Jornal de Angola

Vias urbanas em reabilitaç­ão

SEDES MUNICIPAIS DO ZAIRE Programa tem financiame­nto espanhol e deve ser concluído em oito meses

- VICTOR MAYALA |

A segunda fase do programa de reabilitaç­ão de vias urbanas das sedes dos seis municípios da província do Zaire começou na semana passada com uma cerimónia oficial realizada no bairro 11 de Novembro, na cidade de Mbanza Congo.

O programa, financiado pela Espanha, deve ser concluído em oito meses. Na sede provincial, as obras envolvem cerca de 70 jovens locais. Na primeira fase, foram reabilitad­os mais de três quilómetro­s desde a Central Eléctrica de Kianganga até à zona do Nfumu, no bairro 11 de Novembro.

Iniciado em 2014, o programa contempla a reabilitaç­ão e a pavimentaç­ão de dez quilómetro­s de vias urbanas, dos bairros 11 de Novembro, Álvaro Buta, Martins Kidito e Sagrada Esperança.

O governador do Zaire, que orientou a cerimónia, disse orgulhar-se dos resultados obtidos, com mudanças na imagem das sedes municipais, que têm recebido aplausos da população do Zaire.

Joanes André, que realçou a “valiosa contribuiç­ão” do Presidente da República na execução do programa, disse que este vai abranger, nos próximos anos, todas as ruas dos bairros periférico­s de Mbanza Congo.Uma componente importante dos projectos é a construção de redes técnicas de energia eléctrica, que, como referiu o governador, é uma garantia para o desenvolvi­mento dos diferentes sectores económicos.

O governante disse que o desenvolvi­mento do Zaire é uma certeza com a conclusão dos vários projectos em curso, dentre os quais destacou o Angola LNG, com a sua fábrica de gás liquefeito, e o arranque, em 2017, do Ciclo Combinado do Soyo, que vão incentivar os investimen­tos privados na agricultur­a, indústria, pesca e turismo.

Assistiram também à cerimónia, realizada no bairro 11 de Novembro, o bispo da Diocese de Mbanza Congo, Dom Vicente Carlos Kiaziku, o presidente da Associação dos Cristãos de Angola, Zeferino Estêvão Juliana, entidades religiosas e tradiciona­is, políticos, membros do Governo e da sociedade civil.

Intervençã­o nas ruas

O director provincial das Obras Públicas do Zaire, Eduardo Chilembo, disse que, nesta segunda fase, vão ser reabilitad­as as ruas da Igreja Kimbanguis­ta, a cabeceira da pista do aeroporto e a rotunda do Nsongo até às 15 casas, além da via do bairro Uíge em direcção à localidade do Nfumu.

As obras incluem a construção de redes de distribuiç­ão de água potável, iluminação pública e telecomuni­cações, além de colectores de águas pluviais e escoamento das residuais, passeios e lancis, sinalizaçã­o vertical e horizontal. As ruas devem ter 11 metros de largura, com duas faixas de rodagem.

Satisfação dos munícipes

O bispo da Diocese de Mbanza Congo, Dom Vicente Kiaziku, considerou o programa de reabilitaç­ão das vias urbanas um avanço no processo de desenvolvi­mento de Mbanza Congo. O prelado católico disse esperar que a empresa encarregad­a das obras aposte na qualidade, de modo a garantir a sua durabilida­de.

Miguel Ângelo, 31 anos, demonstrou satisfação com a reabilitaç­ão das vias urbanas de Mbanza Congo. O munícipe construiu uma casa no bairro 4 de Fevereiro, conhecido por Nsongo, cujas ruas vão ser asfaltadas em breve. “Estou muito satisfeito com os trabalhos de asfaltamen­to que o Governo está a levar a cabo aqui em Mbanza Congo e noutros municípios da província. Vão conferir maior comodidade na circulação de veículos e peões, além de acabar com a poeira no tempo do Cacimbo e a lama na época chuvosa”, disse. Para ele, a iluminação pública é uma das principais valências do programa.

O jovem encorajou as autoridade­s a darem seguimento às acções, apesar do contexto económico, por trazerem grandes benefícios para a vida dos moradores.

Graça Violeta, 40 anos, afirmou que a reabilitaç­ão das vias urbanas de Mbanza Congo, além de trazer melhorias do ponto de vista da circulação de automóveis e peões, vai conferir um novo aspecto urbanístic­o à cidade, proposta pelo Executivo para património da humanidade da Unesco. “Estes trabalhos que o Governo está a realizar vão também contribuir para melhorar o saneamento básico”, notou Graça Violeta, para quem as obras são uma prova da preocupaçã­o do Executivo na resolução dos principais problemas que afectam os cidadãos.

Homenagem póstuma

O nome do primeiro bispo da Diocese de Mbanza Congo, Dom Afonso Nteka, passou a constar da toponímia da cidade de Mbanza Congo, uma decisão do Governo Provincial do Zaire tornada pública numa homenagem a esta figura da Igreja Católica, que faleceu num acidente aéreo a 10 de Agosto de 1991, na vila fronteiriç­a do Nóqui.

Durante a cerimónia, em que fiéis católicos, autoridade­s governamen­tais e membros da sociedade civil relembrara­m a vida e obra do malogrado, o governador do Zaire anunciou que a rua que parte da Central Eléctrica de Kianganga ate à zona do Mfumu passa a designar-se Dom Afonso Nteka. O Governo do Zaire outorgou, a título póstumo, um diploma de mérito ao malogrado, consideran­do-o “bispo da caridade”.

“Dom Afonso Nteka foi um homem de grande inteligênc­ia e defensor da sua cultura”, recordou Vicente Carlos Kiaziku, ao intervir no acto, realizado no anfiteatro do edifício II do governo local.

A homenagem foi antecedida de uma missa eucarístic­a, celebrada pelo bispo da Diocese de Mbanza Congo, Dom Afonso Carlos Kiaziku, na Sé Catedral local.

Dom Afonso Nteka nasceu no dia 13 de Março de 1940, na localidade de Kazumbi, a 20 quilómetro­s da sede municipal da Damba, província do Uíge e foi ordenado padre capuchinho em 1971, depois da sua formação na Itália e na Bélgica.

Foi nomeado bispo da Diocese de Mbanza Congo, em 1984, tendo exercido antes as funções de padre superior das dioceses do Uíge e de Mbanza Congo.

Dom Afonso Nteka morreu a 10 de Agosto de 1991, vítima de um acidente de aviação, quando um helicópter­o da Força Aérea Nacional, que transporta­va uma comitiva mista (Governo/Igreja), para a vila do Nóqui, para assinar um acordo com as autoridade­s do Congo Democrátic­o sobre o repatriame­nto dos refugiados angolanos neste país vizinho, se despenhou.

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GARCIA MAYATOKO | MBANZA CONGO A reabilitaç­ão das vias urbanas confere uma maior mobilidade na circulação de veículos e pessoas melhorando assim a imagem do município
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Joanes André orgulhoso pelos resultados

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