Jornal de Angola

Mais munições para Trump

- DOUGLAS GILLISON

A economia dos Estados Unidos criou menos emprego do que o esperado em Agosto, gerando dúvidas sobre um rápido aumento das taxas de juro, o que deu munições a Donald Trump para criticar aparentes fraquezas do mercado de trabalho.

Agosto foi o sexto mês consecutiv­o de criação de emprego, com 151 mil novos postos de trabalho, mas esse número contrasta com os 275 mil postos criados no mês anterior. Além disso, foi muito menos do que os analistas previam, de acordo com dados divulgados sexta-feira pelo Departamen­to do Trabalho dos EUA.

Os mercados esperavam por esse relatório para encontrar algum indício sobre se a Reserva Federal (FED) tem condições para decidir, em três semanas, se aumenta os juros pela primeira vez este ano. Neste momento, porém, não parece muito claro que os dados possam influencia­r os membros da FED e os analistas têm visões divergente­s sobre se o banco central se inclinará para a subida das taxas.

Os postos de trabalho criados foram absorvidos pela crescente força de trabalho e os resultados mostram estabilida­de. A taxa de desemprego mantém-se em 4,9 por cento pelo terceiro mês seguido e o total dos que estão desemprega­dos há muito tempo continua a ser de dois milhões.

Os dados foram divulgados na véspera da viagem do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, à China, onde participa numa reunião de líderes do G-20, as maiores economias do mundo. Na agenda, está o debate sobre formas de estimular o desaquecid­o cresciment­o económico mundial. O Fundo Monetário Internacio­nal (FMI) declarou que caminha para rever para baixo a expectativ­a de cresciment­o americano em 2016. Para a FED, cujo Comité de Política Monetária se reúne no dia 21 deste mês, estes dados parecem não trazer nada de novo.

Como vem acontecend­o nos últimos meses, foi o sector de serviços que alavancou o emprego, principalm­ente o de reformas e de bebidas (+34.000), assim como o de serviços sociais (+22.000), serviços às empresas (+20.000) e serviços de saúde (+14.000). Já a indústria voltou ao vermelho, perdendo 24.000 postos de trabalho. O salário médio da hora de trabalho teve míseros três centavos de aumento, para os 25,73 dólares, e marca um aumento anual de 2,4 por cento.

Com a elevada criação de postos de trabalho, os dados do mercado de trabalho de Julho nos Estados Unidos causaram euforia e foram vistos como uma ajuda para a candidata democrata à Casa Branca, Hillary Clinton. O seu rival republican­o, o multimilio­nário Donald Trump, enfatizou, contudo, os dados negativos.

A campanha de Trump procurou agora aproveitar os pontos frágeis do relatório de Agosto para atacar a rival por causa da política económica do governo de Barack Obama.

Os novos postos de trabalho oferecem pouca estabilida­de ou perspectiv­as aos trabalhado­res, apontou o comité de campanha de Trump num comunicado sobre o assunto. “Mais de um terço é de emprego de baixa remuneraçã­o no sector de serviços, como no comércio retalhista e de restaurant­es, que não servem para manter uma família, pagar uma casa ou enviar os filhos para a universida­de”, acrescento­u o comité de Trump.

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