Cooperativas fomentam criação de gado
FEIRA AGRO-PECUÁRIA DA HUÍLA Pecuarista defende leilões por permitirem troca de animais de alta selecção
O repovoamento das manadas de gado bovino em vários pontos do país regista avanços significativos com a inclusão, desde finais de 2004, de espécies de alta qualidade adquiridas no Brasil, Holanda, Namíbia e África do Sul, para reprodução e cruzamento com o gado autóctone.
Os progressos alcançados no processo de reprodução de gado bovino, caprino, suíno e equino, assim como de aves diversas, devem-se aos feitos da Cooperativa dos Criadores de Gado do Centro e Sul de Angola (CCGSA), com 12 anos de existência.
O responsável da cooperativa, Luís Nunes, considerou positivas as acções desenvolvidas até ao momento, por impulsionarem a criação de gado, numa primeira fase, nas províncias da Huíla, Namibe e Cunene e, na segunda, contemplar outras regiões do país, no quadro da expansão animal em curso.Com apenas 15 criadores no começo da actividade da agremiação, foram gizados projectos que culminaram com melhorias na qualidade do pasto, sistemas de captação de água, bebedouros e sanidade, assim como a reorganização das fazendas pecuárias.
Luís Nunes recordou as dificuldades passadas pelos criadores de gado tradicionais, , sobretudo durante a época do Cacimbo, devido à escassez de água, que os obrigava a percorrerem longas distâncias para alimentarem os animais.
Transcorridos 12 anos de existência da associação, os resultados repercutem-se não só na dinâmica observada na criação de animais, mas também no repovoamento, fomento, imunização e estreitamento de parcerias entre os ganadeiros e veterinários de vários países.
Dezenas de famílias das zonas rurais são também beneficiárias directas das acções desenvolvidas pelos 64 associados nas fazendas pecuárias. “Há muitos jovens das comunas e povoações a trabalhar no campo e a aprender também algumas técnicas da pecuária”, disse o responsável.
Luís Nunes, que corrobora com o dito dos anciãos locais, segundo o qual “a riqueza do Sul do país tem quatro patas”, afirmou que a região regista um crescimento imparável em quantidade e qualidade. “Já é possível observar gado autóctone com bom aspecto, fruto do cruzamento com touros de raça”, referiu.
Os membros da cooperativa estão agora empenhados no aumento da criação de gado para abate e produção agrícola, de modo a corresponder às necessidades do mercado nacional e contribuir para a diversificação da economia.
Animais de raça
O conjunto das manadas e rebanhos das províncias da Huíla, Namibe e Cunene está estimado em três milhões de animais, sendo 25 mil bovinos e caprinos de alta selecção, controlados pela CCGSA.
Luís Nunes referiu que estes números estimulam o surgimento de novos criadores em várias regiões do país. “Podemos agora desenvolver novos espaços pecuários e criar excedentes para abate em quantidades consideráveis”, afirmou.
O aumento da produção de carne é liderado pelos fazendeiros da região sul, com vista à redução da importação de bens agro-pecuários. “Estamos prontos para os novos desafios, cientes de que somos uma peça fundamental no crescimento económico”, considerou o pecuarista.As zonas de exploração pecuária foram alargadas de 75 mil para 300 mil hectares nos últimos 12 anos, disse o responsável da cooperativa, que destacou também os progressos nos equipamentos mecanizados, indústrias de confecção de ração, palha e outros bens destinados à pecuária.
Para Luís Nunes, o leilão de animais é fundamental por ser a melhor via para a troca de animais de alta selecção, assim como proporcionar a venda a preços competitivos. “O leilão atrai milhares de criadores, capitaliza os fazendeiros e incentiva a produção”, disse.
Importância dos leilões
A XIII Feira Agro-pecuária da Huíla, realizada durante quatro dias no âmbito das Festas de Nossa Senhora do Monte, leiloou mais de 300 cabeças de gado bovino, cava los e búfalos. O negócio, que ultrapassou as expectativas, permitiu aos criadores arrecadarem 10,47 mil milhões de kwanzas.
O leilão, que nesta edição se realizou apenas uma vez, reuniu agropecuaristas de Malanje, Luanda, Cuanza Sul, Huambo, Benguela, Cunene, Cuando Cubango e Huíla. As ofertas foram para touros para cruzamento das raças brahman, simbra, nelore, bonsmara, ambaras e busbower. A maioria dos animais comercializados foi criada nas fazendas Chamavo, Trevo, Pau do Caçador, Mumbiri, Nhaluquete, NNN e outras.
Para o responsável da cooperativa, o leilão deste ano teve uma projecção diferente das anteriores. Luís Nunes congratulou-se com os filiados da agremiação por superarem vários obstáculos, exporem mais de 350 animais e tornarem possível a realização da feira. O criador Carlos Miranda, do Cuanza Sul, defendeu o leilão de gado, que “além de ser justo, contribui para o fomento de animais de qualidade, dá possibilidade aos criadores de possuírem o mesmo tipo de animais, evitando exclusividade no processo de criação.”
“Venho todos os meses de Agosto ao Lubango, para adquirir gado na Feira Agro-pecuária, pela qualidade dos animais expostos e os preços justos”, disse.
O certame é uma via para os novos criadores nacionais descobrirem os segredos do mundo pecuário, acrescentou.
Carlos Miranda, 39 anos, possui 78 cabeças de gado bovino de raça, 28 das quais foram adquiridas em vários leilões de gado e as restantes resultaram da reprodução dos últimos quatro anos. “Agora, estou a cruzar o gado de raça com o autóctone para melhorar as espécies e passar para o abate”, concluiu.