Executivo trava a subida dos preços no mercado
Representantes do Governo e dos 15 maiores importadores de farinha de trigo e bens da cesta básica reúnem-se hoje, em Luanda, para tomar medidas para travar a subida dos preços e as práticas ilícitas no comércio.
Um comunicado de imprensa do Ministério do Comércio declarou na sexta-feira haver evidências de práticas ilícitas nas actividades comerciais, o que origina a subida dos preços, principalmente do pão e outros produtos da cesta básica.
O documento informa que a reunião, a ter lugar no Ministério do Comércio, visa analisar a situação da dotação de cambiais para a importação de farinha de trigo, as quantidades de bens da cesta básica importados no primeiro semestre de 2016 e os constrangimentos na comercialização dos bens de consumo básico.
O encontro está rodeado de elevadas expectativas entre as autoridades, esperando-se que sejam “imediatamente” apontadas medidas e soluções para a justa comercialização dos bens da cesta básica e travar a tendência ilícita de alguns agentes comerciais em subir os preços dos principais produtos da cesta básica.
Participam no encontro os secretários de Estado da Indústria e Interior para o Asseguramento Técnico, Kiala Gabriel e José Félix, o vice-governador do BNA Tiago Dias, o director-geral adjunto do Serviço de Investigação Criminal, António dos Santos, o director do Instituto de Preços e Concorrência do Ministério das Finanças, Kinavuidi Kiaku, e o presidente da Associação dos Industriais de Panificação e Pastelaria de Angola (IPPA), Gilberto Simão.
O grupo “Top 15” das importações da cesta básica (representação das 15 empresas que mais importam tais produtos) também está convidado para o encontro, orientado pelo ministro do Comércio, Fiel Constantino.
Os preços subiram 35,3 por cento nos últimos 12 meses, até Julho, atingindo máximos históricos próximos da previsão do Executivo adoptada com a revisão orçamental de Agosto para todo o ano de 2016.
Dados publicados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) indicam que a inflação de Julho subiu 4,04 por cento, devido aos aumentos verificados nas classes “Saúde”, com 6,86 por cento, “alimentação e bebidas não alcoólicas”, com 5,94, “bens e serviços diversos”, com 4,94, e nas “bebidas alcoólicas e tabaco”, com 3,85. No Orçamento Geral do Estado para 2016, o Executivo prevê uma taxa de inflação (a 12 meses, de Janeiro a Dezembro) de 11 por cento, enquanto a revisão é elevada para 38,5 por cento.
Mais produtos nacionais
Os mercados informais de Luanda registam uma queda significativa nos preços dos produtos nacionais, enquanto os bens importados encarecem de forma substancial, podendo na maior parte dos casos atingir o dobro de há dois meses, noticiou a Angop.
Se, nos diferentes mercados, o quilograma de fuba de mandioca pode ser adquirido a 150 kwanzas e a de milho a 250 kwanzas, contra os respectivos 250 e 500 kwanzas, o quilograma de açúcar, que há dois meses era vendido a 300 kwanzas, agora custa 600 kwanzas, o que representa o dobro do preço anterior. Uma unidade de ovo nacional custa 60 kwanzas e o quilograma de sal (também nacional) 350 kwanzas, os mesmos preços praticados nas últimas três semanas.
O litro de óleo vegetal (importado) antes vendido a 700 kwanzas, custa agora mil kwanzas. O quilograma de arroz vale 500 kwanzas e o de feijão 800 kwanzas.
No início do ano em curso, o quilograma de arroz custava em média 300 kwanzas.
A reportagem da Angop nos mercados luandenses de São Paulo (Sambizanga), Congolenses (Rangel), Asa Branca (Cazenga), Panguíla (Bengo) e Kwanzas (Ngola Kiluanje), locais de abastecimento de grande parte dos habitantes da capital angolana registou uma disparidade de preços nos diferentes locais de vendas.
No mercado dos Congolenses, no município do Rangel, o arroz está a ser vendido a 500 kwanzas, preço elevado se comparado à oferta dos mercados dos Kwanzas, Asa Branca e Panguíla. Nesses últimos mercados, a mesma quantidade é vendida a 400 ou 450 kwanzas.
Contrariamente ao arroz, o feijão está ainda mais caro, com preço a atingir os 700 nos mercados periféricos dos Kwanzas, Asa Branca e Panguíla, contra um preço médio anterior de 400 kwanzas.
O óleo vegetal é comercializado a 1.500 no mercado dos Kwanzas, a 900 no Asa Branca e a 800 no Panguila. Ante a crescente alta do preço de arroz e feijão, os consumidores encontraram alternativa na massa alimentar, cujo preço do pacote situa-se entre os 250 e os 300 kwanzas nos mercados dos Kwanzas, Asa Branca e Panguila, contra os 200 anteriores. Os mercadores periféricos da capital angolana têm como fontes a cintura verde de Luanda (de onde obtêm os produtos agrícolas e as hortofrutícolas), as províncias vizinhas do Uíje, Cuanza Sul e Malanje, além dos armazéns retalhistas.