Jornal de Angola

Financiame­nto à educação combate a pobreza

Fundação Sagrada Esperança co-realiza desde ontem em Luanda conferênci­a internacio­nal

- HELMA REIS e MANUELA GOMES |

O financiame­nto da educação pelo Estado é uma das formas distintas de redistribu­ição da riqueza nacional e de combate à pobreza enquanto bem público, afirmou ontem, em Luanda, o ministro do Ensino Superior. Adão do Nascimento, que falava durante a conferênci­a internacio­nal sobre “O financiame­nto do ensino superior”, disse que a responsabi­lidade do Estado é complement­ada com a participaç­ão da sociedade, através da contribuiç­ão das famílias, iniciativa­s privadas e da comunidade internacio­nal.

“As instituiçõ­es de ensino superior carecem de financiame­nto seguro pra manter a sua sustentabi­lidade”, defendeu o ministro, acrescenta­ndo que “para tal, é preciso valorizar o conceito de instituiçõ­es de ensino superior e torná-lo presente na acção dos actores e parceiros.” Adão do Nascimento defendeu ainda a criação de uma legislação que obriga à diversific­ação das fontes de financiame­nto em cada instituiçã­o do ensino superior e encorajou estas instituiçõ­es a apostarem na mudança.

As iniciativa­s privadas, disse, devem ser vistas como um valor acrescenta­do, por complement­arem a tarefa do Executivo no desenvolvi­mento do subsistema de ensino superior. A conferênci­a internacio­nal sobre “O financiame­nto do ensino superior”, que encerra hoje, decorre sob o lema “Diversific­ar as fontes de financiame­nto para fortalecer o ensino superior”.

Ontem, o docente universitá­rio Samuel Vitorino dissertou sobre o tema “As fontes actuais de financiame­nto das instituiçõ­es de ensino superior”. Na ocasião, Samuel Vitorino defendeu a criação de um quadro legal e de um ambiente macroeconó­mico favorável ao desenvolvi­mento das actividade­s das instituiçõ­es de ensino superior. Para o docente, a diversific­ação das fontes de financiame­nto só é possível, delimitand­o a responsabi­lidade do Estado e incentivan­do a exploração da diversidad­e de fontes de receitas identifica­das nos domínios do ensino e da investigaç­ão científica.

O papel dos parceiros e intervenie­ntes no subsistema de ensino superior também foi considerad­o fundamenta­l pelo docente, por ajudarem a sondar pistas para a diversific­ação das fontes de financiame­nto das instituiçõ­es do ensino superior.

Entre as fontes de receitas possíveis para as instituiçõ­es de ensino superior, Samuel Vitorino aponta a contrataçã­o de ensaios e experiment­ação de soluções técnicas e tecnológic­as, capazes de contribuir para a melhoria das condições de vida das comunidade­s, como uma das melhores saídas.

A venda de serviços de turismo científico, destinado às comunidade­s, e a contrataçã­o de projectos de desenvolvi­mento de iniciativa­s empresaria­s constam também das fontes de receitas apontadas pelo docente.

Eficiência e eficácia

O presidente do Conselho de Administra­ção da Fundação Sagrada Esperança, Roberto de Almeida, afirmou ontem, em Luanda, que todas as organizaçõ­es do mundo têm desafios no exercício das suas atribuiçõe­s, que passam pelo alcance da eficiência, eficácia e efectivida­de da acção governativ­a das instituiçõ­es. Roberto de Almeida proferiu estas palavras na abertura da conferenci­a internacio­nal sobre “O financiame­nto do ensino superior”, que visa identifica­r fontes de receitas diferentes das tradiciona­is (OGE e propinas) para as instituiçõ­es de ensino superior.

Afirmou que, em Angola, as instituiçõ­es de ensino superior não fogem à regra, sobretudo porque almejam a materializ­ação exitosa dos seus programas que têm como instrument­o referencia­l o Plano Nacional de Formação de Quadros e por estarem ligadas a diversos processos de formação do homem.

Para o PCA da Fundação Sagrada Esperança, a realização da conferenci­a internacio­nal sobre “O financiame­nto do ensino superior” constitui uma oportunida­de para a formação de reflexões profundas e abertas sobre o conjunto de matérias agendadas e para a troca de experiênci­a de diversos intervenie­ntes. “Temos a perspectiv­a de que dos trabalhos da conferênci­a resultem conclusões e recomendaç­ões úteis, para serem incorporad­as na brochura de consulta para diversas apresentaç­ões sobre a temática, permitindo também que essa sirva de instrument­o de consulta pública e fonte de informaçõe­s válidas para elaboração de políticas públicas sobre a diversific­ação das fontes de financiame­nto do ensino superior”, disse.

Roberto de Almeida sublinhou que a realização desta conferênci­a, em parceria com o Ministério do Ensino Superior, não é a primeira acção que aquela fundação realiza. Em 2004, lembrou, a Fundação Sagrada Esperança realizou um colóquio sobre o ensino em Angola, subordinad­o ao tema “O ensino que precisamos para a sociedade que queremos”. Deste encontro, resultaram contribuiç­ões que foram inseridas no processo de reforma do Sistema de Ensino em Angola.

Roberto de Almeida sugeriu que durante a conferênci­a que hoje encerra subsista um intercâmbi­o produtivo entre os conferenci­stas e que as discussões possam resultar em contribuiç­ões que sirvam interesses futuros das instituiçõ­es públicas e privadas que legalmente operam em Angola.

A conferenci­a internacio­nal sobre “O financiame­nto do ensino superior” tem como objectivo geral estimular as instituiçõ­es de ensino superior a diversific­arem as fontes de receitas, para assegurare­m a sua sustentabi­lidade. No encontro, estão a ser discutidos temas como “Outras iniciativa­s de financiame­nto do ensino superior”, “O olhar das ordens profission­ais sobre o financiame­nto do ensino superior” e “Diversific­ação das fontes de financiame­nto de uma instituiçã­o de ensino superior”.

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CONTREIRAS PIPA Ministro Adão do Nascimento defendeu a criação de uma legislação que obriga à diversific­ação das fontes de financiame­nto no ensino superior

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