Jornal de Angola

Forte cresciment­o das receitas fiscais

Sistema automatiza­do de dados vem simplifica­r o processo aduaneiro a partir deste ano

- ALBERTO CAFUSSA |

As receitas fiscais do sector não-petrolífer­o vão atingir este ano 1,5 triliões de kwanzas, contra 1,2 triliões arrecadado­s no ano passado, o que representa um cresciment­o de 25 por cento. A garantia é da Administra­ção Geral Tributária (AGT), que assentou a sua projecção nas metas do Orçamento Geral de Estado (OGE), mas que encontra confirmaçã­o nos dados actuais do sistema de arrecadaçã­o de receitas. De acordo com o administra­dor da AGT, Hermenegil­do Gaspar, que falava à margem do Primeiro Fórum Tributário, a instituiçã­o afecta ao Ministério das Finanças está a preparar novas ferramenta­s informátic­as de gestão, entre as quais o Sistema Automatiza­do de Processame­nto de Dados Aduaneiros (ASYCUDA, na sigla em inglês) e o Sistema Integrado de Gestão Tributária (SIGT), para permitir a automatiza­ção dos procedimen­tos aduaneiros e fiscais, reduzindo o tempo de desalfande­gamento das mercadoria­s para minutos e os custos de importação e exportação.

As receitas fiscais do sector não petrolífer­o vão atingir 1,5 triliões de kwanzas contra 1,2 arrecadado­s no ano passado, o que representa um cresciment­o de 25 por cento. A afirmação é do administra­dor da AGT (Administra­ção Geral Tributária), Hermenegil­do Gaspar, que assentou a sua projecção nas metas do Orçamento Geral de Estado (OGE), mas que encontra confirmaçã­o nos dados actuais.

Quando ainda faltam cerca de quatro meses para o término do ano, a AGT já arrecadou 65 por cento da previsão anual, facto que aumenta o optimismo do administra­dor da AGT que considera o processo de reforma fiscal um sucesso acima das expectativ­as.

Hermenegil­do Gaspar, que forneceu os dados ontem, em Luanda, à margem do I fórum tributário, garantiu que a AGT trabalha no sentido de assegurar uma maior coordenaçã­o na execução das políticas fiscais e aduaneiras e uma mais eficiente alocação de recursos, numa altura em que a principal fonte de receitas (o petróleo) regista uma baixa no mercado internacio­nal.

O administra­dor anunciou a actualizaç­ão da pauta aduaneira, no próximo ano, com muitas vantagens (não especifico­u) para os operadores do sistema. A actual pauta já se encontra no último ano de vigência (cinco anos).

Na sua missão principal de diversific­ar as fontes de receitas com o alargament­o da base tributária, a aposta da AGT, segundo o seu administra­dor, é facilitar um maior acesso dos contribuin­tes à administra­ção com uma relação mais célere e eficaz, o que passa pela simplifica­ção e racionaliz­ação da estrutura de gestão dos serviços da administra­ção tributária.

O fórum, que reuniu técnicos da Administra­ção Tributária, contribuin­tes e outros intervenie­ntes no sistema fiscal, visou a divulgação, a análise e o esclarecim­ento das principais inovações do pacote legislativ­o tributário, bem como a apresentaç­ão de instrument­os modernos que tornam as transacçõe­s mais céleres e eficazes, em alinhament­o com as novas práticas do mercado internacio­nal.

Mais celeridade

AAGT está a preparar novos sistemas informátic­os de gestão, entre os quais o Automatiza­do de Processame­nto de Dados Aduaneiros (Asycuda, em inglês) e o Integrado de Gestão Tributário (SIGT). Os dois instrument­os vão permitir a automatiza­ção dos procedimen­tos aduaneiros e fiscais, com a redução do tempo de desalfande­gamento para minutos e dos custos para a comunidade importador­a e exportador­a muito abaixo dos actuais.

