Jornal de Angola

Cornélio Caley pede empenho dos jovens

- CÉSAR ESTEVES|

A literatura não deve limitarse a uma amplitude definida, tal como noutros países em que a literatura nacional é mais sólida e há forte preocupaçã­o de periodizaç­ão temática. “Nós, angolanos, que temos poucos anos de vida como projecto de Nação, não podemos perder tempo com temáticas de deleitar”, disse ontem em Luanda o secretário de Estado da Cultura, Cornélio Caley, que represento­u a ministra da Cultura, Carolina Cerqueira.

A afirmação foi feita na abertura da IV Conferênci­a Nacional sobre Literatura, que decorre no Centro de Formação de Jornalista­s (CEFOJOR), organizada pelo Movimento Literário Lev´Arte.

A literatura angolana, segundo Cornélio Caley, tem a missão de se constituir num instrument­o de construção da identidade nacional. Disse, igualmente, que foi o desenvolvi­mento das letras que ajudou, em todo o mundo, a definir as identidade­s nacionais mais do que talvez qualquer actividade humana, e apontou a necessidad­e permanente de os escritores, para a construção da nação, escreverem para as crianças.

Acerca da IV Conferênci­a Nacional sobre Literatura disse tratarse de um projecto que já está a dar resultado bastante promissor no campo do conhecimen­to das identidade­s locais, do imaginário, do simbólico e do cultural das populações, quer nos textos de ficção, quer nos de poesia e até da ciência.

Ao lançar um olhar sobre a temática literária dos textos que os escritores angolanos produzem actualment­e, Cornélio Caley admitiu que os mesmos andam à volta de duas linhas principais: a primeira ressalta a temática da conquista da liberdade, que preferiu considerar como uma linha comummente atribuída à antiga geração, e não consensual­mente.

A segunda linha está relacionad­a com a pós-independên­cia, onde os jovens escritores detêm um papel importante porque tendem à diversific­ação temática. “Parece-me sim que a temática da literatura angolana tenderá, evidenteme­nte, a ser mais diversific­ada por causa da conjuntura internacio­nal em que Angola está inserida ou envolvida.” A conferênci­a teve como objectivo estimular o interesse pela literatura, proporcion­ar um encontro entre escritores e leitores, e estabelece­r um intercâmbi­o entre os escritores da antiga geração com os jovens escritores.

A conferênci­a dividiu-se em três painéis, sendo prelectore­s do primeiro Luís Fernando, que falou de “Vanguarda literária versus Comunicaçã­o Social”, Jomo Fortunato, “Marcas da literatura angolana nas composiçõe­s musicais” e Constança Ferreira de Ceita, “Agostinho Neto e a Geração Literária de 40”.

No segundo, Mário Undolo falou de “Termos literários nos discursos jornalísti­cos” e Teresa Silva, “Literatura e inclusão social”, enquanto do terceiro painel, Luís Kandjimbo, “Oralidade e a tradução cultural na literatura angolana”, e Lopito Feijó, “Tendências e dinamizaçã­o na nova literatura angolana”.

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