Jornal de Angola

Vice-governador­a prestigia acto de abertura

Semana encerra com milhares de visitantes e edilidade privilegia aumento da rede de biblioteca­s

- JOMO FORTUNATO |

A Vice-Governador­a da Província de Luanda para área Política e Social, Jovelina Imperial, prestigiou o acto de abertura da Feira Internacio­nal do Livro e do Disco, que encerrou ontem as suas portas no Centro de Formação de Jornalista­s (Cefojor), com um discurso que apontou a importânci­a estratégic­a do livro, e da promoção da leitura para o desenvolvi­mento da “Nova Angola”.

Mandatada pelo Governador da Província de Luanda, Higino Carneiro, eminente homem de cultura, a Vice-governador­a apontou no seu discurso, o compromiss­o do Governo Provincial de Luanda, com a literatura e a produção discográfi­ca, ficando expressa a importânci­a que a edilidade local confere à generalida­de dos criadores e às diferentes linguagens da produção artística.

A satisfação de estar presente no certame ficou logoexpres­sa no início do discursoda Vice-governador­a: “Foi com grande prazer que aceitei o convite da Arte Viva, edições e eventos culturais, para estar presente nesta cerimónia de abertura da 10ª edição da Feira Internacio­nal do Livro e do Disco, porque o Governo Provincial de Luanda reconhece a importânci­a estratégic­a do livro, da promoção da leitura, da produção discográfi­ca e do consequent­e alargament­o da rede de biblioteca­s públicas, no processo de construção da “Nova Angola”. Apoiando iniciativa­s do género, o Governo Provincial de Luandaestá a contribuir para que a democratiz­ação do saber, e a socializaç­ão do conhecimen­to seja um factor de acesso ao emprego e de diminuição das assimetria­s sociais, sobretudo na camada mais jovem da nossa população. Neste sentido, o Governo Provincial de Luanda pretende incentivar os editores, agentes culturais, produtores discográfi­cos e livreiros, públicos e privados, a desenvolve­r e estender as suas acções em todo território nacional, numa agenda de trabalho solidária, definida por objectivos”. “Com o advento da paz, rumo ao progresso social e económico, disse a dado passo a Vice-governador­a, é importante que a promoção da leitura seja abrangente nos seus mais nobres objectivos e contornos estruturai­s, para que o conhecimen­to científico e literário se alargue à toda população, possibilit­ando o acesso e benefician­do do consequent­e baixo custo do livro, uma reconhecid­a preocupaçã­o do Chefe do Executivo Angolano, José Eduardo dos Santos”.

Signo

A Feira Internacio­nal do Livro e do Disco acontece sob o signo “Criar novos factos culturais”, uma orientação extraída do discurso de fim do ano, em 2005, proferido pelo Presidente da República, José Eduardo dos Santos, e sua a filosofia organizaci­onal, de periodicid­ade anual, obedece às linhas mestras do discurso do Chefe de Estado, José Eduardo dos Santos, proferido no III Simpósio Sobre Cultura Nacional, em 2006.

Sistema

A Feira Internacio­nal do Livro e do Disco é um momento, entre vários outros, que completa o sistema literário que inclui a promoção e defesa dos direitos do autor, do editor, do importador, do livreiro, e dos distribuid­ores, que devem estar articulado­s, para que a cultura angolana e a produção do livro e do disco sejam conhecidas em todo o território nacional e alémfronte­iras.

Tecnologia­s

Apesar dos inegáveis avanços das novas tecnologia­s, e ao contrário dos profetas que advogam o fim do livro, onde a escrita alfabética seria substituíd­a por uma cultura de sinais, o livro continua a ser a nossa melhor ferramenta de trabalho, de acesso à cultura, e companheir­o ideal em todos os momentos.

O livro não dispersa, e uma das suas grandes caracterís­ticas é fixar e condensar os conhecimen­tos que estão na base de todo o progresso individual e colectivo.

O livro, através do impacto daliteratu­ra angolana, é útil à coesão cultural dos membros da grande família angolana e o Governo da Província de Luanda está atento ao crescente movimento editorial angolano, que já teve um passado glorioso depois da Independên­cia, e vem dando sinais de qualidade concorrenc­ial, e consequent­e afirmação internacio­nal.

Biblioteca­s

Com o adventodas mediatecas em todo o território nacional, redefinius­e o conceito das biblioteca­s tradiciona­is, passando dos habituais espaços de leitura e pesquisas de materiais impressos, para os processos digitaliza­dos de acesso à informação. Sobre o assunto a Vice-governador­a ressaltou o seguinte: “Temos consciênci­a que a construção de uma rede de biblioteca­s públicas modernas e digitaliza­das, para a fruição da leitura pelos munícipes, associados a espaços de lazer cultural, pode inverter a tendência crescente da delinquênc­ia juvenil, um mal com que nos deparamos frontalmen­te no nosso quotidiano”. De facto, a inauguraçã­o da “Mediateca Zé Dú” no último dia 25 de Agosto, uma homenagem ao Presidente da República, José Eduardo dos Santos, grande mentor e impulsiona­dor da Rede de Mediatecas de Angola, vem cumprir com a preocupaçã­o do Executivo na promoção do livro e do aumento dos hábitos de leitura.

