Filipe Nyusi e Dhlakama mantêm as divergências
O grupo de mediadores do diálogo político em Moçambique para um encontro “ao mais alto nível” entre o Presidente Filipe Jacinto Nyusi e Afonso Dhlakama anunciou na noite de quarta-feira a suspensão temporária das suas actividades e o regresso aos respectivos países, devido ao que os mediadores chamam de “divergências extremas” sobre os mecanismos da cessação imediata das hostilidades militares entre o Governo e os guerrilheiros da Renamo.
Os mediadores estrangeiros, que regressam a Maputo em meados de Setembro, apelam às partes para se absterem “de todas as acções que atormentam o povo moçambicano”.
As delegações do Governo moçambicano e da Renamo nas negociações de paz continuam a divergir sobre os termos de um cessar-fogo e a ida dos mediadores internacionais à serra da Gorongosa para falar com Afonso Dhlakama, lo líder do partido.
Num comunicado conjunto das partes lido quarta-feira à noite, no final de uma reunião da comissão mista, em Maputo, capital de Moçambique, a Renamo diz aceitar uma trégua temporária para facilitar a deslocação dos mediadores internacionais à serra da Gorongosa, mas a condiciona ao afastamento das Forças de Defesa e Segurança da região, onde presumivelmente se encontra o presidente do partido, Afonso Dhlakama.
No mesmo documento, lido por Mario Raffaelli, mediador da União Europeia, a delegação do Governo moçambicano diz que as Forças de Defesa e Segurança “cumprem em todo território uma missão de Estado constitucionalmente consagrada” e que “é a suspensão imediata das hostilidades militares que vai garantir a segurança do corredor a estabelecer para a viagem dos mediadores”.
O ministro moçambicano da Defesa Nacional, Salvador Ntumuke, a empossar no mesmo dia o vice-chefe do Estado Maior das Forças Armadas de Defesa de Moçambique, Raul Dique, reafirmou que as forças armadas não vão depender “de petições ou recados para a sua retirada das posições e locais onde ocorrem ataques [de grupos militarizados da Renamo, principal partido da oposição] porque estão no cumprimento das tarefas consagradas na Constituição de Moçambique”.
Na véspera, a organização internacional de defesa dos direitos humanos “Human Rights Watch” denunciou ataques da Renamo contra hospitais e clínicas no centro de Moçambique.