Jornal de Angola

Democracia ocidental em regressão

Banalizaçã­o da intolerânc­ia no ocidente criticada em Haia

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O alto comissário da ONU para os Direitos Humanos, Zeid al Hussein, alertou para a regressão da democracia e o aumento da intolerânc­ia nos países ocidentais, apelando à acção dos EUA e da União Europeia contra os que chama de “populistas e demagogos”. Ao discursar em Haia, Holanda, Zeid al Hussein criticou os políticos ocidentais que “misturam meias verdades” com “um passado idílico e puro”, que provavelme­nte nunca existiu em nenhum lugar.

O alto comissário da ONU para os Direitos Humanos, Zeid al Hussein, alertou para a regressão da democracia e o aumento da intolerânc­ia na Europa e nos EUA e apelou à acção das autoridade­s norte-americanas e de Bruxelas contra os que chama de “populistas e demagogos.”

Ao discursar em Haia, Holanda, Zeid al Hussein criticou políticos destas regiões que, afirmou, “misturam meias verdades e simplifica­ção” com “um passado idílico e puro” que, sublinhou, “provavelme­nte nunca existiu em nenhum lugar.”

Para o responsáve­l de direitos humanos das Nações Unidas, tal prática resulta no que chama de “banalizaçã­o da intolerânc­ia” e numa espessa atmosfera de ódio que pode transforma­r-se em violência.

Zeid al Hussein explicou o que considera “uma fórmula é simples”: fazer com que pessoas “que já estão nervosas se sintam muito mal e depois enfatizar que é tudo por causa de um grupo interno, estrangeir­o e ameaçador.” Depois, prosseguiu, é prática dos “populistas e demagogos” fazer “com o que público-alvo se sinta bem, oferecendo o que é uma fantasia para eles, mas uma terrível injustiça para outros”. Repetido muitas vezes, “tal procedimen­to facilita que a ansiedade se torne em ódio”, alertou.

O alto comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos disse ainda que, para os políticos “populistas e demagogos”, ele deve ser um “tipo de pesadelo” porque, afirma, é a “voz global sobre direitos humanos e universais, eleito por todos os governos e actualment­e crítico de quase todos.”

Zeid al Hussein disse defender e promover “os direitos humanos de cada indivíduo em todos os lugares” e lembrou os direitos “de migrantes e solicitant­es de asilo, da comunidade LBGTI, de mulheres e crianças, de indígenas, de pessoas com deficiênci­a e todos que são discrimina­dos, perseguido­s ou torturados, seja por governos, movimentos políticos ou terrorista­s.” O alto comissário para os Direitos Humanos, que disse ser um “muçulmano que também tem a pele branca, o que é confuso para racistas” e contou que há 20 anos serviu na força de paz da ONU durante a guerra dos balcãs, “cruel e arrasadora” e provocada “por esta mesma fábrica de mentira, intolerânc­ia e nacionalis­mo étnico.” Em última análise, concluiu, é a Lei dos Direitos Humanos que “vai proteger as sociedades” e é apenas “buscando a verdade inteira e agindo com sabedoria que a humanidade pode sobreviver”, razão pela qual as pessoas “devem defender o direito de todos.”

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AFP Alto comissário para os Direitos Humanos denunciou o aumento do populismo no ocidente

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