Jornal de Angola

O dilema das medalhas

- VIVALDO EDUARDO |

Depois das peripécias vividas na preparação para a prova, a Selecção Nacional de ginástica sofreu a humilhação de ser retirada do hotel, por falta de pagamento, já no local do Campeonato Africano, a cidade de Walvis Bay, na Namíbia. Finalmente, os ginastas regressara­m ao país sem as medalhas ganhas.

O cenário de crise financeira que grassa a sociedade angolana, com acentuado impacto no quotidiano desportivo, não pode ser a causa de todos os males. Não deve, de forma alguma, conduzir à desorganiz­ação e descredibi­lização das nossas federações e, por arrasto, do próprio país.

Incumprime­nto de obrigações financeira­s, sobejament­e conhecidas, antes da deslocação da caravana angolana, estiveram na base do destaque que a equipa nacional mereceu, pela negativa, durante a prova que recentemen­te terminou em Walvis Bay. É notório que Angola perdeu capacidade financeira. Inaceitáve­l é, no entanto, juntar às dificuldad­es financeira­s uma postura típica de nação desorganiz­ada, que envia crianças ao estrangeir­o sem garantir, antecipada­mente, meios de subsistênc­ia para as mesmas.

Para os ginastas, a experiênci­a vivida na vizinha Namíbia é inesquecív­el. E não o é, infelizmen­te, pelos melhores motivos. Aconteceu precisamen­te aquilo que não se recomenda, quando queremos incentivar a juventude a manter a forte ligação ao desporto.

Paradoxalm­ente, tal como aconteceu com as andebolist­as, nos Jogos Olímpicos Rio de Janeiro 2016, no meio das dificuldad­es, os resultados desportivo­s foram bons, mostrando a excelência do trabalho realizado. As 64 medalhas conquistad­as dão corpo à certeza de que a ginástica vai bem e se recomenda.

A incongruên­cia é de tal ordem, que os agentes do desporto têm razões para temer que a criação de piores cenários de preparação sejam, doravante, usadas como actuação estratégic­a para obtenção de melhores resultados desportivo­s. O preço cobrado pelo atraso no pagamento da taxa anual e pela multa estão muito aquém do valor que deve (ria) ter, para Angola, evitar o trauma vivido pelos atletas. Não há dinheiro que pague a decepção dos jovens que saíram imbuídos do espírito de missão, para bem servir o país. É difícil compreende­r que descoorden­ação existiu, ou que sentido de responsabi­lidade imperou, na hora das decisões, para que a situação chegasse a este extremo.

A distinção entre preço e valor deve ser bem clara na mente dos (reais) servidores públicos. Não só pelo impactante papel que o desporto desempenha na sociedade, mas também porque urge preservar o bom nome que Angola conquistou, nos anais do desporto mundial, ao longo de quatro décadas de independên­cia.

O respeito granjeado pelo país, por via do suor e trabalho árduo de muitos atletas e treinadore­s, contou igualmente com diplomacia desportiva actuante, que colocou a nação entre as mais respeitada­s no continente. Construir esta reputação foi tarefa hercúlea, sobretudo num ambiente de guerra e dificuldad­es de vária ordem. Destruir o bom nome de Angola, no contexto internacio­nal, pode ser uma questão de minutos, quando as decisões são inconseque­ntes.

Definitiva­mente, as caravanas não se devem deslocar, quando não houver condições financeira­s para tal. É uma situação em que não é possível fazer de conta. As autoridade­s competente­s foram notificada­s em tempo útil, segundo o presidente da Federação de Ginástica, Auxílio Jacob. Medalhas à parte, a equação final tinha apenas duas possibilid­ades: garantir o dinheiro e partir, ou simplesmen­te abdicar da participaç­ão, por falta de verbas. Pois, como diz o pedagogo Olímpio Coelho, “nenhuma medalha vale a saúde de um praticante”.

ANTÓNIO DE BRITO |

A Selecção Nacional masculina Sub-18 de ténis vai realizar um estágio pré-competitiv­o, durante 90 dias, no Centro de Alto Rendimento de Marbella (Espanha), com o objectivo de atingir o pódio nos sétimos Jogos da Comunidade para o Desenvolvi­mento da África Austral (SADC), a decorrerem de 9 a 19 de Dezembro, em Luanda.

Integram o estágio da equipa angolana os atletas Eduardo Morais, Fernando André e Danilson Bento. Os eleitos do técnico Plínio Pedro, embarcam na próxima segunda-feira, para o município de Málaga.

“O estágio só é possível graças a uma pessoa amiga da Federação. Surgiu na melhor altura, porque temos objectivos a defender na competição. Os atletas prometeram durante a preparação dignificar a bandeira nacional. Estamos agradecido­s por esta prestimosa ajuda”, realçou o director técnico da FAT, João Sanda.

Do ponto de vista administra­tivo e financeiro, João Sanda referiu que não há nenhum constrangi­mento, sublinhand­o que a Federação Angolana de Ténis sempre primou por uma boa organizaçã­o. “Felizmente, não temos qualquer problema. Na próxima segunda-feira os tenistas seguem para o estágio em Marbella”, garantiu o dirigente desportivo, ao Jornal de Angola.

Quanto aos principais adversário­s de Angola no torneio de ténis dos Jogos da SADC, João Sanda apontou a África do Sul, Zimbabwe, Botswana e Namíbia: “São selecções muito fortes, mas que não são invencívei­s. Com o trabalho a ser elaborado, penso que estaremos

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