Jean Ping contesta em Tribunal
A oposição gabonesa acabou por recorrer ao Tribunal Constitucional para contestar os resultados das eleições presidenciais de 27 de Agosto. A oposição manteve até à data limite, quinta-feira, o suspense se formalizaria ou não o recurso junto de um órgão no qual não acredita. O Tribunal Constitucional tem 15 dias para decidir sobre os resultados eleitorais.
O candidato derrotado nas mais recentes eleições presidenciais do Gabão, Jean Ping, apresentou, quinta-feira, um recurso no Tribunal Constitucional do Gabão para contestar os resultados da votação de 27 de Agosto, vencida pelo presidente cessante, Ali Bongo Ondimba, refere um comunicado divulgado, ontem, pela sua equipa de campanha.
“Jean Ping apresentou no Tribunal Constitucional um pedido de revogação (...) dos resultados das presidenciais de 27 de Agosto de 2016 na província de Alto Oogoué”, reduto familiar dos Bongo, que permitiu - segundo os resultados oficiais - a vitória do presidente cessante”, é referido no documento.
A acção, prossegue o comunicado da equipa de Jean Ping, tem por objectivo “a recontagem dos votos nesta província, assembleia por assembleia de votos, através da confrontação dos relatórios recebidos pela Cenap (Comissão Eleitoral Nacional) e por todas as partes.”
“Solicitámos ao tribunal para constatar que houve graves anomalias”, declarou à imprensa um dos advogados de Jean Ping.
“Temos 174 relatórios (do Alto Oogoué). Após a compilação dos dados, demos conta que em todos os casos Ali Bongo não pode ter ganho estas eleições”, acrescentou o advogado Jean-Rémy Batsantsa.
O porta-voz do Governo gabonês indicou, na quinta-feira, que o Presidente Ali Bongo Ondimba vai igualmente depositar um recurso, porque “existem anomalias muito fortes” nos resultados a favor do candidato derrotado, Jean Ping.
No mesmo dia, o ministro gabonês dos Negócios Estrangeiros anunciou, em Libreville, um adiamento "sem data por razões de calendário" da missão da União Africana destinada a mediar a crise póseleitoral no Gabão, onde o presidente cessante, Ali Bongo Ondimba, e o rival, Jean Ping, reivindicam vitória, noticiou a agência de notícias France Press. A União Africana anunciara, segunda-feira, que estava preparada para enviar uma delegação de Chefes de Estado ao Gabão, onde o anúncio da reeleição de Ali Bongo provocou uma onda de violência e a detenção de várias centenas de pessoas.
“Não há perigo em vista da situação de segurança ou humanitária explosiva que justifica uma intervenção musculada da comunidade internacional”, referiu o ministro gabonês. A “missão de bons ofícios” da União Africana era aguardada, ontem, no Gabão. para os apelos à calma e para solicitar aos actores da crise “a respeitarem as vias legais, regulamentares e constitucionais para à saída crise” pós eleitoral.