Aberta Mediateca “Zé Dú”
Ministra Cândida Teixeira descerrou a placa no acto inaugural do empreendimento
A ministra da Ciência e Tecnologia, Cândida Teixeira, inaugurou ontem a Mediateca do Cazenga, a maior da Rede de Mediatecas de Angola, um projecto de iniciativa presidencial destinado a aumentar o acesso à informação e ao conhecimento, sobretudo para os jovens.
Denominada “Zé Dú”, em homenagem ao Presidente José Eduardo dos Santos, mentor do projecto, a Mediateca do Cazenga é a segunda em Luanda, e a sétima da rede nacional, que conta já com unidades nas cidades de Benguela, Huambo, Lubango, Saurimo e Soyo.
A ministra da Ciência e Tecnologia, Maria Cândida Pereira Teixeira, inaugurou ontem a Mediateca do Cazenga, a maior de todas em funcionamento na Rede Nacional de Mediatecas de Angola (RMA), um projecto de iniciativa presidencial destinado a aumentar o acesso à informação e ao conhecimento, sobretudo para os jovens.
Denominada “Zé Dú”, em homenagem ao Presidente José Eduardo dos Santos, mentor do projecto, a Mediateca do Cazenga é a segunda em Luanda, e a sétima da rede nacional, que conta já com unidades nas cidades de Benguela, Huambo, Lubango, Saurimo e Soyo. Ainda este ano é inaugurada a do Cunene, segundo o secretário de Estado Pedro Teta, que é o coordenador do projecto Rede de Mediatecas de Angola.
Pedro Teta considerou especial a Mediateca “Zé Dú”. E explicou porquê. “Primeiro pela homenagem que é feita ao mentor do projecto, a partir da auscultação dos munícipes, e acabou por ser uma comissão do Conselho de Concertação Social do município do Cazenga a propor o nome.”
A Mediateca “Zé Dú” é ainda mais especial pelas características da circunscrição em que foi instalada (dos mais populosos de Luanda) e pelo carinho que o Presidente José Eduardo dos Santos tem pelo município. “É um município dos mais populosos da província, se não o mais populoso, e que toda a gente sabe que o mentor do projecto tem uma grande estima por ele”, disse Pedro Teta.
O secretário de Estado considera a Mediateca do Cazenga um “sucesso garantido”, atendendo aos grandes objectivos do projecto. “Por ser um projecto que aumenta o nível de literacia, de inclusão social e digital, principalmente dos jovens, imaginem num bairro como o Cazenga, em que muitas famílias não têm um computador, um tablet. Agora todos podem ter acesso a isso e os efeitos são extraordinários”, assinalou.
Mas existem outras razões que fazem da Mediateca do Cazenga diferente das demais. “Todas as mediatecas têm cerca de 12.500 metros quadrados de área bruta, mas esta tem 15 mil metros de espaço exterior, nove mil metros de jardim, tem campos e outros equipamentos, e tem mais facilidades em relação a outras, atendendo ao espaço que nos foi disponibilizado pelo município.”O facto de ser inaugurada numa altura em que o país passa por dificuldades financeiras, também foi evocado, sobretudo devido a algumas inovações que foram introduzidas para garantir a autonomia e sustentabilidade do projecto. “O nosso grande desafio neste momento é criar auto-sustentabilidade, já que temos custos operacionais muito grandes e não podemos contar somente com fundos públicos, daí termos concebido essa mediateca que deste ponto de vista é inovadora.”
Além dos serviços como espaço de leitura e pesquisa adulto e infantil, espaço de lazer para os usuários, zonas de internet, reprografia, a Mediateca “Zé Dú” possui salas exteriores, como anfiteatro, livraria, salas de formação e laboratório informático, que vão rentabilizar o projecto e garantir a sua sustentabilidade. Tem ainda um campo polidesportivo que vai servir para atrair mais público jovem para a mediateca. “Neste momento temos garantido 45 por cento dos custos de todas as mediatecas com recursos próprios”, exultou Pedro Teta.
O coordenador do projecto RMA anunciou a inauguração ainda este ano da mediateca do Cunene e, no próximo, as do Bié, Malanje, Uíge e Cabinda. Pedro Teta garantiu que, apesar das restrições de ordem financeira, o projecto vai avançar para a terceira fase, embora com mediatecas ligeiramente mais pequenas, mas com os mesmos serviços.
Ser usuário
Para se ser usuário da Mediateca, qualquer delas, basta aderir ao projecto entregando cópia do bilhete de identidade e mil kwanzas, que corresponde à quota anual. O usuário recebe um cartão de identificação e tem acesso gratuito a todos os serviços no interior da mediateca.
