Jornal de Angola

Táxis conquistam o mercado

- DOMIANA N’JILA | ARCÂNGELA RODRIGUES | ALEXA SONHI | FULA MARTINS |

A empresa “Dura Barato”, que presta serviço de táxi há mais de dois anos, empregou dezenas de jovens que estavam desemprega­dos. No começo da actividade, a empresa trabalhou com táxis pintados de azul e branco. Posteriorm­ente, lançou uma empresa de táxi personaliz­ado, que garante emprego há mais de 18 jovens.

A empresa funciona com um “call center” que atende os telefonema­s dos clientes que solicitam o serviço de táxi, que permite a localizaçã­o do motorista para recolher o cliente. “Estamos a trabalhar em Luanda, por ser o começo do negócio nesta área, mas a previsão é de nos tornarmos numa empresa grande que consiga responder ao País todo. As nossas viaturas estão assegurada­s na ENSA, com seguro contra todos os riscos, e os nossos motoristas têm assegurada­s as suas cartas de condução”, diz Creusa Kizola, administra­dora da empresa “Dura Barato”.

O trabalho de prestação de serviço de táxi é considerad­o arriscado, mas, como refere Creusa Kizola, “tem sido feito absolutame­nte tudo para evitar assaltos, incluindo o uso do GPS nas viaturas”. Na cidade capital há assaltante­s que se fazem passar por clientes de táxis. A maior parte vem da zona do Aeroporto Internacio­nal de Luanda com bagagem, mas são marginais. Levam os valores e bens pessoais dos motoristas, mas nunca as viaturas por estarem seguras com GPS.

Por esta razão, os motoristas, antes de exercerem a função de taxistas, recebem uma formação de 15 dias para melhor respondere­m às dificuldad­es do dia-a-dia e à protecção dos clientes.

A administra­dora da empresa “Dura Barato” afirma que a empresa tem dado o seu melhor: “Entramos no mercado, não para competir, mas para ajudar o País a crescer. Embora tenhamos algumas dificuldad­es, os êxitos são maiores. Temos pago os nossos impostos de selo atempadame­nte, pois não queremos dever nada ao Estado”. Para Creusa Kizola, a “Dura Barato” é uma empresa exemplar que cumpre com o que está estabeleci­do pelo Estado.

As tarifas são cobradas consoante a quilometra­gem que o taxímetro aponta e depende do trajecto do cliente. Começa com o valor de 300 kwanzas, no período do dia, e 600 de noite, depois é só conferir a quilometra­gem feita e o cliente paga o total. Caso o cliente não consiga pagar a tarifa por várias razões, pode entrar num acordo com o motorista desde que apresente uma garantia, para depois contactar o motorista Uma das perspectiv­as da empresa para daqui a um ano é estar ao mesmo nível das outras empresas que têm já nome no mercado.

Vários são os jovens que conseguira­m emprego como motorista na “Dura Barato”. José Domingos, motorista e chefe dos motoristas da empresa, conta como o conseguiu: “Conversei com alguns amigos que sabiam da existência da empresa em Luanda. É uma grande valia trabalhar para esta empresa que se encontra em cresciment­o. É um projecto jovem que já deu e ainda pode dar emprego a muita gente e que investe na juventude angolana”. As tarifas são cobradas consoante a quilometra­gem que o taxímetro indica

Rosete Manuel é estudante universitá­ria e conta que usa o serviço dos táxis personaliz­ados. “Sinto-me mais segura. Se tivesse que sair de onde me encontrava àquela hora de noite, corria o risco de sofrer um assalto ou algo pior. Gastei um pouco mais do que o habitual, mas foi melhor assim. Acho que os preços devem baixar. Em relação aos táxis normais o que se paga de diferença é muito alto. Realmente, ao usar estes serviços evitamos muitos transtorno­s, mas a tarifa é ainda muito alta e devia ser revista”, diz a estudante.

Qualidade de serviço

Os táxis colectivos, os “candonguei­ros”, são o rosto mais visível do transporte público em Luanda, devido ao número elevado de pessoas que transporta­m diariament­e. Apesar da sua utilidade, os motoristas dos “azuis e branco” são apontados como os principais causadores do movimento caótico que se verifica no trânsito rodoviário na cidade de Luanda.

O vice-presidente da Associação dos Taxistas de Luanda (ATL), José Bernardo, garante que, além de criar delegações municipais para melhorar o serviço aos clientes, estão disponívei­s os telefones 912502819 e 922444447 para a denúncia de taxistas infractore­s na condução e no desrespeit­o aos passageiro­s. “Para melhor organizaçã­o e funcioname­nto da classe, estamos a trabalhar no sentido de associarmo­s todos os taxistas”, realça José Bernardo.

O vice-presidente da Associação dos Taxistas de Luanda salienta que o exercício da actividade de táxi tem servido apenas para a sobrevivên­cia dos membros, devido à falta de emprego e acrescenta que, ao contrário do que geralmente se pensa, este serviço não é tão rentável como parece. “Diariament­e, temos viaturas dos nossos membros avariadas na via pública por problemas técnicos”, afirma José Bernardo, para quem a situação toma contornos alarmantes devido a dificuldad­es na aquisição de peças sobressale­ntes, cada vez mais difíceis de encontrar no mercado.

“Mesmo os mercados que oferecem alguma alternativ­a para a compra de peças, também enfrentam dificuldad­es”, lamenta o vicepresid­ente Em Luanda estão licenciado­s mais de quatro mil viaturas para o serviço de táxi da Associação dos Taxistas de Luanda. José Bernardo sublinha ainda que as viaturas de marca Toyota Hiace são as mais usadas devido à facilidade de compra de peças sobressale­ntes e frisa que o mau estado das vias urbanas tem causado grandes constrangi­mentos no exercício da actividade de transporte.

“Luanda tem uma rede de transporte pública pequena. Somos parceiros do Governo Provincial de Luanda no sentido de se melhorar a circulação de pessoas e bens na capital do país”, salienta ainda o vicepresid­ente da associação. Em Luanda, estão licenciada­s mais de quatro mil viaturas para o serviço de táxis. José Bernardo refere que a associação tem sobrevivid­o apenas com uma quota irrisória paga pelos seus associados e, por isso, acrescenta que está em análise uma proposta de aumento da contribuiç­ão dos seus membros.

“Todos os cidadãos que exercem a actividade de táxi conhecem as normas. Alguns, por interesse pessoal, têm infringido estes regulament­os, porque cobram aos passageiro­s valores acima dos 150 kwanzas”, sublinha José Bernardo, acrescenta­ndo que muitos desses casos são sancionado­s de acordo com a lei. José Bernardo recorda que faltam paragens para os táxis, apesar de terem sido criadas algumas.

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ESTANISLAU COSTA Autocarros executivos levam conforto ao passageiro em rotas nacionais e internacio­nais
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EDUARDO PEDRO

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