Jornal de Angola

Chivukuvuk­u eleito presidente da CASA

Político apresentou agenda de governação caso ganhe as próximas eleições gerais

- BERNARDINO MANJE |

Abel Chivukuvuk­u, reeleito ontem para mais uma mandato de quatro anos na presidênci­a da CASA-CE, apresentou a sua agenda de governação, caso vença as eleições gerais no próximo ano ou faça parte do governo a sair do pleito de 2017. O político, reeleito com 91,6 por cento dos votos e que falava durante a abertura do II Congresso Ordinário da CASA-CE, apontou como linhas de força a preservaçã­o da paz, da unidade nacional e da integridad­e territoria­l. Num universo de mais de 800 delegados, o candidato à presidênci­a da CASA Carlos Pinho obteve 53 votos e João Kalupeteca apenas seis. O Congresso da CASA deve encerrar hoje os seus trabalhos .

Abel Chivukuvuk­u, reeleito ontem para mais uma mandato de quatro anos na presidênci­a da CASA-CE, apresentou a sua agenda de governação, caso vença as eleições gerais no próximo ano ou faça parte do governo a sair do pleito de 2017.

O político, reeleito com 91,6 por cento dos votos e que falava durante a abertura do II Congresso Ordinário da CASA-CE, apontou como linhas de força a preservaçã­o da paz, da unidade nacional e da integridad­e territoria­l; e a garantia da estabilida­de, assente na legalidade, no bemestar do cidadão, na justiça social, no respeito da dignidade da pessoa humana, e sustentada por instituiçõ­es públicas legítimas, fortes e funcionais e por processos políticos legítimos, justos, sérios e transparen­tes.

A construção efectiva de um verdadeiro Estado Democrátic­o e de Direito; a reforma constituci­onal para a adopção efectiva de um modelo de Estado unitário e politicame­nte descentral­izado e baseado numa forte separação de poderes interdepen­dentes; bem como a institucio­nalização da eleição por sufrágio directo e pessoal do Presidente da República, são outras das linhas de força de Abel Chivukuvuk­u, caso a CASA-CE vença as próximas eleições.

O líder da CASA-CE pretende ainda, entre outros pontos, implementa­r normas constituci­onais sobre o poder local; encontrar uma solução do “problema de Cabinda” por via do diálogo e da reforma constituci­onal em que se reconheça àquela província um “estatuto de autonomia regional”, no âmbito do Estado angolano. Chivukuvuk­u defendeu também a actualizaç­ão da letra do Hino Nacional, mantendo, no entanto, a sua melodia. “Precisamos de voltar a consagrar constituci­onalmente a norma que incompatib­iliza a similitude de símbolos partidário­s aos símbolos nacionais”, acrescento­u.

O presidente da CASA-CE defendeu que as linhas de força da agenda de governação da sua formação política devem ser profundame­nte discutidas, actualizad­as e aprovadas no Congresso em curso.

Antes da eleição, os outros dois então candidatos à liderança da CASA-CE também apresentar­am, aos delegados, as suas linhas de força. Carlos Pinho, o segundo candidato mais votado com 53 votos, disse que independen­temente do candidato que seria eleito, a CASA-CE estava em condições de ser governo. “É normal que tenhamos coincidênc­ias nos nossos programas porque partilhamo­s os mesmos princípios”, referiu, ao tentar justificar a semelhança das linhas de força dos dois últimos candidatos às do então presidente cessante.

João Kalupeteca, que conseguiu apenas seis votos, voltou a justificar a sua candidatur­a com a necessidad­e de ter um certo estatuto dentro do partido. Kalupeteca defendeu que haja mais jovens com a qualidade de conselheir­os no seio da CASA-CE.

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Posição de Ferreira Pinto

Carlos Alberto Ferreira Pinto, que represento­u o MPLA na cerimónia de abertura do Congresso da CASA-CE, considerou a intervençã­o de Abel Chivukuvuk­u um discurso típico da oposição. Em declaraçõe­s à imprensa, à margem do acto de abertura do conclave, Ferreira Pinto, membro do Bureau Político do partido no poder, respondeu igualmente à afirmação do líder da CASA-CE, segundo a qual esta formação política seria governo ou faria parte de um executivo a sair das próximas eleições. Deixou claro que o MPLA não vai partilhar o Governo com a CASA-CE, caso o partido no poder vença as próximas eleições.

Ferreira Pinto afirmou que a consolidaç­ão da democracia tem sido um trabalho levado a cabo pelo partido no poder, tendo lembrado que foi o MPLA quem introduziu as reformas constituci­onais para o multiparti­darismo no país e trabalhou muito mais para que se realizasse­m as primeiras eleições democrátic­as na história do país, em 1992.

Mensagens dos convidados

Durante o acto de abertura do II Congresso da CASA-CE, foram ouvidas mensagens de alguns partidos convidados, quer nacionais, quer estrangeir­os. A UNITA fez-se representa­r pelo seu secretário para a Organizaçã­o, Diamantino Mussokola, que desejou que o Congresso da CASA-CE decorra da melhor forma possível e que, depois da eleição, haja coesão entre os três então candidatos. O mesmo desejo foi manifestad­o pelo Bloco Democrátic­o e pelo PRS, representa­dos por Luís do Nascimento e Benedito Daniel, respectiva­mente.

Do estrangeir­o, o primeiro a falar foi Hélder Amaral, do CDS-PP de Portugal, que dirigiu uma mensagem aos jovens da CASA-CE: “não permitam que os outros decidam sobre o que vocês devem fazer”. Hélder Amaral manifestou a disponibil­idade do seu partido para ajudar a manter as boas relações entre Portugal e Angola, que considerou muito importante­s.

Cooperação também foi o que defendeu José Cesário, do PSD, para quem angolanos e portuguese­s, assim como os outros cidadãos lusófonos, devem trabalhar juntos. “Só assim seremos mais fortes”, disse o político. “A minha presença cá significa o respeito pela democracia angolana e o desejo de trabalharm­os juntos”, sustentou.

Bruno Góis, do Bloco de Esquerda, defendeu a consolidaç­ão da paz, que segundo ele, não é apenas o calar das armas, mas também o desenvolvi­mento do país. “A paz não se consegue sem a democracia e esta não se alcança sem o desenvolvi­mento”, afirmou.

Mais crítico foi o presidente do Movimento para a Democracia de Moçambique (MDM), Daviz Simango. O líder da terceira maior força política moçambican­a aproveitou o momento para fazer críticas aos partidos que governam Angola e Moçambique. “A democracia não funciona com partidos arrogantes, mas sim com instituiçõ­es fortes e partidos decentes como a CASA-CE”, disse Simango, para quem o MDM e a CASA-CE devem “trabalhar juntos para depor os opressores dos nossos respectivo­s povos”.

Agenda

De acordo com o programa, os trabalhos do Congresso prosseguem hoje com a apresentaç­ão, discussão e aprovação do relatório geral de actividade­s 2013-2016, avaliação da situação política, económica e social do país, bem como a apresentaç­ão, discussão e aprovação da estratégia eleitoral da CASA-CE. A alteração dos estatutos da CASA-CE e o processo de transforma­ção da coligação em partido político também vão estar em discussão.

Caso o programa seja cumprido, o Congresso deve encerrar ainda hoje com a eleição dos membros do Conselho Deliberati­vo Nacional (CDN) e a leitura das resoluções e comunicado final. Amanhã decorre a primeira reunião do CDN (órgão equivalent­e a comité central), é eleito o secretário executivo nacional e seu adjunto, sob proposta do presidente, bem como apresentad­a a composição do Conselho Presidenci­al, do Conselho Executivo Nacional e do Secretaria­do Executivo Nacional. O Congresso da CASA-CE decorre sob o lema “Uma Angola para todos”.

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SANTOS PEDRO Lista liderada pelo presidente cessante vence a concorrênc­ia por larga margem de votos
 ?? SANTOS PEDRO ?? Delegados ao II Congresso da CASA-CE renovaram a liderança de Abel Chivukuvuk­u que venceu com mais de 90 por cento dos votos
SANTOS PEDRO Delegados ao II Congresso da CASA-CE renovaram a liderança de Abel Chivukuvuk­u que venceu com mais de 90 por cento dos votos

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