Também existe uma área infantil com salas de jogos, brinquedos, computadores equipados com conteúdos digitais. Os mais pequenos (a idade mínima são três anos) entretêm-se com desenho e pintura e também podem ouvir contos infantis contados por uma bibliotecária, que teve formação especializada. Os mais crescidos têm trabalhos de matemática e ciências e vão tendo já contacto com os equipamentos, ganhando gosto pelas tecnologias de informação.
Perto de casa
Os 50 funcionários da mediateca foram formados no ano passado e são, na sua maioria, moradores do Cazenga. A bibliotecária Rosa Gomes Venâncio, na área infantil, é moradora do Hoji-ya-Henda. Vive com os pais a dez minutos do seu local de trabalho. “É o meu primeiro emprego e estou feliz por poder trabalhar perto de casa e mais ainda por ajudar crianças a despertarem para o mundo através da leitura, do desenho, da pintura e de outras actividades que podem desenvolver aqui.”
Na área de leitura e multimédia a reportagem do Jornal de Angola conversou com Márcia, uma estudante da 8ª classe, num colégio privado. Moradora do bairro Tala Hady, Márcia estava “felicíssima com tudo” o que encontrou na Mediateca “Zé Dú”. Durante o período que esteve na sala pesquisou sobre várias coisas, mas a sua maior curiosidade, referiu, foi saber mais sobre o projecto RMA e como surgiu a “Mediateca Zé Dú”. “Pude ver que as mediatecas são bibliotecas informatizadas e multimédia, que têm como objectivo estimular o prazer da leitura e o interesse pelo cultivo do conhecimento”, disse a adolescente, reproduzindo o que tinha acabado de ler no portal de Internet da Rede de Mediatecas de Angola.
Para ligar o computador e orientar a sua pesquisa, Márcia teve o auxílio de Cristina Van-Dúnem. “Estamos aqui para ajudar o usuário a encontrar a informação que precisa. Temos um acervo onde encontramos informações no formato digital e também impresso”, disse a bibliotecária, que também é moradora do Hoji-ya-Henda.
Kátia da Costa, também bibliotecária e moradora do Cazenga, é quem controlava o turno. Disse que valeu a pena a formação que ela e os colegas tiveram durante seis meses na RMA. “Há muitos usuários que não sabem ligar um computador, ou aceder às informações que precisam. Estamos aqui para ajudá-los a obter as informações e a localizar os livros no nosso acervo.”
Manuel David é um funcionário da Mediateca “Zé Dú”, que tem uma história diferente. Ele em 25 anos e anda numa cadeira de rodas. Uma paralisia infantil deixou-lhe graves sequelas nos membros inferiores, mas nada que o impedisse de lutar pela vida. Antes de aderir ao projecto RMA que lhe proporcionou uma formação em Biblioteconomia, Manuel David frequentava o 2º ano do curso de Administração de Empresas, numa instituição de ensino algures no Talatona, mas foi forçado a interromper os estudos por falta de dinheiro.
Na Mediateca “Zé Dú”, Manuel David trabalha na área de processamento técnico e inventário. “É o meu primeiro emprego, moro nos arredores do Zamba 1, e para chegar aqui levo apenas cinco a dez minutos”, declarou o jovem, com indisfarçável satisfação.
Mediatecas móveis
O projecto Rede de Mediatecas de Angola prevê 25 unidades em todas as províncias. Com a Mediateca “Zé Dú” contam-se sete e até 2017 espera-se que haja 12 unidades em pleno funcionamento. Mas à medida em que são construídas novas unidades, os serviços proporcionados pelas mediatecas podem ser encontrados em qualquer uma das seis unidades móveis, que integram a rede.
O coordenador da Rede de Mediatecas de Angola garante que as unidades móveis oferecem aos usuários as mesmas condições de acesso aos serviços. Cada mediateca móvel tem capacidade para 30 usuários ao mesmo tempo e, segundo Pedro Teta, tem sido um sucesso em todos os municípios. “Temos definido que cada unidade móvel fica um ou dois meses num município, mas acabamos por receber vários pedidos para ficar quatro a cinco meses”, revelou.
Aposta no conhecimento
Em Abril de 2010, o Presidente José Eduardo dos Santos criou uma comissão executiva para materialização do projecto Rede de Mediatecas de Angola. Trata-se de um serviço público especializado, integrado na administração directa do Estado, dotado de autonomia administrativa e financeira.
O projecto tem por objectivo complementar a ocupação dos jovens, bem como melhorar a qualidade do ensino dos mesmos através da construção de infra-estruturas modernas e que contribuam para a inclusão social e digital da população. As mediatecas permitem o acesso à informação e ao conhecimento necessários ao desenvolvimento socio-económico dos jovens, contribuindo para a formação e aperfeiçoamento do capital humano, ao mesmo tempo alargando o acesso à cultura e utilização de novas tecnologias de informação, em geral de forma gratuita.