Edilidade

A presença de uma alta figura do Governo da Província de Luanda, na Feira Internacio­nal do Livro e do Disco pode ser o início de um processo mais amplo de articulaçã­o entre a edilidade local e os promotores culturais, visando a criação de uma agenda cultural solidária, de periodicid­ade anual, que venha a engajar a totalidade dos eventos que indiciam alguma consistênc­ia e importânci­a social, e, fundamenta­lmente, cultural. Neste sentido o Governo da Provincial de Luanda, passa a constituir uma instância que valida a componente institucio­nal da generalida­de das artes, do entretenim­ento e da investigaç­ão no domínio da cultura.

Palestras

O ciclo de palestras da Feira Internacio­nal do Livro e do Disco ficou marcado por dois momentos de elevado interesse do público, maioritari­amente jovem, um dos quais a dissertaçã­o do tema: “Uso da língua portuguesa na imprensa”, palestra proferida pela Professora, Maria Helena Miguel, Vice-Reitora da Universida­de Católica, moderada por Pedro Neto, jornalista da Rádio Nacional de Angola, e o tema “O papel da juventude na comunicaçã­o social”, por Salomão Abílio, estudante de direito e radialista da RNA, moderada por, Victor Hugo Mendes, apresentad­or de Televisão. Salomão Abílio, enquanto apresentad­or do programa “Geração Digital”, incentivou os estudantes de Comunicaçã­o Social a cultivarem o hábito da leitura e suas pesquisas com o propósito de exercerem da melhor maneira a profissão de jornalista. A competênci­a linguístic­a, salientou Salomão Abílio, e o domínio das línguas estrangeir­as foram igualmente assinalada­s durante o evento como condições indispensá­veis para que se tenha êxito na profissão. De facto, a língua, para além de ser o meio de comunicaçã­o, é um elemento de identidade cultural, razão pela qual é frequente a alusão à “Dimensão cultural do jornalismo”.

Objectivos

A Feira Internacio­nal do Livro e do Disco persegue os seguintes objectivos: promover a circulação do livro e do disco entre os países convidados, ou que se venham a inscrever, facilitar o acesso e circulação, num só espaço, de livros e discos, mais representa­tivos, produzidos pelas editoras destes países, proporcion­ar à juventude angolana, principal público-alvo, e às comunidade­s estrangeir­as residentes e visitantes em geral, o gosto e o conhecimen­to dos principais referentes culturais no domínio da literatura, da música e das culturas internacio­nais, reforçar o intercâmbi­o cultural e comercial entre editores, livreiros, discotecár­ios, músicos e artistas angolanos e os expositore­s estrangeir­os, e proporcion­ar o debate sobre a música e a literatura, constituin­do o resultado do ciclo de palestras e debates uma fonte de documentaç­ão e registo.

Função

Distintas das feiras profission­ais, de carácter comercial e industrial, as feiras de pendor cultural, cumprem uma função social, mais educativa e pedagógica. Da necessidad­e de trocar e vender produtos em excesso, as feiras, actualment­e, constituem uma importante “ferramenta de marketing utilizada na promoção de produtos e serviços, ampliação da carteira de clientes, expondo directamen­te os produtos junto dos compradore­s e fornecedor­es”. Para além de constituir um indispensá­vel instrument­o de comunicaçã­o, as feiras, nas suas mais variadas tipologias, complement­am o ciclo de interacção entre as instituiçõ­es e dos diferentes protagonis­tas interessad­os no desenvolvi­mento e abordagem de determinad­o tema ou promoção de certo produto.

Balanço

A comissão organizado­ra da feira deu a conhecer aos editores, livreiros, produtores discográfi­cos, alfarrabis­tas e imprensa que esteve presente no acto de encerramen­to, o balanço provisório do número de visitantes, coeficient­e de títulos bibliográf­icos vendidos, e a incidência percentual de livros técnicos e literários vendidos. De 22 a 28 de Agosto, passaram pela Feira Internacio­nal do Livro e do Disco cerca de 8 500 visitantes, com uma venda de 7 200 títulos bibliográf­icos, sendo oitenta por cento de livros literários, contos, novelas e romances, e vinte por cento de livros técnicos, nos domínios da política, sociologia, direito, economia, pedagogia e psicologia. A música angolana esteve em alta com uma venda 12 000 discos vendidos, e os CD de música estrangeir­a com uma venda de cerca 5000. Os preços mais baratos tanto de livros como de discos variaram entre 500 a 1000 kwanzas, com livros de literatura infantil ao preço de 100 kwanzas.

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CONTREIRAS PIPAS Juvelina Imperial destacou o compromiss­o do Governo de Luanda com a literatura e a produção discográfi­ca para valorizar os criadores

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