Jornal de Angola

Costumes de Pungo Andongo em palco

PEÇA “FEITICEIRO E INTELIGENT­E” Etu Lene inicia amanhã a primeira temporada do projecto cultural “Kusanguluk­a”

- MANUEL ALBANO |

A primeira temporada do projecto cultural “Kusanguluk­a” apresenta a partir de amanhã todos os sábados do mês de Setembro, às 19h00, o espectácul­o “O feiticeiro e o inteligent­e”, pelo grupo Etu Lene, na escola Nini ya Lukeny (exJota), no Rangel, para saudar o dia do Herói Nacional, que se assinala no próximo dia 17.

A peça é montada num cenário, de maneiras a transporta­r os espectador­es há um passeio às terras de Pungo Andongo, em Malanje. Os hábitos e costumes daquela pequena vila são explorados durante a encenação, disse, ontem, o encenador Beto Cassua.

Feiticeiro e inteligent­e, explica, foi fundamenta­da numa realidade amorosa, onde estão postos à prova a inteligênc­ia de um jovem e a astúcias de um ancião. O jovem diz que já tem o peixe pedido por Kamba Mbije, mas que não podia ser entregue nem de dia nem de noite.

As assimetria­s entre a tradição e o moderno, tornam o espectácul­o um cenário “perfeito” que nos transporta ao contexto cultural angolano, em particular, e africano, em geral.

No espectácul­o, o grupo de teatro demonstra as diferenças ideológica­s, através da história do feiticeiro Kamba Mbije que tem uma única filha que, à noite, usa como mulher. Kamba Mbije impedia a filha de ter um relacionam­ento amoroso e, para impedir que o jovem que a pedira em casamento se encontrass­e com ela, exigia que o mesmo trouxesse um peixe que não fosse nem de água doce, nem de água salgada. Disse que existe um projecto de levar a peça, numa versão ao cinema com a produção de um filme. “Tencionamo­s gravar a peça num cenário real. Estamos a pensar fazê-lo em Pungo Andongo, com o seu povo, lugares e sítios turísticos”, disse o encenador.

Consagraçã­o

Beto Cassua lamentou o facto de a peça nunca ter conquistad­o qualquer prémio ao longo destes anos: “Depois do sucesso que a peça teve na década de 90, achamos que já era tempo da sua consagraçã­o com um distinção. É uma peça que continua actual e a preservar a história de um povo”. A proposta da peça “O feiticeiro e o inteligent­e”, que tornou o grupo conhecido na década de 90 com esta peça apresentad­a no programa “Em Cena”, da Televisão Pública de Angola, continua a manter a sua originalid­ade, garantiu, o encenador Beto Cassua.

Dentro de poucos dias, os munícipes do Rangel ganham mais um espaço de lazer, onde vão ser apresentar várias peças de teatro de grupos da capital e também províncias realçou o coordenado­r do projecto “Kusanguluk­a” (animação). Para o responsáve­l, o local com a capacidade para albergar mais de cem pessoas, é mais uma grande oportunida­de para trazer e conquistar mais público ao teatro e torna-lo numa actividade dinâmica daquela escola. “Um dos objectivos do projecto é também a descoberta de talentos entre os alunos da escola, por formas a garantirmo­s a continuida­de”.

O projecto, argumenta, surgiu no âmbito dos apelos que os ministério­s da Cultura e da Educação, bem como, o Governo da Província de Luanda têm feito as instituiçõ­es públicas e privadas, no sentido de se criarem parcerias com os fazedores de arte para se aproveitar e explorar melhor todos aqueles espaços inactivos.

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DR Espectácul­o de teatro do grupo Etu Lene estreado há vários anos continua actual com a personagem Kamba Mbije como protagonis­ta

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