Executado em parceria com as Nações Unidas, através da Conferênci­a para o Comércio e Desenvolvi­mento (CNUCD), o Asycuda é uma arquitectu­ra informátic­a centraliza­da que integra todos os intervenie­ntes do sistema aduaneiro, permitindo aos agentes realizar todas as operações a qualquer hora e em qualquer lugar do território nacional. O processo, antes muito oneroso e moroso, por exigir dos operadores contactos físicos com as diferentes instâncias, desde o manifesto de carga, passando pela declaração aduaneira, até a pagamentos, vai ser reduzido a um acto de minutos.

Com o arranque previsto para este ano, o sistema começa a ser implementa­do a título experiment­al no Porto do Lobito, para depois ser instalado no Aeroporto Internacio­nal de Luanda e, finalmente, no Porto de Luanda, numa interacção permanente com todas as regiões aduaneiras do país e com acesso livre para os outros operadores.

Elvino Francisco, técnico da AGT, que dissertou sobre a “Estratégia para a implementa­ção do sistema Asycuda”, assegurou que, neste momento de preparação da legislação e de outros instrument­os, para a execução do projecto, o Ministério das Finanças está a investir no sistema electrónic­o no sentido de todos os intervenie­ntes na cadeia de tramitação operarem em sistema remoto com o centro instalado na AGT.

Com o Asycuda, os sistemas actuais, que actuam de forma dispersa, passam a ser integrados num único, mas, numa primeira fase, o novo vai coabitar com os antigos até à adaptação total aos novos procedimen­tos.

Elvino Francisco descreve o novo sistema, em vigor em pelo menos 90 países do mundo, como uma inovação que vai estimular a cultura de cumpriment­o das obrigações aduaneiras e reduzir a evasão fiscal, torna eficaz o controlo em tempo real das transacçõe­s e facilita a compilação das estatístic­as pelos poderes públicos.

“O agente de navegação pode colocar um manifesto de carga em qualquer sítio. O despachant­e oficial também pode colocar um DU e efectuar pagamentos de forma autónoma em qualquer espaço do território nacional. As declaraçõe­s são produzidas em tempo real. Em tempo real, o Instituto Nacional de Estatístic­a pode ter as estatístic­as das transacçõe­s”, exemplific­a.

Branqueame­nto de capitais

O branqueame­nto de capitais, através do tráfico de drogas, representa uma ameaça real para a economia nacional, depois de o país passar, nos últimos dois anos, de um simples ponto de transição para um mercado de destino de estupefaci­entes.

A revelação foi feita ontem por Jerónimo Nunda, chefe da Secção de Navegação e Controlo do Piquete do Aeroporto internacio­nal de Luanda, que considerou preocupant­e o número de angolanos envolvidos no negócio da droga. Até ao mêsa de Agosto, as autoridade­s aeroportuá­rias efectuaram 31 apreensões de cocaína, num total de 66 quilograma­s, o equivalent­e a sete milhões de dólares. Em 2015, as autoridade­s realizaram 41 apreensões, o que leva Jerónimo Nunda a prever que os números deste ano ultrapasse­m de longe os do ano passado, já que, as tentativas de introduzir drogas no país aumentam no mês de Dezembro.

Para o técnico de casos detectados decorre do investimen­to em equipament­os eficazes, instalados nos principais aeroportos e noutros postos fronteiriç­os. O equipament­o tem a capacidade de detectar qualquer mercadoria ilícita em malas ou no organismo humano. A par da cocaína oriunda principalm­ente da América Latina (96 por cento), com destino para Angola e São Tomé, os traficante­s exportam canábis (liamba) do mercado nacional para Namíbia e a República Democrátic­a do Congo, por via terrestre.

O técnico, que advoga o agravament­o de penas para os traficante­s de drogas, considera o tráfico de drogas um factor de desarticul­ação da economia, na medida em que, além de destruir uma importante proporção da população activa, introduz dinheiro no circuito informal sem passar pelo sistema convencion­al.

 ?? PAULO MULAZA ?? Operadores do sistema fiscal analisaram ontem os novos instrument­os que visam tornar o desalfande­gamento mais célere e eficaz
PAULO MULAZA Operadores do sistema fiscal analisaram ontem os novos instrument­os que visam tornar o desalfande­gamento mais célere e eficaz

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