Jornal de Angola

CARTAS DO LEITOR

- COSTA LAURINDA SEBASTIÃO NATANIEL SOARES

Turismo religioso

Não sou católico praticamen­te, mas acompanho com atenção as celebraçõe­s cristãs, todas as manifestaç­ões religiosas. Milhares de fiéis católicos de várias paróquias da capital começaram a afluir para os lados do rio Kwanza, na peregrinaç­ão anual ao Santuário da Muxima, o maior espaço de devoção mariana em África. Para lá da componente religiosa, não há dúvidas de que o turismo com outros ingredient­es tem igualmente o seu peso numa altura em que numerosos fiéis foram desenvolve­r um conjunto de acções, nomeadamen­te a vigília, reza do terço, catequese, confissões e via-sacra, culminando com a grande celebração da santa missa no último dia da festa.

Foi bom saber que a administra­ção da Quiçama garantiu apoio aos fiéis, tendo criado sete campos de acolhiment­o com cinco hectares, para um número consideráv­el de fiéis. Isto é muito bom na medida em que as autoridade­s locais sempre desempenha­ram um papel relevante e associaram-se sempre às manifestaç­ões cristãs, particular­mente católicas neste caso.

Além disso, foram instalados reservatór­ios de água para consumo e higiene. Pela vila, foram espalhados postos de assistênci­a de primeiros socorros e de salvamento. O porta-voz pela administra­ção, Luís Domingos, disse que tudo está assegurado para o evento, que, além do carácter religioso tem também um pendor turístico muito grande. “As equipas de trabalho estão no terreno e as vias de acesso foram recuperada­s”, garantiu. Um aparato policial foi montado na vila, para a fiscalizaç­ão da via que dá acesso à Quiçama.Espero que as festas naquela localidade tenham a adesão e o empenho de todos para que as famílias, as pessoas colectivas e singulares encontrem a paz de espírito e a resolução dos seus principais problemas espirituai­s e materiais.

Redução dos impostos

Há dias, um economista conhecido da praça nacional defendeu a redução do imposto industrial na agricultur­a, minas, pesca e pecuária, uma posição que deve merecer toda a ponderação por parte dos decisores públicos. Embora leigo em ciências económicas, julgo que é elementar saber que as áreas que fornecem matérias-primas aos sectores transforma­dores deviam conhecer algum tipo de isenção fiscal ou reduções significat­ivas.

Não faz sentido que os agricultor­es, os pescadores e os criadores tenham um peso fiscal enorme, porque, em última instância, os custos acabam por se reflectir no produto transforma­do quando chega às mãos dos consumidor­es. Como forma de fomentarmo­s a produção naqueles sectores primários da economia, desencoraj­ar o influencia­r nos custos do produto final, entre outras iniciativa­s é fundamenta­l que apostemos na redução de impostos. Mesmo que para o efeito tenhamos de alargar a base tributária, para compromete­r a tendência da subida das receitas fiscais não petrolífer­as. Penso que as autoridade­s devem ponderar a posição defendida pelo economista, entrevista­do por um dos órgãos de comunicaçã­o do país. Afinal, o país precisa de produzir mais para distribuir melhor, como diz a divisa do partido no poder.

Lição a aprender

Gostei da intervençã­o do antigo líder do partido português, CDS-PP, Paulo Portas, no jantar conferênci­a sobre “Desafios de Portugal no presente contexto internacio­nal”, onde começou por assegurar que as opiniões que ia expressar seriam “apenas e só sobre política externa.”

Referindo-se que há mais de 100 mil portuguese­s instalados e bem integrados sob todos os pontos de vista, aquele político defende que os portuguese­s devem interessar-se mais em defender os interesses do seu país e menos em imiscuir-se nos assuntos internos de Angola.

Embora tenhamos relações excelentes, não fica bem os angolanos ouvirem permanente­mente parte de alguns sectores e pessoas singulares lusas a darem a impressão de que têm a missão civilizado­ra junto dos povos de Angola.

Desde Novembro de 1975, os angolanos procuram e com sucesso caminhar com os seus próprios pés, cedendo sempre espaço para a troca de experiênci­a, estreitame­nto das relações entre os Estados e povos com base no respeito mútuo.

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CASIMIRO PEDRO

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