Comércio com a China registou declínio
Moeda chinesa passa à plataforma de compensação nas trocas com os países lusófonos
O comércio entre a China e Angola caiu 27,69 por cento, entre Janeiro e Julho, altura em que atingiu os 9,0 mil milhões de dólares, com os chineses a venderem 942 milhões de dólares (60,64 por cento) e a comprarem do mercado angolano produtos avaliados em 8,05 mil milhões de dólares (-19,84), noticiou a agência Macauhub.
Nesse período, a China vendeu aos oito países de língua portuguesa bens no valor de 15,76 mil milhões de dólares (-30,84 por cento) e importou desses países mercadorias no montante de 35,73 mil milhões de dólares (-0,44), assumindo um défice de 19,97 mil milhões de dólares, de valor superior às exportações.
Com o Brasil, as trocas atingiram nos primeiros sete meses 38,23 mil milhões de dólares (-9,36 por cento), tendo a China vendido ao Brasil bens no valor de 11,60 mil milhões de dólares (-33,79) e comprado àquele país mercadorias no valor de 26,63 mil milhões de dólares (+8,0).
Portugal surge num terceiro lugar, distante, com trocas no valor de 3,14 mil milhões de dólares (+23,13 por cento), com o mercado português a importar da China bens no valor de 2,34 mil milhões de dólares (+41,21) e vendido mercadorias no montante de 799 milhões de dólares (-10,46).
O comércio chinês com Moçambique cifrou-se no período em 995 milhões de dólares (-28,92 por cento), com exportações chinesas no valor de 755 milhões de dólares (33,49) e exportações moçambicanas que atingiram 239 milhões de dólares (-9,23).
As trocas comerciais da China com os restantes países de língua portuguesa – Cabo Verde, GuinéBissau, Timor-Leste e São Tomé e Príncipe – atingiram 124 milhões de dólares nos primeiros sete meses do ano. Em Julho, o comércio entre a China e os países de língua portuguesa ascendeu a 9,8 mil milhões de dólares, um aumento homólogo de 9,52 por cento, com vendas da China no valor de 2,82 mil milhões de dólares (+12,34) e compras no montante de 6,98 mil milhões de dólares
Moeda chinesa
A internacionalização do renminbi em trocas transfronteiriças, em que Macau deve servir como plataforma de compensação, foi antecipada pela banca portuguesa e chinesa, oferecendo um leque de serviços em moeda chinesa às empresas nos países de língua portuguesa.
O aproveitamento da plataforma de Macau, bem como do centro financeiro de Xangai, para estímulo e cooperação entre a China e os países de língua portuguesa foi o tema de uma conferência, organizada pelo banco estatal português Caixa Geral de Depósitos (CGD), que juntou, a 5 de Setembro, em Lisboa, autoridades financeiras das duas regiões chinesas, além de executivos do sector financeiro e jurídico.
Também o Banco da China dispõe de um serviço integrado de compensação transfronteiriça de RMB, que inclui ainda depósitos em RMB no estrangeiro, empréstimos e diversos produtos financeiros em moeda chinesa.
A sua agência em Macau, dado o estreitamento das relações entre a China e o mundo de língua portuguesa, pretende assumir um papel importante na internacionalização do RMB, estando presente no Brasil, Angola e Portugal, um escritório de apoio às trocas com os países de língua portuguesa, que actua em parceria com a Caixa Geral de Depósitos.
Em Novembro de 2015, o FMI aprovou oficialmente a inclusão do RMB no cabaz de divisas (DSE), com um peso de 10,92 por cento, seguido do dólar e do euro, marco importante no processo de internacionalização da moeda chinesa, que se espera vir a conhecer um novo impulso na sua utilização com a iniciativa “one belt, one road”.
A conferência de Lisboa contou com a presença de Anselmo Teng, presidente da Autoridade Monetária de Macau, que sublinhou que a RAEM, está a estabelecer uma plataforma de compensação de RMB entre a China e Portugal, “podendo ser apoiados os procedimentos de internacionalização” da moeda chinesa e a “prestação de facilidades na compensação das transacções económicas e comerciais em RMB entre a China e países de língua portuguesa.”
O potencial de desenvolvimento na utilização transfronteiriça do RMB entre a China e os países de língua portuguesa é muito amplo, dado o actual nível das trocas comerciais, de mais de 98 mil milhões de dólares em 2015, adiantou Teng.
Zheng Yang, director do Shanghai Municipal Financial Services Authority, manifestou a intenção de promover novos produtos financeiros e pagamentos internacionais em RMB, “para reforçar o uso transfronteiriço e desenvolver negócios “offshore” naquela moeda, no que poderá ser “um novo factor de crescimento económico de Portugal.”
Outro objectivo, adiantou, é promover a cooperação financeira entre os países de língua portuguesa, podendo as instituições financeiras de Portugal e de Macau aproveitar esta vantagem da língua para aumentar o intercâmbio económico e comercial entre a China e países de língua portuguesa.