Jornal de Angola

CARTAS DO LEITOR

- MARGARIDA FRANCISCO APOLINÁRIO JOÃO FELISBERTO ANTÓNIO FERNANDO COSTA

O valor da sardinha

A sardinha angolana está a ser muito consumida pelas famílias no nosso país, nos últimos tempos. Já especialis­tas diziam que a sardinha tinha um alto valor nutritivo, mas muitos angolanos não davam importânci­a às opiniões dos peritos. Foi necessário haver uma crise para as pessoas passarem a comer sardinha angolana.

Hoje, um número consideráv­el de famílias consome sardinha. A sardinha é em muitos lares o prato principal. Come-se sardinha de manhã, ao almoço e ao jantar. Até estrangeir­os, particular­mente portuguese­s, estão a consumir a sardinha angolana. Muitos angolanos que se recusavam a comer sardinha estão a comer hoje este peixe, que ainda está barato. Gostava que os especialis­tas que entendem de nutrição voltassem a falar das vantagens em se comer sardinha, que durante muito tempo andou afastada de muitas famílias angolanas.

Tomei conhecimen­to de que a nossa sardinha tem sido exportada para um país vizinho, a Zâmbia. Se os zambianos compram a nossa sardinha é porque se apercebera­m de que ela é muito saborosa. Por que razão nós angolanos não passamos também a incluir a sardinha na nossa dieta alimentar? Tem sido dito que as crises criam oportunida­des de negócios. Devo dizer também que as crises podem mudar hábitos alimentare­s, como está a acontecer no nosso país. A sardinha é hoje um “Very important Fish” (VIF),ou seja, “Peixe Muito Importante”.

Fiquei satisfeito com a recolha do lixo no Largo da Portugália, situado próximo da ex-livraria Lello, na Baixa de Luanda. O largo estava já tornar-se numa espécie de contentor, onde se iam depositar vários tipos de resíduos. Gostava que se fizesse neste largo um jardim, até porque é necessário termos muitas zonas verdes na cidade capital. É positivo que a recolha do lixo seja permanente­mente célere. A concentraç­ão de lixo durante muitos dias causa problemas de saúde. Verifico que a recolha de lixo melhorou considerav­elmente na cidade capital.

Sugiro que se criem brigadas de fiscalizaç­ão para se detectarem os principais focos de concentraç­ão de lixo e se fazerem operações de limpeza imediatas ali onde há situações muito críticas. A época das chuvas está a chegar, e é importante que não tenhamos lixo acumulado nos bairros para se evitar, por exemplo, a cólera e o paludismo.

Obras ilegais

Há agora uma moda na nossa cidade que é a de fazerem-se obras nas vias públicas sem qualquer autorizaçã­o das autoridade­s competente­s. Há cidadãos que tornam por exemplo as vias mais estreitas nos seus bairros, porque querem construir um passeio e ter uma lanchonete, sem que para tal tenham a devida autorizaçã­o, causando transtorno­s a outros moradores.

Penso que as administra­ções distritais deviam impedir que se fizessem construçõe­s anárquicas nas vias públicas. Os moradores não devem privatizar espaços em vias públicas em prejuízo de outros moradores. Outra situação que é incorrecta é o facto de haver moradores a inundar ruas, provocando nelas muita lama.

Penso que os agentes das administra­ções distritais deviam percorrer mais vezes as áreas sob sua jurisdição para impedir uma série de irregulari­dades. Não é justo que um pequeno grupo de pessoas esteja a causar danos numa via pública que pertence a todos.

Inspecção e vigilância

O respeito por culturas alheias é também um pressupost­o para a convivênci­a na adversidad­e, paz e segurança entre as pessoas. Na semana passada, na província de Benguela deu muito que falar uma reportagem sobre um estrangeir­o que alegadamen­te “grelhava carne de gato”.

Segundo o homem cuja pronúncia do português detectava-se facilmente a origem oeste-africana, defendia-se dizendo que a referida carne era apenas para o consumo e não para o comércio. Em todo o caso, julgo que as comunidade­s devem estar mais vigilantes numa altura em que muitas “casas de venda de carne grelhada” abundam nas grandes cidades. Mais do que alarmar os consumidor­es, mais vale incentivar as famílias e pessoas singulares, apreciador­es de carne grelhada vendida nos chamados “cabrités” (casas de venda de carne de cabrito), para ficarem mais atentas.

 ?? CASIMIRO PEDRO ??
CASIMIRO PEDRO

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola