Televisão da Coreia do Norte anuncia novo ensaio nuclear
A Coreia do Norte realizou ontem de madrugada um teste nuclear que causou um forte tremor na região, ao nível de um sismo de 5,3 na escala de Richter. O teste, já confirmado por Pyongyang, é o quinto exercício realizado pelo país e, segundo a Reuters, foi o mais forte registado até agora. Barack Obama, Presidente norte-americano, diz que vai haver “consequências graves” para a Coreia do Norte.
O canal televisivo estatal da Coreia do Norte transmitiu nas últimas horas a mensagem de que o teste demonstrou que o país está pronto para “retaliar contra os seus inimigos”. Segundo a Associated Press, a televisão anunciou que o ensaio “testou e confirmou” certas características de uma bomba nuclear concebida para ser montada em mísseis balísticos.
O teste atingiu as dez quilotoneladas, segundo uma agência da Coreia do Sul, quase tanto quanto o ataque de Hiroxima (15 quilotoneladas). Não há relatos de quaisquer consequências de fugas radioactivas, como resultado deste teste que foi realizado no dia em que a Coreia do Norte celebrou o seu 68º aniversário.
Pyongyang executou mais um teste numa altura em que o país ainda sofre as sanções internacionais relacionadas com os lançamentos de mísseis realizados em Janeiro e Fevereiro. A transmissão televisiva acrescentou que a Coreia do Norte vai continuar a investir na quantidade e qualidade das suas armas nucleares.
“O nosso partido enviou uma mensagem de felicitações aos nossos cientistas nucleares por terem conseguido levar a cabo um ensaio de explosão de uma ogiva nuclear”, disse a locutora.
Um tremor de terra de cerca de cinco graus de magnitude foi detectado às 9h30 locais (1h30 em Angola), muito perto da base de testes nucleares de Punggye-ri, cenário de quatro ensaios nucleares anteriores, pelo serviço meteorológico sul-coreano, assim como pelo Centro Sismológico da Europa, Serviço Geológico dos Estados Unidos e agência meteorológica japonesa.
Reacções do Ocidente
Países como a França, Estados Unidos, Japão e Coreia do Sul condenaram o quinto teste nuclear realizado por Pyongyang. François Hollande “condenou veementemente” o quinto ensaio nuclear realizado por Pyongyang e apelou ao Conselho de Segurança das Nações Unidas a responder a esta violação das resoluções, informou a presidência francesa.
“A comunidade internacional deve unir-se face a esta nova provocação que ocorre depois de uma condenação unânime pelo Conselho de Segurança de testes balísticos efectuados pela Coreia do Norte na segundafeira”, acrescentou a presidência francesa em comunicado difundido após a confirmação por Pyongyang deste novo ensaio, “o mais potente até à data”, segundo Seul.
Já o Presidente norte-americano, Barack Obama, advertiu para as “graves consequências”, chamando os líderes da Coreia do Sul e Japão para consultas, depois da actividade sísmica detectada perto do centro de testes nucleares norte-coreanos, informou ontem um portavoz da Casa Branca.
“O Presidente disse que iria continuar a consultar os nossos aliados e parceiros nos próximos dias para garantir que as acções provocadoras da Coreia do Norte são respondidas com consequências graves”, disse o responsável para a imprensa na Casa Branca, Josh Earnest.
O primeiro-ministro nipónico, Shinzo Abe, considerou ontem, no final de uma reunião de emergência do Conselho de Segurança Nacional do país asiático, que o teste nuclear realizado horas antes pela Coreia do Norte constitui uma “grave ameaça” para a segurança do arquipélago.