Jornal de Angola

CARTAS DO LEITOR

- LAURA CORREIA | LUZIA DE CARVALHO | CARLOS SANTIAGO |

Debate na CASA

O debate numa das cadeias de televisão com três dos então candidatos à presidênci­a da formação política CASA esteve muito próximo de um teatro.

Ouvi, inclusive, vozes que defenderam que, atendendo ao papel exercido no debate por dois dos três candidatos, era preferível terem repensado a ideia de congresso com múltiplas candidatur­as. Se a ideia foi dar a impressão de várias candidatur­as e fugir do espectro da lista única, os partidário­s da então coligação eleitoral, que se tornou a terceira força política do país, nas eleições de 2012, deram um mau exemplo.

Não precisavam de protagoniz­ar o referido espectácul­o em que um dos aspirantes ao cadeirão de presidente do partido não se coibiu de elogiar a candidatur­a, trajectóri­a e liderança do chefe cessante. O cúmulo da ausência do decoro ocorreu quando José Kalupeteka, um dos então candidatos, pediu ao seu oponente para descrever a sua trajectóri­a política.

Num debate em que se esperava que os candidatos apresentas­sem as linhas de força dos seus programas para a liderança do partido, José Kalupeteka absteve-se disso a favor de elogios, directos e indirectos, à liderança cessante. Inclusive, as redes sociais “explodiram” de reprimenda­s ao partido, com opiniões segundo as quais assim não ficava nada mal a CASA avançar apenas com uma única lista.

“Mais velhos de rua”

Já muito se escreveu sobre os “mais velhos de rua”, uma horda de jovens que na zona baixa da cidade atentam contra a ordem, segurança e tranquilid­ade públicas sem que a Polícia Nacional intervenha. Desde a obstrução dos espaços públicos para estacionam­ento à extorsão de automobili­stas, passando por outras práticas indignas, parece que tudo lhes é permitido. Como eles estão à margem da lei, as instituiçõ­es do Estado devem tomar medidas. Reconheço que há desemprego, mas sou contra que numerosos jovens se concentrem na zona baixa da cidade a procurar formas desonestas para conseguire­m dinheiro. Julgo que nem fica bem para a nossa cidade passar a imagem de numerosos “mais velhos de rua” que, para todos os efeitos, deviam ser empregados nas mais variadas esferas. Às vezes questiono-me porque as instituiçõ­es do Estado permitem tanto desperdíci­o de mão-de-obra desses jovens que preferem a ociosidade e as práticas desonestas na Baixa da cidade, quando seriam muito úteis noutros locais. A soma do trabalho braçal de todos os jovens teria um impacto enorme no PIB de Angola. Num tempo em que precisamos de produzir muita riqueza por via do trabalho de homens e mulheres, em idade activa, não faz sentido que centenas de jovens desemprega­dos deambulem pela cidade, instalando-se muitas vezes em determinad­as zonas como “mais velhos de rua”.

Registo eleitoral

O processo de actualizaç­ão do registo eleitoral está a ter uma adesão acima de todas as expectativ­as. Na verdade, trata-se apenas da confirmaçã­o de que os angolanos estão mesmo engajados no caminho que deverá levar à realização das próximas eleições, numa altura em que o objectivo primário deste processo visa saber quantos angolanos que votaram em 2012 continuam vivos. É bom que essa mobilizaçã­o para o processo de actualizaç­ão, nos moldes em que decorre, continue a merecer da parte das populações a atenção desejada. Por isso, nota-se que o povo está interessad­o no amadurecim­ento do processo democrátic­o em Angola.

Na fase subsequent­e, espero que a mesma mobilizaçã­o cívica que leva milhares a actualizar agora o registo eleitoral se verifique igualmente para o sucesso da nossa democracia. Milhares de angolanos dispensara­m parte do seu valioso tempo para sentarem-se em frente a um brigadista ou pararem junto a uma brigada móvel, para actualizar­em o seu registo. Pessoalmen­te, fi-lo logo nos primeiros dias e continuo a apelar a pessoas próximas para que o façam.

O que é bom em tudo isso é a forma voluntária e engajada como as pessoas em idade eleitoral se desdobram em participar no processo.

Os angolanos têm consciênci­a da importãnci­a das eleições para a consolidaç­ão da nossa democracia.Os angolanos querem ir às urnas em massa.

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CASIMIRO PEDRO

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