CARTAS DO LEITOR
Debate na CASA
O debate numa das cadeias de televisão com três dos então candidatos à presidência da formação política CASA esteve muito próximo de um teatro.
Ouvi, inclusive, vozes que defenderam que, atendendo ao papel exercido no debate por dois dos três candidatos, era preferível terem repensado a ideia de congresso com múltiplas candidaturas. Se a ideia foi dar a impressão de várias candidaturas e fugir do espectro da lista única, os partidários da então coligação eleitoral, que se tornou a terceira força política do país, nas eleições de 2012, deram um mau exemplo.
Não precisavam de protagonizar o referido espectáculo em que um dos aspirantes ao cadeirão de presidente do partido não se coibiu de elogiar a candidatura, trajectória e liderança do chefe cessante. O cúmulo da ausência do decoro ocorreu quando José Kalupeteka, um dos então candidatos, pediu ao seu oponente para descrever a sua trajectória política.
Num debate em que se esperava que os candidatos apresentassem as linhas de força dos seus programas para a liderança do partido, José Kalupeteka absteve-se disso a favor de elogios, directos e indirectos, à liderança cessante. Inclusive, as redes sociais “explodiram” de reprimendas ao partido, com opiniões segundo as quais assim não ficava nada mal a CASA avançar apenas com uma única lista.
“Mais velhos de rua”
Já muito se escreveu sobre os “mais velhos de rua”, uma horda de jovens que na zona baixa da cidade atentam contra a ordem, segurança e tranquilidade públicas sem que a Polícia Nacional intervenha. Desde a obstrução dos espaços públicos para estacionamento à extorsão de automobilistas, passando por outras práticas indignas, parece que tudo lhes é permitido. Como eles estão à margem da lei, as instituições do Estado devem tomar medidas. Reconheço que há desemprego, mas sou contra que numerosos jovens se concentrem na zona baixa da cidade a procurar formas desonestas para conseguirem dinheiro. Julgo que nem fica bem para a nossa cidade passar a imagem de numerosos “mais velhos de rua” que, para todos os efeitos, deviam ser empregados nas mais variadas esferas. Às vezes questiono-me porque as instituições do Estado permitem tanto desperdício de mão-de-obra desses jovens que preferem a ociosidade e as práticas desonestas na Baixa da cidade, quando seriam muito úteis noutros locais. A soma do trabalho braçal de todos os jovens teria um impacto enorme no PIB de Angola. Num tempo em que precisamos de produzir muita riqueza por via do trabalho de homens e mulheres, em idade activa, não faz sentido que centenas de jovens desempregados deambulem pela cidade, instalando-se muitas vezes em determinadas zonas como “mais velhos de rua”.
Registo eleitoral
O processo de actualização do registo eleitoral está a ter uma adesão acima de todas as expectativas. Na verdade, trata-se apenas da confirmação de que os angolanos estão mesmo engajados no caminho que deverá levar à realização das próximas eleições, numa altura em que o objectivo primário deste processo visa saber quantos angolanos que votaram em 2012 continuam vivos. É bom que essa mobilização para o processo de actualização, nos moldes em que decorre, continue a merecer da parte das populações a atenção desejada. Por isso, nota-se que o povo está interessado no amadurecimento do processo democrático em Angola.
Na fase subsequente, espero que a mesma mobilização cívica que leva milhares a actualizar agora o registo eleitoral se verifique igualmente para o sucesso da nossa democracia. Milhares de angolanos dispensaram parte do seu valioso tempo para sentarem-se em frente a um brigadista ou pararem junto a uma brigada móvel, para actualizarem o seu registo. Pessoalmente, fi-lo logo nos primeiros dias e continuo a apelar a pessoas próximas para que o façam.
O que é bom em tudo isso é a forma voluntária e engajada como as pessoas em idade eleitoral se desdobram em participar no processo.
Os angolanos têm consciência da importãncia das eleições para a consolidação da nossa democracia.Os angolanos querem ir às urnas em massa.