O dilema das medalhas
Depois das peripécias vividas na preparação para a prova, a Selecção Nacional de ginástica sofreu a humilhação de ser retirada do hotel, por falta de pagamento, já no local do Campeonato Africano, a cidade de Walvis Bay, na Namíbia. Finalmente, os ginastas regressaram ao país sem as medalhas ganhas.
O cenário de crise financeira que grassa a sociedade angolana, com acentuado impacto no quotidiano desportivo, não pode ser a causa de todos os males. Não deve, de forma alguma, conduzir à desorganização e descredibilização das nossas federações e, por arrasto, do próprio país.
Incumprimento de obrigações financeiras, sobejamente conhecidas, antes da deslocação da caravana angolana, estiveram na base do destaque que a equipa nacional mereceu, pela negativa, durante a prova que recentemente terminou em Walvis Bay. É notório que Angola perdeu capacidade financeira. Inaceitável é, no entanto, juntar às dificuldades financeiras uma postura típica de nação desorganizada, que envia crianças ao estrangeiro sem garantir, antecipadamente, meios de subsistência para as mesmas.
Para os ginastas, a experiência vivida na vizinha Namíbia é inesquecível. E não o é, infelizmente, pelos melhores motivos. Aconteceu precisamente aquilo que não se recomenda, quando queremos incentivar a juventude a manter a forte ligação ao desporto.
Paradoxalmente, tal como aconteceu com as andebolistas, nos Jogos Olímpicos Rio de Janeiro 2016, no meio das dificuldades, os resultados desportivos foram bons, mostrando a excelência do trabalho realizado. As 64 medalhas conquistadas dão corpo à certeza de que a ginástica vai bem e se recomenda.
A incongruência é de tal ordem, que os agentes do desporto têm razões para temer que a criação de piores cenários de preparação sejam, doravante, usadas como actuação estratégica para obtenção de melhores resultados desportivos. O preço cobrado pelo atraso no pagamento da taxa anual e pela multa estão muito aquém do valor que deve (ria) ter, para Angola, evitar o trauma vivido pelos atletas. Não há dinheiro que pague a decepção dos jovens que saíram imbuídos do espírito de missão, para bem servir o país. É difícil compreender que descoordenação existiu, ou que sentido de responsabilidade imperou, na hora das decisões, para que a situação chegasse a este extremo.
A distinção entre preço e valor deve ser bem clara na mente dos (reais) servidores públicos. Não só pelo impactante papel que o desporto desempenha na sociedade, mas também porque urge preservar o bom nome que Angola conquistou, nos anais do desporto mundial, ao longo de quatro décadas de independência.
O respeito granjeado pelo país, por via do suor e trabalho árduo de muitos atletas e treinadores, contou igualmente com diplomacia desportiva actuante, que colocou a nação entre as mais respeitadas no continente. Construir esta reputação foi tarefa hercúlea, sobretudo num ambiente de guerra e dificuldades de vária ordem. Destruir o bom nome de Angola, no contexto internacional, pode ser uma questão de minutos, quando as decisões são inconsequentes.
Definitivamente, as caravanas não se devem deslocar, quando não houver condições financeiras para tal. É uma situação em que não é possível fazer de conta. As autoridades competentes foram notificadas em tempo útil, segundo o presidente da Federação de Ginástica, Auxílio Jacob. Medalhas à parte, a equação final tinha apenas duas possibilidades: garantir o dinheiro e partir, ou simplesmente abdicar da participação, por falta de verbas. Pois, como diz o pedagogo Olímpio Coelho, “nenhuma medalha vale a saúde de um praticante”.
ANTÓNIO DE BRITO |
A Selecção Nacional masculina Sub-18 de ténis vai realizar um estágio pré-competitivo, durante 90 dias, no Centro de Alto Rendimento de Marbella (Espanha), com o objectivo de atingir o pódio nos sétimos Jogos da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC), a decorrerem de 9 a 19 de Dezembro, em Luanda.
Integram o estágio da equipa angolana os atletas Eduardo Morais, Fernando André e Danilson Bento. Os eleitos do técnico Plínio Pedro, embarcam na próxima segunda-feira, para o município de Málaga.
“O estágio só é possível graças a uma pessoa amiga da Federação. Surgiu na melhor altura, porque temos objectivos a defender na competição. Os atletas prometeram durante a preparação dignificar a bandeira nacional. Estamos agradecidos por esta prestimosa ajuda”, realçou o director técnico da FAT, João Sanda.
Do ponto de vista administrativo e financeiro, João Sanda referiu que não há nenhum constrangimento, sublinhando que a Federação Angolana de Ténis sempre primou por uma boa organização. “Felizmente, não temos qualquer problema. Na próxima segunda-feira os tenistas seguem para o estágio em Marbella”, garantiu o dirigente desportivo, ao Jornal de Angola.
Quanto aos principais adversários de Angola no torneio de ténis dos Jogos da SADC, João Sanda apontou a África do Sul, Zimbabwe, Botswana e Namíbia: “São selecções muito fortes, mas que não são invencíveis. Com o trabalho a ser elaborado, penso que estaremos