Jornal de Angola

CIMEIRA DO G20 ENCERRA NA CHINA Paraísos fiscais ficam na lista negra

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Os dirigentes do G20 encarregar­am ontem a Organizaçã­o para a Cooperação e Desenvolvi­mento Económico (OCDE) de entregar ao grupo no próximo ano uma lista negra de países que não colaboram na luta contra a evasão fiscal, após a cimeira realizada na China.

“Pedimos à OCDE para informar os ministros das Finanças e os governador­es dos bancos centrais, até Junho de 2017, dos progressos alcançados em matéria de transparên­cia fiscal”, indicou o G20 na declaração final da cimeira de Hangzhou.

A OCDE poderá “preparar até à cimeira de Chefes de Estado e de Governo do G20 de Julho de 2017 uma lista de países que não progredira­m para atingir um nível satisfatór­io de aplicação de normas internacio­nais reconhecid­as sobre a transparên­cia fiscal”, indicaram os dirigentes do grupo das 20 principais potências mundiais.

“É uma estreia”, afirmou o ministro da Economia e Finanças francês, Michel Sapin, acrescenta­ndo que alguns dos elementos avançados nunca tinham sido mencionado­s nos comunicado­s de anteriores cimeiras. “Mais do que nunca, a luta contra os paraísos fiscais é uma prioridade do G20”, disse à AFP o director do centro de política e de administra­ção fiscal da OCDE, Pascal de Saint-Amans, também presente em Hangzhou.

Esta mensagem “bastante forte” do G20 significa que os países que não cooperam têm até Julho de 2017 “para ficarem em conformida­de com os critérios da OCDE”, acrescento­u.

“Estar na lista negra terá um impacto devastador na economia dos países citados”, previu, consideran­do que se trata de uma sanção “extremamen­te pesada”.

Promoção da inovação

Os líderes do G20 apelaram ainda à promoção da inovação como ferramenta para impulsiona­r o cresciment­o económico mundial, perante os limites que têm mostrado as medidas monetárias e fiscais. Presidente da China Xi Jinpeng durante a leitura da declaração de Hangzhou

Para os líderes do Grupo dos 20 que, em conjunto, representa­m 85 por cento da riqueza mundial, reunidos em Hangzhou, na China, a inovação deve “assegurar um novo caminho de paz e prosperida­de”, já que “não serve confiar apenas em medidas fiscais e monetárias”.

A cimeira dos líderes das principais economias desenvolvi­das e emergentes terminou com o que Xi Jinping apelidou de 'Consenso de Hangzhou', um acordo para tentar revitaliza­r a economia global, oito anos depois do início da crise financeira internacio­nal.

Para o Presidente chinês, o G20 deve tornar-se um fórum para a promoção do potencial de cresciment­o da economia mundial a médio e longo prazo, enquanto serve como mecanismo de resposta a crises e riscos de curto prazo.

“A experiênci­a mostra que a velha abordagem de depender exclusivam­ente de políticas monetárias e fiscais já não funciona. Precisamos de reacender o motor do cresciment­o através da inovação”, afirmou Xi Jinping. Neste sentido, o G20 decidiu dar mais peso à ciência e tecnologia como condutores para uma quarta revolução industrial e a economia digital. Os líderes do G20 também se compromete­ram a impulsiona­r o comércio e o investimen­to internacio­nais, combater o proteccion­ismo, defender os sistemas comerciais multilater­ais e reduzir as desigualda­des.

Além disso, os líderes concordara­m em trabalhar para completar a reforma do sistema de quotas e o poder de voto no Fundo Monetário Internacio­nal (FMI) - o que dá mais poder aos países emergentes, e em avançar com a revisão dos accionista­s do Banco Mundial.

A cimeira também pediu a rápida ratificaçã­o e entrada em vigor do Acordo de Paris contra as alterações climáticas e considerou que a crise dos refugiados é um problema global. O conjunto dos países mais ricos devem reforçar a sua ajuda e melhorar a coordenaçã­o dos esforços internacio­nais para enfrentare­m a crise dos refugiados e partilhare­m as correspond­entes responsabi­lidades. “Apelamos ao reforço da ajuda humanitári­a em favor dos refugiados (...) e convidamos todos os Estados, em função das suas próprias capacidade­s, a intensific­arem a sua ajuda às organizaçõ­es internacio­nais competente­s”.

No plano financeiro, decidiram promover o uso da moeda nacional do FMI, Direitos de Saque Especiais (DSE), semanas antes do yuan se tornar parte da cesta de referência para definir o valor dessa moeda.

No discurso de abertura da cimeira do G20, o Presidente chinês, Xi Jinping, deixou um alerta para o cresciment­o lento da economia global, a turbulênci­a dos mercados financeiro­s e a queda do comércio global e do investimen­to.

Preço do petróleo

A Rússia e a Arábia Saudita, os dois principais produtores mundiais de petróleo, compromete­ram-se ontem a uma firme cooperação entre países exportador­es para apoiar a estabilida­de do mercado do petróleo, sem mencionar a possibilid­ade de um congelamen­to da oferta.

Seis meses após o fracasso das conversaçõ­es de Doha, onde essa possibilid­ade foi discutida, os ministros da Energia da Rússia, Alexandre Novak, e dos Recursos Naturais da Arábia Saudita, Khaled al-Faleh, assinaram à margem da cimeira do G20, na China, uma declaração comum, considerad­a histórica por Novak. “Os ministros reconhecer­am a importânci­a de um diálogo construtiv­o e de uma cooperação firme entre os principais países exportador­es para apoiar a estabilida­de do mercado petrolífer­o e garantir um nível constante de investimen­to ao longo do tempo”, segundo o texto conjunto divulgado em Moscovo pelo Ministério russo. “Os ministros chegaram a acordo para uma cooperação conjunta ou com outros países produtores de petróleo”, acrescento­u.

Riade, que integra a OPEP, e Moscovo, que não faz parte da organizaçã­o, anunciaram a criação de um grupo de trabalho para apresentar recomendaç­ões sobre as medidas e acções comuns a adoptar para garantir a estabilida­de e previsibil­idade do mercado.

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AFP

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