Saída de Dilma causa distintas reacções
O impeachment de Dilma Rousseff gerou reacções distintas entre os vizinhos sul-americanos do Brasil, do congelamento de relações anunciado pelo Governo da Venezuela, passando pela retirada do máximo representante do Equador em Brasília, até ao “respeito” manifestado pelos governos da Argentina, Chile e Paraguai.
Num comunicado, a Venezuela anunciou que decidiu retirar definitivamente o seu embaixador no Brasil e congelar as relações políticas e diplomáticas com o governo surgido “desse golpe parlamentar”. O Presidente venezuelano, Nicolás Maduro, condenou o que chamou de “Golpe Oligárquico da direita.”
O Equador retirou o seu encarregado de negócios, até então o principal representante diplomático em Brasília. Num comunicado, o Governo equatoriano, que em Maio convocara “para consultas” o seu embaixador no Brasil, que não voltou ao posto e foi nomeado representante permanente do Equador na ONU, informou que a sua embaixada no Brasil fica a cargo do terceirosecretário e advertiu que “provavelmente” a relação bilateral entre os dois países “vai ser afectada.”
O Presidente da Bolívia, Evo Morales, convocou para consultas o seu embaixador no Brasil após condenar o “golpe parlamentar.”AAliança Bolivariana para os Povos da Nossa América (Alba) - que integra a Venezuela, Bolívia, Equador e Nicarágua - também condenou o que considera “golpe de Estado parlamentar” no Brasil que “demonstra que as forças regressivas do hemisfério continuam a trabalhar para desestabilizar e de provocar golpes de Estado contra os governos progressistas da região.”
Com uma postura mais moderada, o Governo argentino de Mauricio Macri disse que “respeita” o processo de destituição de Dilma Roussef e “reafirma a vontade de continuar pelo caminho de uma real e efectiva integração com base no absoluto respeito pelos direitos humanos, as instituições democráticas e o Direito Internacional.” O mesmo tom foi adoptado pelo Governo do Chile, que se declarou “respeitoso” quanto à decisão e manifesta confiança “que o Brasil vai resolver os seus próprios desafios, por meio da sua institucionalidade democrática”.
O Paraguai também diz respeitar a decisão “tomada pelas instituições democráticas brasileiras” e vai procurar aprofundar as relações políticas, económicas e comerciais com a nova administração liderada pelo Presidente Michel Temer, apesar do mau clima.