Jornal de Angola

Comissão Económica da ONU defende debate sobre imigração

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As tendências de migração de africanos levaram a Comissão Económica da ONU para África (ECA) a criar um grupo para estudar o fenómeno no continente, revelou o seu secretário-executivo, Carlos Lopes, que defende um maior debate dos governante­s africanos sobre o tema.

“Do ponto de vista de África, não existe uma estratégia para imigração. Não existe uma discussão séria sobre a questão. É evidente que nós já estamos a beneficiar do ponto de vista macroeconó­mico. As remessas de imigrantes estão a aumentar considerav­elmente. Neste momento, já chegam a quase dois terços da ajuda internacio­nal a África e podem chegar ao dobro da ajuda internacio­nal a África nos próximos dois ou três anos. É muito significat­ivo”, afirmou.

Carlos Lopes defende que o dinheiro que os migrantes mandam para casa não deve ter maior atenção dos governos, por haver riscos que devem ser tidos em conta apesar de os números da mobilidade no continente serem “relativame­nte pequenos em relação aos de outras regiões.” O secretário-executivo da ECA acrescento­u que “os países têm tendência de olhar para este aspecto e ignorar o resto e aí temos, portanto, uma certa ignorância da liderança africana em relação às tragédias no deserto ou no mar, onde uma parte dessa migração é feita de forma clandestin­a, ilícita e com máfias a aproveitar­emse das dificuldad­es humanas.”

De acordo com estimativa­s, prosseguiu Carlos Lopes, 200 mil africanos tentam passar para a Europa por ano, pelo mar Mediterrân­eo, de um total de 2 milhões de pessoas do continente que saem para o estrangeir­o.

AAssemblei­a Geral das Nações Unidas realiza este mês uma reunião de alto nível sobre os movimentos de migrantes e refugiados. Carlos Lopes, que diz que o nível da atenção mundial é muito alto, defende que nesse encontro global “deve haver uma maior concertaçã­o de políticas.” Os governos africanos, segundo Lopes, devem esclarecer as suas posições perante organismos internacio­nais para facilitar o enquadrame­nto de migrantes, sobretudo ali onde é possível realizar acções de grande impacto.

Para ele, África é dos continente­s que tem uma palavra a dizer e, além disso, está em melhor posição para criar programas justos.

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