CARTAS DO LEITOR
Turismo religioso
Não sou católico praticamente, mas acompanho com atenção as celebrações cristãs, todas as manifestações religiosas. Milhares de fiéis católicos de várias paróquias da capital começaram a afluir para os lados do rio Kwanza, na peregrinação anual ao Santuário da Muxima, o maior espaço de devoção mariana em África. Para lá da componente religiosa, não há dúvidas de que o turismo com outros ingredientes tem igualmente o seu peso numa altura em que numerosos fiéis foram desenvolver um conjunto de acções, nomeadamente a vigília, reza do terço, catequese, confissões e via-sacra, culminando com a grande celebração da santa missa no último dia da festa.
Foi bom saber que a administração da Quiçama garantiu apoio aos fiéis, tendo criado sete campos de acolhimento com cinco hectares, para um número considerável de fiéis. Isto é muito bom na medida em que as autoridades locais sempre desempenharam um papel relevante e associaram-se sempre às manifestações cristãs, particularmente católicas neste caso.
Além disso, foram instalados reservatórios de água para consumo e higiene. Pela vila, foram espalhados postos de assistência de primeiros socorros e de salvamento. O porta-voz pela administração, Luís Domingos, disse que tudo está assegurado para o evento, que, além do carácter religioso tem também um pendor turístico muito grande. “As equipas de trabalho estão no terreno e as vias de acesso foram recuperadas”, garantiu. Um aparato policial foi montado na vila, para a fiscalização da via que dá acesso à Quiçama.Espero que as festas naquela localidade tenham a adesão e o empenho de todos para que as famílias, as pessoas colectivas e singulares encontrem a paz de espírito e a resolução dos seus principais problemas espirituais e materiais.
Redução dos impostos
Há dias, um economista conhecido da praça nacional defendeu a redução do imposto industrial na agricultura, minas, pesca e pecuária, uma posição que deve merecer toda a ponderação por parte dos decisores públicos. Embora leigo em ciências económicas, julgo que é elementar saber que as áreas que fornecem matérias-primas aos sectores transformadores deviam conhecer algum tipo de isenção fiscal ou reduções significativas.
Não faz sentido que os agricultores, os pescadores e os criadores tenham um peso fiscal enorme, porque, em última instância, os custos acabam por se reflectir no produto transformado quando chega às mãos dos consumidores. Como forma de fomentarmos a produção naqueles sectores primários da economia, desencorajar o influenciar nos custos do produto final, entre outras iniciativas é fundamental que apostemos na redução de impostos. Mesmo que para o efeito tenhamos de alargar a base tributária, para comprometer a tendência da subida das receitas fiscais não petrolíferas. Penso que as autoridades devem ponderar a posição defendida pelo economista, entrevistado por um dos órgãos de comunicação do país. Afinal, o país precisa de produzir mais para distribuir melhor, como diz a divisa do partido no poder.
Lição a aprender
Gostei da intervenção do antigo líder do partido português, CDS-PP, Paulo Portas, no jantar conferência sobre “Desafios de Portugal no presente contexto internacional”, onde começou por assegurar que as opiniões que ia expressar seriam “apenas e só sobre política externa.”
Referindo-se que há mais de 100 mil portugueses instalados e bem integrados sob todos os pontos de vista, aquele político defende que os portugueses devem interessar-se mais em defender os interesses do seu país e menos em imiscuir-se nos assuntos internos de Angola.
Embora tenhamos relações excelentes, não fica bem os angolanos ouvirem permanentemente parte de alguns sectores e pessoas singulares lusas a darem a impressão de que têm a missão civilizadora junto dos povos de Angola.
Desde Novembro de 1975, os angolanos procuram e com sucesso caminhar com os seus próprios pés, cedendo sempre espaço para a troca de experiência, estreitamento das relações entre os Estados e povos com base no respeito mútuo.