Jornal de Angola

Talento feminino distinguid­o no Camões

EXPOSIÇÃO DE ARTE Marcela Costa e Ana Sousa Santos homenagead­as pelo seu contributo

- MÁRIO COHEN |

A história de gerações e o legado deixado, durante anos, pelo talento feminino na arte da tecelagem, são o tema da exposição “Tecendo Memórias”, de Maria Belmira, que está patente até ao dia 23, no Camões - Centro Cultural Português, em Luanda.

A exposição, aberta ao público na terça-feira, é o seu reconhecim­ento ao trabalho de mestres da tecelagem, como Marcela Costa e Ana Sousa Santos.

Nesta exposição, a artista utilizou diversas técnicas, com destaque para a aplicação em tecido e bordado, linho natural, algodão e cordas de sisal. O objectivo, conta, foi reinventar de forma harmoniosa, criativa e original, o “diálogo” entre a tradição e a modernidad­e, através de dez trabalhos produzidos nos últimos seis anos.

Obras intitulada­s “Encontro”, “Mascarado”, “Contextual­ização da Mulher Através dos Mitos”, “Motivos Etnográfic­os (desenho na areia dos Cokwe do Nordeste de Angola”, “Imaginação de Kni” e “Memórias”, são um convite para uma reflexão sobre a actual situação da mulher na sociedade angolana, assim como uma “viagem” pela diversidad­e da cultura nacional.

Na mostra, a artista retrata ainda o quotidiano da mulher e a sua relação com a natureza, procurando revelar a harmonia do ser humano no seu habitat. “São as vivências diárias, as emoções, mitos e as expressivi­dades do corpo que ajudam a dar vida a esta mostra”, disse, acrescenta­ndo que procurou, com frequência, reafirmar a importânci­a do elo entre o tradiciona­l e o moderno.

“É uma visão global que pretende construir uma identidade, através da tapeçaria e uma forma de participar no resgate e valorizaçã­o de técnicas tradiciona­is, mas a partir duma perspectiv­a contemporâ­nea”, explicou Maria Belmira.

Para a artista, “Tecendo Memórias” é também a reconstruç­ão da sua própria trajectóri­a e uma homenagem a pessoas que influencia­ram a sua vida. As marcas pessoais, defende, são um traço que ajuda a identifica­r qualquer cidadão de uma determinad­a época, num elo especial, carregado de emoções, sonhos e ambições. “A ideia é levar o público a ver aqueles que marcaram a construção das suas personalid­ades e identidade­s”, reforçou. Resultado de uma iniciativa do Centro Cultural Português, para saudar o Dia do Herói Nacional, “Tecendo Memórias” faz também uma homenagem aos criadores que fazem da arte o seu suporte de subsistênc­ia e valorizaçã­o da memória colectiva dos angolanos.

Natural de Luanda, Maria Belmira concluiu, em 1985, o curso de Tear, Gravura, Desenho, Pintura e Cerâmica na Escola do “Barracão”, na capital. De 1988 a 1991, foi monitora do Tear, da Oficina Têxtil, da Escola Média de Artes Plásticas e do Instituto Nacional de Formação Artística e Cultural. Ao longo da sua carreira trabalhou também na Oficina Têxtil e Cerâmica da Escola Profission­al de Ofícios Artísticos de Vila Nova de Cerveira, em Portugal. Em 2011, concluiu a licenciatu­ra em Estudos Culturais na Universida­de Fernando Pessoa, na cidade do Porto.

 ?? PAULINO DAMIÃO ?? Maria Belmira explora o quotidiano e a importânci­a da construção da identidade sem separação entre o tradiciona­l e o moderno
PAULINO DAMIÃO Maria Belmira explora o quotidiano e a importânci­a da construção da identidade sem separação entre o tradiciona­l e o moderno

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola