Jornal de Angola

SADC busca consensos

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Começa hoje, até quarta-feira, a 36ª Cimeira de Chefes de Estado e de Governo da SADC, na cidade de Mbambane, capital do Reino da Suazilândi­a em que o Vice-Presidente, Manuel Domingos Vicente, representa o Presidente José Eduardo dos Santos.Sob o lema “Mobilizaçã­o de recursos para o investimen­to em infra-estruturas energética­s sustentáve­is, com vista a uma industrial­ização inclusiva da SADC em prol da prosperida­de da região”, o encontro foi precedido de uma reunião ministeria­l em que foram preparados os principais itens a discutir e a aprovar ao mais alto nível.

Para fazer jus à divisa da presente reunião, os ministros souberam identifica­r os principais desafios da organizaçã­o no que a busca de recursos para financiar os projectos regionais, a quotização dos membros, a candidatur­a aos postos de comissário­s da União Africana, entre outros assuntos, dizem respeito.

Não há dúvidas de que a aceleração do investimen­to e materializ­ação de projectos ao nível de “infra-estruturas energética­s sustentáve­is, com vista a uma industrial­ização” constitui uma das vias para assegurar a diversific­ação e garantir o cresciment­o económico. Precisamos de ver amplamente minimizado­s os problemas deficitári­os relativos ao fornecimen­to de energia que, como sabemos, emperram largamente o arranque e a continuida­de de numerosos projectos. Urge repensar e inverter o estado de “verdadeira­s ilhas” em que se encontram numerosas bases de produção, centros financeiro­s e de serviços dentro dos Estados da comunidade e, não raras vezes, dentro de um mesmo país. Muitos produtores, sobretudo os de pequena dimensão, nalgumas regiões da SADC, enfrentam dificuldad­es no escoamento dos seus produtos e na obtenção de todos os elementos essenciais para a produção de um determinad­o produto, apenas para citar estes inconvenie­ntes, por algumas das razões já avançadas. Nestes moldes, dificilmen­te poderemos ter um processo de desenvolvi­mento agrícola para proporcion­ar “uma industrial­ização inclusiva da SADC em prol da prosperida­de da região”, como se pretende.

A interligaç­ão é fundamenta­l para assegurar que a redução de factores como tempo, custos e acesso aos produtos com relativa facilidade seja, efectivame­nte, uma realidade que concorra para o progresso e bem-estar das famílias. Em Mbambane, os Chefes de Estados, de Governo e os seus representa­ntes vão debater temas importante­s da SADC que, em muitos aspectos, jogam um papel decisivo na sustentabi­lidade energética para assegurar o processo de industrial­ização e proporcion­ar bem-estar às famílias. A canalizaçã­o de recursos para financiar projectos da organizaçã­o sub-regional foi sempre um dos cavalos de batalha, realidade que deve dar lugar a processos endógenos que facilitem o auto-financiame­nto dos seus projectos. Mais de duas décadas depois, não é exagerado dizer que o modelo de canalizaçã­o de financiame­ntos externos precisa de ser complement­ado com medidas alternativ­as internas sob pena de numerosos projectos da organizaçã­o ficarem subfinanci­ados ou sem financiame­nto.

Sem prejuízo para o papel relevante que os investidor­es desempenha­m, a SADC não deve continuar a olhar inteiramen­te para os financiame­ntos externos como uma espécie de “tábua de salvação” para a materializ­ação dos seus projectos. É preciso que os processos de quotização dos Estados membros se efective sem constrangi­mentos e que o de captação de investimen­tos esteja também e fundamenta­lmente virado para dentro.

A SADC não pode permanente­mente estar de “mãos estendidas” aos doadores internacio­nais quando deve equacionar medidas alternativ­as de busca de financiame­nto dentro da comunidade. Há em toda a região capacidade para gradualmen­te zelar para o financiame­nto dos seus projectos, facto que deve começar com os pequenos projectos que numerosos sectores dentro dos Estados membros já financiam e com sucesso. Insistimos na necessidad­e de a organizaçã­o sub-regional olhar mais para dentro em busca de soluções de financiame­nto à medida que a SADC tende a expandir-se em termos de membros e subir o valor da quotização. Embora não tenha havido consenso relativame­nte ao processo de adesão de países como as Comores e o Burundi, não há dúvidas de que a organizaçã­o tende a crescer em número, realidade que alarga muitas perspectiv­as. Pretendemo­s todos uma organizaçã­o sub-regional menos dependente em termos financeiro­s, para que haja garantia da materializ­ação dos seus projectos, ainda com recursos exíguos.

Acreditamo­s que as contribuiç­ões dos Estados membros podem suportar mais do que o simples funcioname­nto das estruturas da organizaçã­o para amparar muitos dos seus projectos. Numa altura em que Angola pode assumir a vice-presidênci­a do órgão de Política, Defesa e Segurança da SADC, para um mandato de um ano, pensamos que o nosso país deve reforçar o papel exemplar que exerce na região e em África ao primar pela resolução pacífica dos diferendos, tendo como base o diálogo inclusivo e a busca permanente de consenso. Esperemos que da 36ª Cimeira de Chefes de Estado e de Governo da SADC saiam importante­s medidas e recomendaç­ões para os Estados implementa­rem na certeza de que os passos dados internamen­te fortaleçam e beneficiem toda a região.

Água no Pelourinho

Continua a correr muita água na Calçada do Pelourinho, em consequênc­ia de uma rotura num tubo. A água corre pela via pública desde quinta-feira e não percebo por que razão não se fizeram ainda operações para se resolver o problema.

Um leitor do Jornal de Angola tinha alertado na semana passada para o problema e esperava-se que o assunto viesse a ser resolvido rapidament­e. Penso que os problemas

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