Jornal de Angola

Milhares de famílias envolvidas no fomento da produção agrícola

Várias famílias estão integradas no projecto que visa a diminuição das importaçõe­s

- ARÃO MARTINS

Mais de 700 pessoas, das oito mil previstas, estão integradas na fase inicial do programa de produção de alimentos em grande escala, com a implementa­ção do projecto “Agro-industrial Ezopark Horizonte 2020”, em curso na localidade de Calueque, município de Ombandja, na província do Cunene.

O soba grande de Calueque, João Cambuta, disse, ontem, ao Jornal de Angola, que o projecto está a melhorar a qualidade de vida das famílias. Reconheceu que o mesmo é uma oportunida­de para os jovens locais e de outras regiões terem emprego e ganharem dinheiro para o sustento das suas famílias.

“O projecto vai contribuir positivame­nte para a diminuição da delinquênc­ia, sobretudo roubo de gado”, disse o soba, acrescenta­ndo que a população vai deixar de ser obrigada a deslocar-se à República da Namíbia para trabalhar nas fazendas localizada­s ao longo do perímetro da fronteira com Angola, para obter alimentos.

O projecto Agro-industrial “Ezopark Horizonte 2020” é um investimen­to privado e começou a ser implementa­do em 2012. Silvestre Tulumba, presidente da sociedade responsáve­l pela implementa­ção do projecto, explicou que o mesmo está a ser implementa­do numa área de 85 mil hectares e os resultados são positivos.

Disse que o projecto dá primazia à valorizaçã­o da mão-de-obra nacional, ao fomento da produção agrícola e pecuária, bem como à criação de serviços sociais básicos para a população. Esclareceu que, além da produção e transforma­ção de alimentos, o projecto contempla a construção de escolas, hospitais, abertura de vias de acesso e a geração de empregos directos e indirectos.

“A acção tem como principal objectivo a criação de alimentos em grande escala, para promover o bemestar da população”, disse Silvestre Tulumba, acrescenta­ndo que, com o aproximar da época chuvosa, estão criadas as condições para o lançamento das sementes à terra, o que acontece nos próximos dias.

“Já desbravámo­s a terra, abrimos as vias de acesso e criaram-se vários pontos de retenção de água e barragens, bem como sistemas para irrigar a zona cultivável. O projecto agro-pecuário vai ser alimentado essencialm­ente pela água oriunda da barragem de Calueque.”

Números animadores

Silvestre Tulumba acrescento­u que o número de empregos pode aumentar, nos próximos tempos, quando começar a fase de produção de cereais, citrinos, hortícolas, tubérculos e as fábricas de ração animal e de transforma­ção de carne começarem a funcionar.

Esclareceu que, nas unidades agro-industriai­s, vão ser instaladas fábricas de ração, com capacidade de produzir 400 mil toneladas por ano, moagens para 250 mil toneladas de farinha e farelo, unidade de avicultura, que vai produzir 60 milhões de frangos, 500 milunidade­s de galinha rija e 45 milhões de ovos, enquanto a unidade de bovinicult­ura vai produzir 80 milhões de litros de leite.

Segundo Silvestre Tulumba, no complexo de suinicultu­ra, são colocados à disposição 47.000 suínos para abate e 2.000 porcas reprodutor­as, enquanto, na outra fase, o projecto contempla a instalação de uma unidade de produção e transforma­ção de açúcar. “Vamos ter ainda a produção de hortícolas em 500 hectares, com produções anuais estimadas em mais de 15.000 toneladas de batata, 7.500 de cenoura e 5.000 de cebola.”

Na primeira fase deste projecto, acrescento­u o presidente da sociedade responsáve­l pela sua implementa­ção, a unidade de moagem começará a produzir farinha e farelo já no segundo semestre de 2017.

No início de 2018, teremos a fábrica de rações a funcionar em pleno, possibilit­ando que todas as áreas da agro-pecuária possam estar em produção total, já no segundo semestre do mesmo ano”, adiantou, acrescenta­ndo que se pretende que a indústria agro esteja a produzir de forma integrada no segundo semestre de 2018.

O vice-governador do Cunene para o sector Económico, Cristino Mário, explicou que o Governo tem desenvolvi­do programas que têm por objectivo aproveitar as terras aráveis, próximas das fontes de água do rio Cunene, e que a implementa­ção do projecto “Agro-industrial Esopark Horizonte 2020” é um contributo valioso na acção, que tem também por objectivo o combate à fome e à pobreza e a diversific­ação económica.

Exportação à vista

Cristino Mário afirmou que o Cunene é uma das províncias que mais sofre com a seca dos últimos anos, o que tem provocado falta de alimentos. Cristino Mário referiu que é preocupaçã­o do Executivo aumentar a produção de alimentos, para diminuir as importaçõe­s e o projecto vai de encontro às preocupaçõ­es do Executivo.

O projecto, reafirmou, “vai produzir também carnes diversas e tudo isto que está a ser feito vai elevar a outro nível o desenvolvi­mento da província e torná-la sustentáve­l, bem como garantir a produção mesmo sem chuva.”

O vice-governador do Cunene assegurou que a actividade agro-industrial da província é satisfatór­ia. Citou, como exemplo, o projecto “Manquete”, com resultados satisfatór­ios na produção de arroz. “Temos uma província a desbravar. Ao continuarm­os com os investimen­tos, em pouco tempo, a província vai tornar-se sustentáve­l e também vai poder exportar alimentos”.

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ARÃO MARTINS | CALUEQUE Projecto agro-pecuário que está na fase de desbravame­nto de terras é alimentado no essencial pela água oriunda da barragem de Calueque

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