.
A Protecção Civil italiana confirmou, às 21h00 em Angola, que há pelo menos 120 vítimas mortais na sequência do sismo de magnitude 6,2 na escala de Richter que sacudiu o centro de Itália na madrugada de quarta-feira. Trata-se, no entanto, de um balanço provisório: o número de vítimas sobe de hora a hora, lamentou o ministro italiano das Infra-estruturas, Graziano Delrio, que está já na região onde ocorreu o terramoto.
Horas antes, quando as autoridades ainda só confirmavam 38 mortos, a agência italiana de notícias ANSA fizera um balanço provisório e não oficial, baseado nas informações avançadas pelos autarcas da zona afectada, e referia que seriam mais de 60 as vítimas mortais. Só em Amatrice haverá pelo menos 35 mortos, 11 em Accumoli. Na região das Marcas, em Pescara e Arquata del Tronto, as vítimas mortais devem ultrapassar as duas dezenas. Há várias dezenas de desaparecidos e muitas crianças perderam a vida.
O terramoto, que ocorreu às 03h36 locais (02h36 em Angola), a sudeste de Norcia, cidade da província de Perugia, na região da Umbria, teve o epicentro a dez quilómetros de profundidade, de acordo com o Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS), que monitoriza a actividade sísmica mundial. O sismo foi seguido de diversas réplicas de 5,5, 4,6 e 4,3, perto de Amatrice e de Norcia, e a principal, de 6, sentiu-se em Roma, a aproximadamente 150 quilómetros de distância. Há relatos de que o abalo tenha sido sentido desde Rimini, no centro norte, até Nápoles, no sul de Itália. Mais de uma centena de réplicas foram registadas até às primeiras horas da manhã de ontem. O cenário é desolador na região: casas completamente arrasadas, localidades inteiras soterradas nos escombros.
Sergio Pirozzi, o presidente da câmara de Amatrice, na província de Rieti, região de Lazio, afirmou que metade da cidade desapareceu na sequência do tremor de terra. As cidades mais afectadas pelo abalo serão Accumoli, Amatrice, Posta e Arquata del Tronto. Accumoli tem aproximadamente 700 habitantes, enquanto Amatrice cerca de 2000.
Segundo um repórter da agência Reuters, o hospital de Amatrice foi severamente danificado pelo sismo e os doentes tiveram de ser transportados para a rua. É na via pública que estão também a ser assistidos os feridos do terramoto. A RAI, televisão pública italiana, indicou que duas jovens afegãs, que serão requerentes de asilo, estão desaparecidas nos escombros, tal como dezenas de outros residentes da povoação. O acesso por automóvel à cidade faz-se através de uma ponte que está em situação instável, obrigando os serviços de socorro a procurar trajectos alternativos e atrasando as operações de resgate.
Em Accumoli, a situação é igualmente grave: “É um desastre. Não temos luz nem telefones”, afirmou Stefano Petrucci, o autarca da localidade, onde também haverá turistas bloqueados sob as ruínas de um hotel. “Agora que há luz do dia, vemos que a situação é ainda mais terrível do que temíamos, com edifícios que colapsaram, pessoas debaixo dos escombros e nem sinal de vida.” A circulação está dificultada devido aos desníveis causados pelo sismo em pelo menos dois viadutos que dão acesso a Accumoli. Nesta povoação, uma família de quatro pessoas, com duas crianças, morreu soterrada debaixo dos escombros da casa que ficou em ruínas, relata o jornal italiano “La Reppublica”.
Sismo foi perto de Aquila
O terramoto ocorreu muito perto de Aquila, onde um sismo de magnitude 6,3 causou, em 2009, mais de 300 mortos e devastou a região de Abruzos. Amatrice fica a apenas 50 quilómetros. Os feridos mais graves de Amatrice estão a ser transportados de helicóptero para os hospitais de Aquila e Roma.
O ministro italiano das Infra-estruturas, Graziano Delrio, foi o primeiro a deslocar-se para a região e foram mobilizados meios de socorro de Roma. O exército também participa nas operações de salvamento e resgate. A polícia está em força nas ruas, não apenas para prestar apoio mas também para prevenir situações de roubo ou pilhagem nos edifícios afectados pelo sismo. Numa declaração ao final da manhã, o primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi, anunciou que estaria ainda na tarde de ontem na região afectada pelo terramoto, agradecendo em nome de todos os italianos a quem “escavou com as mãos despidas, a quem coordenou as primeiras fases da emergência que são sempre as mais difíceis.
O Presidente italiano, Sergio Mattarella, que estava de férias em Palermo, já regressou a Roma e emitiu um comunicado, lamentando as vítimas do sismo e agradecendo os esforços das autoridades. O Vaticano enviou uma equipa de seis bombeiros para auxiliar nas operações de resgate nas zonas mais afectadas.
Actividade sísmica elevada
O território italiano é afectado pela convergência entre a placa africana e a placa euro-asiática. A zona de fronteira entre as duas placas tem inúmeras falhas, formando um sistema que pode ser traçado desde os Açores até aos Himalaias.
A colisão, que começou há milhões de anos, originou a formação de cadeias montanhosas como os Alpes, por exemplo, e esse movimento provoca também a acumulação de tensão nas inúmeras falhas quando a rocha não suporta mais tensão há roturas e sismos.
Em Itália existe uma complexidade local, com uma geometria bastante complicada, que faz com que a actividade sísmica seja mais intensa.
Em sismos como o da noite passada, a destruição é grande porque a rotura teve início a dez quilómetros de profundidade, ou seja, o foco foi muito superficial, o que significa que o abalo é maior. Por outro lado, ocorrer durante a noite é sempre um factor agravante, porque aumenta a probabilidade de causar vítimas.
O Papa Francisco adiou ontem o discurso que tinha preparado para a audiência geral semanal no Vaticano e rezou com a multidão que assistia, na Praça de São Pedro, pelas vítimas do sismo.