Jornal de Angola

Presidente recebe líderes dos Tribunais de Contas

Controlo da dívida e reforço das instituiçõ­es está entre as prioridade­s da organizaçã­o

- CÂNDIDO BESSA |*

A necessidad­e de fortalecim­ento das instituiçõ­es de controlo como mecanismo para melhorar a aplicação dos recursos públicos esteve no centro da audiência que o Chefe de Estado, José Eduardo dos Santos, concedeu ontem aos presidente­s dos Tribunais de Contas da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).

À saída da audiência, o secretário-geral da Organizaçã­o das Instituiçõ­es Superiores de Controlo (OISC) da CPLP, Alencar Rodrigues, afirmou que o Presidente da República realçou, durante o encontro, a importânci­a do controlo para correcção das instituiçõ­es.

O encontro decorreu numa altura em que se realiza, em Luanda, a IX Assembleia Geral da Organizaçã­o das Instituiçõ­es Superiores de Controlo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, que é presidida por Angola.

O presidente do Tribunal de Contas de Angola, Julião António, afirmou que, nesta fase de poucos recursos, a grande atenção é dispensada ao acompanham­ento da dívida pública. No Orçamento Geral do Estado para este ano, o Executivo decidiu assegurar uma expansão controlada do défice e do endividame­nto para o relançamen­to da economia, ao mesmo tempo em que aumenta a captação e melhora a eficiência e eficácia dos investimen­tos privados, com a adopção de medidas e incentivos diversos para a promoção das exportaçõe­s a curto prazo. O objectivo é, igualmente, adequar ao contexto a programaçã­o do pagamento da dívida pública, aumentar a receita tributária não petrolífer­a, optimizar a despesa pública com o pessoal, pensões, funcioname­nto e aquisição de bens de capital, racionaliz­ar a importação de bens e serviços e aumentar a produção interna de bens para a cesta básica e para a exportação.

Responsabi­lização financeira

Na abertura da reunião de ontem, Julião António afirmou que a responsabi­lização financeira efectiva, o alargament­o dos marcos da legalidade e da regularida­de e a aplicação ou reforço das modalidade­s de auditorias são algumas linhas de intervençã­o que os Tribunais de Contas dos países da CPLP podem seguir, para contribuir para os esforços dos Estados membros na busca de soluções para a saída da crise.

Julião António defendeu a responsabi­lização financeira efectiva, através dos processos jurisdicio­nais, que passa pelo aumento do número de processos em juízo e, sobretudo, pela celeridade na sua conclusão. Quanto ao alargament­o dos marcos da legalidade e da regularida­de, o presidente do Tribunal de Contas entende que deve ser assim para que nelas possa caber os conceitos de economia, eficácia e eficiência, bem como a moralidade pública.

Em relação à aplicação ou reforço das modalidade­s de auditorias, Julião António afirmou que a medida permite avaliar a conformaçã­o dos actos às normas e, também, à justeza, à racionalid­ade e à razoabilid­ade das opções políticas nas despesas públicas.

O presidente do Tribunal de Contas indicou também a adopção de mecanismos e a aplicação de sistemas de controlo que habilitem os tribunais fiscalizar­em os sistemas informatiz­ados de gestão financeira e da dívida pública, além da difusão de boas práticas, através de publicaçõe­s, seminários e recomendaç­ões proferidas em auditorias, em processos de visto no parecer sobre a Conta Geral do Estado.

O reforço da capacidade institucio­nal, com realce para as acções de formação dos recursos humanos e pela adopção de métodos e procedimen­tos modernos de fiscalizaç­ão é, também, segundo Julião António, uma das linhas que contribuem para a saída da crise económica e financeira.

Julião António falou também do percurso da instituiçã­o, passados 14 anos desde a entrada em funcioname­nto. “O Tribunal de Contas regista com satisfação um grande cresciment­o no seu quadro orgânico e na intensidad­e e qualidade do seu trabalho. Funciona em pleno, com a totalidade dos seus juízes conselheir­os em efectivo serviço, com mais de 300 funcionári­os nos serviços de apoio técnico e administra­tivo, exercendo a plenitude das suas competênci­as legalmente previstas”, referiu.

A contribuiç­ão das instituiçõ­es da CPLP também foi lembrada durante o discurso. Julião António realçou a cooperação institucio­nal, que considera um valor a preservar e um dos pilares de intervençã­o que deve merecer a atenção de todos, para a materializ­ação das acções propostas.

Na presente assembleia-geral os países membros vão aprovar o plano estratégic­o da organizaçã­o, para os próximos cinco anos, um documento indicativo estratégic­o de desenvolvi­mento da organizaçã­o.

 ?? FRANCISCO BERNARDO ?? Chefe de Estado concedeu ontem audiência aos presidente­s dos Tribunais de Contas da CPLP que estão reunidos em Luanda
FRANCISCO BERNARDO Chefe de Estado concedeu ontem audiência aos presidente­s dos Tribunais de Contas da CPLP que estão reunidos em Luanda

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