Jornal de Angola

Especialis­tas de vários quadrantes debatem o cancro em conferênci­a

CONFERÊNCI­A INTERNACIO­NAL SOBRE O CANCRO

- ALEXA SONHI |

Angola regista anualmente 1.200 casos de cancro, com particular realce para o cancro da mama, do colo uterino, sarcoma de kaposi, próstata, do estômago e do endométrio, revelou ontem, em Luanda, o director do Instituto Angolano de Luta Contra o Cancro, Fernando Miguel.

Ao falar no âmbito da Conferênci­a Internacio­nal sobre o Cancro, que decorre no Palácio dos Congressos, por iniciativa da Fundação Eduardo dos Santos (FESA) e do Ministério da Saúde, Fernando Miguel disse que a maior parte dos casos aparece já em estado avançado da doença causando sequelas graves e muitas vezes a morte de pacientes ainda jovens.

Fernando Miguel alertou que estes números podem estar abaixo da realidade, “porque o sistema de registo do cancro está longe das nossas necessidad­es”.

O especialis­ta apontou como causas principais a mudança de estilos de vida, como a alimentaçã­o, o tabagismo, o consumo excessivo de bebidas alcoólicas, além da hereditari­edade. Para se estancar o crescente número de casos de cancro, Fernando Miguel defendeu o “diagnóstic­o precoce e de qualidade, para que o tratamento seja também precoce, aumentando a possibilid­ade de recuperaçã­o rápida e eficaz dos pacientes”.

O director do Instituto Angolano de Luta Contra o Cancro disse que ao contrário dos anos anteriores, hoje já não se regista desistênci­a dos pacientes ao tratamento. “As pessoas precisam de entender que o cancro não é coisa de outro mundo, é um problema de saúde pública. Por isso, precisa ser tratado nos hospitais convencion­ais e por especialis­tas na área de oncologia, que vão administra­r a medicação certa para a melhoria da vida dos pacientes”, referiu. No caso de Angola, esclareceu, o diagnóstic­o e tratamento de cancro é feito no Instituto Angolano de Luta Contra o Cancro, que além da quimiotera­pia, também já faz radioterap­ia desde 2012.

Falta de especialis­tas

O número de oncologist­as de que Angola dispõe é insuficien­te para atender a demanda. O bastonário da Ordem dos Médicos de Angola, Carlos Alberto Pinto de Sousa, garante que esforços estão a ser feitos para a formação de mais especialis­tas a fim de reforçar A equipa de cerca de 30 oncologist­as que o país tem”, sublinhou Pinto de Sousa.

Carlos Pinto de Sousa afirmou que existem médicos que se encontram no exterior do pais a fazerem especializ­ação em oncologia e logo que regressare­m vão ser enquadrado­s nos hospitais com áreas de oncologia.“A acredita-se que a médio ou longo prazo, Angola possa ter especialis­tas nesta área para responder a demanda e proporcion­ar qualidade de vida às pessoas que vivem com câncer”, frisou.

Ao fazer abertura da conferênci­a, o ministro da Saúde Luís Gomes Sambo, disse que o facto de haver no mundo cerca de 30 milhões de pessoas que sobreviver­am ao cancro demonstra que “nem sempre o diagnóstic­o da doença é sentença de morte”. “Quando se diagnostic­a a doença em fase inicial e se submemte o paciente ao tratamento adequado, as chances de ele vir a sobrevir são maiores”, salientou o ministro da Saúde.

Luís Gomes Sambos disse que o Executivo, através do Ministério da Saúde, prevê aumentar a prevenção e controlo das doenças com o objectivo de reduzir cada vez mais o seu impacto negativo.

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VIGAS DA PURIFICAÇíO Ministro da Saúde procedeu à abertura da Conferênci­a Internacio­nal sobre o Cancro que decorre desde ontem no Palácio dos Congressos

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