História de Angola em livro
“TETEMBWA YA DIPANDA” Cremilda Lima conta cenas da Independência a estudantes
A história de Angola registada na véspera da Independência é retratada pela escritora Cremilda de Lima, no livro infanto-juvenil, intitulado “Tetembwa ya dipanda”, apresentado ontem, na União dos Escritores Angolanos, em Luanda, numa cerimónia que contou com a presença de estudantes do I ciclo do ensino secundário.
O livro, cujo título em português significa “Estrela da independência”, é um retrato resumido de factos desencadeados pelos angolanos antes e depois da “dipanda”, visando o seu alcance.
A história relata o imaginário dos angolanos com ansiedade de verem o país livre do colonialismo, os aspectos marcantes dos momentos um dia antes da proclamação da Independência, em 1975, e os festejos dos seus 40 anos.
O livro tem um carácter pedagógico claro, a julgar pelo casamento entre a história e as ilustrações de Victorino Kiala.
A história começa com um conto sobre o ambiente de drama e conflito que o país viveu nas primeiras horas do dia 10 de Novembro e termina nas comemorações alusivas aos 40 anos da Independência.
O livro regista diálogos entre o soba Mukutu, personagem principal, e crianças e adolescentes, diante de um bolo com 40 velas, onde as 18 províncias se fazem representar com produtos oriundos das suas terras aráveis.
O octogenário divide as histórias que viveu e recolheu de antigos combatentes. O soba Mukutu apresenta, no final da história, uma preocupação às crianças sobre o futuro de Angola. A história marca a vida de todos os angolanos, daí a necessidade de dividi-la com os mais jovens, disse a escritora ao Jornal de Angola. Para Cremilda de Lima, a leitura é uma forma de melhorar os conhecimentos das pessoas e para que as crianças e jovens percebam isso é necessário haver incentivo e motivação dos adultos.
Os progenitores e professores têm as suas responsabilidades por serem encarregados de educação, mas o Estado deve apostar em políticas, reforçou a autora.
O livro, lançado no ano passado em Portugal, foi editado para comemorar os 40 anos da Independência.
Cremilda de Lima é autora dos livros “A colher e o génio de canavial”, “A kyanda e o barquinho de Fuxi”, “O maboque mágico”, “O embondeiro que queria ser árvore de Natal”, “A missanga e o sapupo”, “O nguiko e as mandiocas”, “A velha sanga partida” e “Mussulo uma ilha encantada”.
O director do Colectivo de Artes Ombaka, da província de Benguela, disse, ontem, ao Jornal de Angola, ser importante incentivar o debate, bem como a produção de mais peças de teatro sobre como viver na diferença, em sociedades conservadoras.
Mileto Jonatão Chiambo explicou que um dos maiores problemas das sociedades “tradicionais” é aceitar o que está fora dos padrões, razão pela qual é proposta a peça “O elevador”, que o Colectivo Ombaka exibe hoje e amanhã, às 20h00, no Cine Momumental, em Benguela, no âmbito da sua digressão pelas províncias.
A peça narra a história de uma prostituta, um homossexual, um claustrofóbico, uma crente, um autista e um técnico de elevador, que partilham as suas experiências num único lugar: o elevador.
A peça, explica o responsável, é representada por sete actores e tem a duração de 45 minutos, nos quais cada personagem manifesta as suas inquietações e a falta de preparo para viver e aceitar as diferenças partidárias, sociais, culturais, religiosas e económicas.
Durante a “viagem” no elevador, há uma paragem súbita, gerando no sítio um conflito de gerações e um choque cultural entre o moderno e o tradicional, cuja discriminação torna-se o foco dos acontecimentos, disse Mileto Chiambo.
Assente em factos reais, a peça é uma tentativa de chamar-se atenção à importância do respeito mútuo, por ser possível alcançar-se um bom convívio com o outro diante das diversidades culturais e opções de vida.
Vencedor da primeira edição do Prémio Provincial de Benguela, na categoria de Teatro, em 2014, o Colectivo de Artes Ombaka quer um maior dinamismo e impulso do empresariado local, quanto às actividades ligadas às artes cénicas na terra das “acácias rubras”, em particular o teatro.
O Colectivo de Artes Ombaka foi formado no dia 5 de Março de 2005, em Benguela, e tem vários prémios conquistados em festivais de teatro, além de participação nos festivais do Cazenga, da Paz (Luanda), Mostra de Esquete Teatral no (Brasil), no Internacional de Teatro do Inverno de Moçambique, em 2014, Voz África e Efetikilo, ambos da província do Huambo.
O grupo dedica-se também à realização de espectáculos de dança na cidade de Benguela, sendo a conquista de um prémio nacional ou internacional de teatro um dos seus objectivos, por forma a consagrar a sua carreira e dar um outro prestígio às actividades desenvolvidas ao longo da sua existência.