CARTAS DO LEITOR
O valor da sardinha
A sardinha angolana está a ser muito consumida pelas famílias no nosso país, nos últimos tempos. Já especialistas diziam que a sardinha tinha um alto valor nutritivo, mas muitos angolanos não davam importância às opiniões dos peritos. Foi necessário haver uma crise para as pessoas passarem a comer sardinha angolana.
Hoje, um número considerável de famílias consome sardinha. A sardinha é em muitos lares o prato principal. Come-se sardinha de manhã, ao almoço e ao jantar. Até estrangeiros, particularmente portugueses, estão a consumir a sardinha angolana. Muitos angolanos que se recusavam a comer sardinha estão a comer hoje este peixe, que ainda está barato. Gostava que os especialistas que entendem de nutrição voltassem a falar das vantagens em se comer sardinha, que durante muito tempo andou afastada de muitas famílias angolanas.
Tomei conhecimento de que a nossa sardinha tem sido exportada para um país vizinho, a Zâmbia. Se os zambianos compram a nossa sardinha é porque se aperceberam de que ela é muito saborosa. Por que razão nós angolanos não passamos também a incluir a sardinha na nossa dieta alimentar? Tem sido dito que as crises criam oportunidades de negócios. Devo dizer também que as crises podem mudar hábitos alimentares, como está a acontecer no nosso país. A sardinha é hoje um “Very important Fish” (VIF),ou seja, “Peixe Muito Importante”.
Fiquei satisfeito com a recolha do lixo no Largo da Portugália, situado próximo da ex-livraria Lello, na Baixa de Luanda. O largo estava já tornar-se numa espécie de contentor, onde se iam depositar vários tipos de resíduos. Gostava que se fizesse neste largo um jardim, até porque é necessário termos muitas zonas verdes na cidade capital. É positivo que a recolha do lixo seja permanentemente célere. A concentração de lixo durante muitos dias causa problemas de saúde. Verifico que a recolha de lixo melhorou consideravelmente na cidade capital.
Sugiro que se criem brigadas de fiscalização para se detectarem os principais focos de concentração de lixo e se fazerem operações de limpeza imediatas ali onde há situações muito críticas. A época das chuvas está a chegar, e é importante que não tenhamos lixo acumulado nos bairros para se evitar, por exemplo, a cólera e o paludismo.
Obras ilegais
Há agora uma moda na nossa cidade que é a de fazerem-se obras nas vias públicas sem qualquer autorização das autoridades competentes. Há cidadãos que tornam por exemplo as vias mais estreitas nos seus bairros, porque querem construir um passeio e ter uma lanchonete, sem que para tal tenham a devida autorização, causando transtornos a outros moradores.
Penso que as administrações distritais deviam impedir que se fizessem construções anárquicas nas vias públicas. Os moradores não devem privatizar espaços em vias públicas em prejuízo de outros moradores. Outra situação que é incorrecta é o facto de haver moradores a inundar ruas, provocando nelas muita lama.
Penso que os agentes das administrações distritais deviam percorrer mais vezes as áreas sob sua jurisdição para impedir uma série de irregularidades. Não é justo que um pequeno grupo de pessoas esteja a causar danos numa via pública que pertence a todos.
Inspecção e vigilância
O respeito por culturas alheias é também um pressuposto para a convivência na adversidade, paz e segurança entre as pessoas. Na semana passada, na província de Benguela deu muito que falar uma reportagem sobre um estrangeiro que alegadamente “grelhava carne de gato”.
Segundo o homem cuja pronúncia do português detectava-se facilmente a origem oeste-africana, defendia-se dizendo que a referida carne era apenas para o consumo e não para o comércio. Em todo o caso, julgo que as comunidades devem estar mais vigilantes numa altura em que muitas “casas de venda de carne grelhada” abundam nas grandes cidades. Mais do que alarmar os consumidores, mais vale incentivar as famílias e pessoas singulares, apreciadores de carne grelhada vendida nos chamados “cabrités” (casas de venda de carne de cabrito), para ficarem mais atentas.